Capítulo V

13 1 0
                                    

Acordei não sei que horas, pois olhei em meu celular e infelizmente a bateria estava descarregada. Rafa ainda estava dormindo.
- Idéia! - sussurrei para mim mesma.
Ontem, quando fomos pegar a bebida na geladeira, eu ví dois tubos sprays de chantily!
HAHAHAHA COMO SOU MAAAL!
Desci as escadas quase semi-nua, já que fui dormir com somente uma camisa, com um número na frente, e claro com minhas roupas íntimas. Cheguei na cozinha e abri a geladeira, e lá estavam os dois tubos! HAHAHAHAHAHA!
Voltei para o quarto em silêncio, fechei a porta e pulei em cima dela, jogando chantilly na mesma.
- BOM DIA RAFAA!!!!
- PARAAAAA!!!
Eu estava rindo como uma retardada, e felizmente, ela também. E como sou fraca, ela acabou conseguindo me jogar no chão.
- NÃÃÃÃOOO! - gritei.
- SIIIIIIIIIIM! - ela gritou.
Quando ela apertou o spray, nada saiu, felizmente, eu havia jogado todo o chantilly nela.
- Bobona! - ri.
- A é?
Ela me abraçou, fazendo com que todo o chantili que estava nela, também ficasse em mim.
- Não sei porque invento de fazer essas coisas, eu sempre me ferro no final! - ri.
- Verdade! - riu.
Ela me soltou do abraço.
- Vou tomar banho primeiro! - disse ela saindo correndo para o banheiro.
Ri. Desci as escadas e peguei um pano qualquer, molhei e torci o mesmo para deixa-lo húmido. Peguei uma colher também, não vou jogar fora todo aquele chantilly. Chegando no quarto me sentei na cama e com a colher fui comendo o chantilly.
- Nefertari. - falou Rafa.
- Diga?
- Pega a toalha pra mim? - ri.
Me levantei e peguei uma toalha no guarda-roupa dela. Ela abriu a porta deixando somente sua cabeça a mostra, a entreguei.
Ela fechou a porta e eu voltei para a cama.
Enquanto comia, observava o vento que entrava pela janela do quarto, mostrando que o sol não iria sair hoje. Rafa saiu do banheiro enrolada na toalha e olhando com uma cara de dúvida para mim.
- Você não está fazendo isso! - disse Rafa.
- Estou! - sorri.
Ela se sentou ao meu lado e pediu um pouco.
- Não acha que já comeu demais não? - brinquei.
- Não! - riu.
Ela tomou a colher de mim e começou a comer.
- Quando acabar de comer, passa esse pano húmido na sua cama. - pedi.
- E se eu estiver com muita preguiça?
- Você terá que dormir no melado essa noite.
- Droga!
Peguei minha toalha e entrei no banheiro.
Após o banho, coloquei meu celular para carregar. A Rafa queria terminar de me ensinar a dirigir. Olhei pela janela e adivinha quem quis aparecer? Isso, o sol! Cidade de São Paulo, mais bipolar que eu. E lá fomos nós duas para a garagem.
- Hoje você tira o carro. - ela disse já entrando pela porta do passageiro.
- Tudo bem, mas se eu bater, a culpa não é minha! - disse entrando no carro.
Fiz os procedimentos que havia aprendido no dia anterior e saí com o carro.
Após uma volta rápida, que durou mais ou menos vinte minutos, ela inventou de fazer baliza.
- Vai dar merda, vai dar merda, vai... - cantarolei.
- Que nada, você tem que aprender a estacionar.
- Está bem, mas se der merda, a culpa é sua.
Ela apenas sorriu. Após uma baliza básica, sem cones, apenas com quatro vassouras que improvisamos na rua. Duas vassouras se apoiavam umas nas outras, e como a maioria dos leitores devem saber, duas na frente do carro e duas atrás do carro. Eu teria que sair dali sem tocar nas vassouras, e depois estacionar ali no meio sem tocar nas vassouras. Para mim, era muito difícil.
Estava soando, o sol estava meio quente demais. Eu estava com um shorts claro desfiado e um cropped preto e estava descalça. E mesmo assim, estava com calor.
Uma hora se passou. Eu saía dali com facilidade, agora para estacionar que me complicava a vida. Derrubei muitas vezes as vassouras. Estava exausta, com calor, e quase me decompondo ali dentro.
- Esse carro não tem ar condicionado não? - perguntei a Rafa.
- Tem.
- EU ESTOU AQUI, SOANDO FEITO UM ASTRONAUTA QUE FOI VISITAR O SOL, QUASE VIRANDO SORVETE DERRETIDO, E VOCÊ NÃO ME AVISOU?
- É!
Ri.
- Rafa, ligue o ar condicionado por favor? - pedi fazendo a voz calma, suave e lenta.
- Claro! - sorriu.
Ela ligou o ar e fechou as janelas.
- Estou muito agradecida senhorita Rafaela Edwards.
- Por nada senhorita Nefertari Stilerst.
Rimos. Após alguns poucos minutos, finalmente consegui estacionar.
- Aleluia, aleluia, aleluia... - cantarolamos juntas.
Rimos.
- Mais umas vezes. - disse Rafa.
- Hoje estou pagando todos os meus pecados! - sorri.
Ela retribuiu o sorriso.
Após algumas vezes novamente tentando estacionar, e dessa vez, conseguindo. Quando ia tentar pela última vez, uma viatura para ao nosso lado e o policial bateu na janela em que eu estava.
- E agora Rafa? - estava assustada.
Não estávamos com nossos documentos.
- Apenas me observe! - sorriu.
Ela ajeitou o decote dela e o meu também, fazendo com que nossos seios aparecessem um pouco mais. Eu abaixei a janela.
- Pois não? - disse Rafa.
- As senhoritas tem documentos? - perguntou o policial.
- Temos, mas não estão aqui conosco! - disse Rafa.
Eles encostaram e um dos policiais desceu do carro.
- Quer nos revistar? - perguntou Rafa com cara de maliciosa.
Ele se aproximou um pouco mais de nós e sussurrou:
- Infelizmente, não posso! - piscou com um olho.
Sorri, mas na verdade queria rir até explodir, porque? Porque o policial era gordo, careca e com uma verruga embaixo do nariz. E devia ter uns cinquenta e oito anos.
- Uma boa tarde gatas! - disse o guarda.
- Igualmente! - disse Rafa.
Ele entrou na viatura e foi embora. Caímos na risada, quase morremos de rir.
- Ai meu pâncreas! - disse rindo.
Rafa riu mais.
- Ai meu Deus, preciso ir no banheiro! - disse Rafa saindo correndo do carro.
Ri. Enquanto a esperava uma menina se aproximava do carro, e infelizmente, eu a reconheci.
- Oi Nefertari! - me comprimentou.
- Oi Gabriella.
- O que está fazendo no carro da mãe da Rafa? - perguntou-me.
- Acho que vim comprar carne aqui dentro.
- Como você é ignorante.
- Não sou ignorante, é meio óbvio que estou dirigindo.
- Legal, onde está a Rafa?
- Foi mijar.
- Nossa, que educada você não?
- Não fui mal educada, mijar não é um chingamento!
- O.k., agora, quero a Rafa.
- No meu bolso ela não está!
- Vou embora, já vi que não sou bem vinda.
- Parabéns, você descobriu! - bati palmas sarcasticamente.
Ela deu as costas e foi embora. Após uns mínimos minutos a Rafa chegou.
- Ai meu Deus, ri muito! - disse Rafa ainda rindo.
Ri. Ela ficou me olhando.
- Te conheço a pouco tempo, mas sei que você está brava com alguma coisa. - disse Rafa.
- Gabriella, sua amiga, veio aqui.
- E por que ela não me esperou?
- Porque... Não gosto dela.
- Por que?
- Não fui com a cara dela, ela parece ser muito falsa.
- Tudo bem, nenhum dos meus amigos gosta dela também.
- Rafa, estou com um mal prescentimento, ela não é uma boa amizade para você!
- Ela é sim, você não a conhece direito.
- Depois, não diga que não avisei!
Ela não era uma pessoa legal como diz Rafa, ela é simpática com a Rafa, mas com os outros é uma sebosa, ela não é uma pessoa normal, sinto que ela tem alguma coisa a esconder.
Após mais alguns treinos, já havia aprendido tudo, só as regras e placas de trânsito que vou aprender na auto escola.
Rafa insistiu para irmos a uma balada que iria ter ali perto, o dono do lugar é amigo dela, isso significa que entraríamos de graça. Eu topei, fazia tempo que não ia a alguma balada.
Iria começar às onze da noite, não vou beber, amanhã tem faculdade.
Resolvemos jogar uno enquanto não dava a hora de nos arrumarmos.
Certo tempo depois, fomos nos arrumar. Tomei um banho meio demorado, pois iria lavar meu cabelo.
Após mais ou menos uma hora e meia, já estava pronta, vestido preto médio, ia até um pouco acima da metade da coxa, colado no corpo, o decote ia até minha barriga, realçava bastante meu corpo, é daqueles que não se usa com sutiã sabe? Um salto preto, meu cabelo deixei natural, apenas sequei, maquiagem básica da noite e um batom vermelho.
- Vamos baixinha? - ouvi um grito vindo da sala.
Desci as escadas e ela ficou me olhando.
- Tem uma baba aí! - comentei.
Ela passou o dedo no canto da boca, e só depois foi perceber minha piada inútil.
- Idiota! - riu - Você está linda!
- Você também!
Ela realmente estava linda, vestido branco, também ia até um pouco acima da metade da coxa, estilo balonê, o decote realsava seus seios, as alças eram de renda preta, e também eram de renda o babado e o decote do vestido, e um salto preto.
- Vamos? - perguntei.
- Vamos. - afirmou Rafa.
Peguei meu celular e saímos a caminho da balada. Após dez minutinhos, já estávamos na porta da balada.
- Oi Pedro! - Rafa comprimentou o rapaz que estava na porta do local.
- Oi Rafa! E quem é sua amiga? - perguntou o rapaz me medindo por inteira.
- Sou Nefertari, prazer! - comprimentei-o.
- Gata, para mim, prazer é só na cama! - sorriu malicioso.
Olhei para Rafa e nós rimos, não por causa da cantada (tenho que confessar, foi uma bosta essa cantada também), mas sim porque lembramos do policial.
- Menos Pedro! - disse Rafa.
Ele riu.
- Entrem. - abriu o negócio que não sei o nome - Inclusive, estão lindas!
- Obrigada! - eu e a Rafa dissemos juntas.
Entramos e estava lotado, haviam muitas pessoas, pessoas dançando, pessoas bebendo, garotas se esfregando em garotos, garotos se esfregando em garotas, garotas se esfregando em garotas, garotos se esfregando em garotos, que coisa linda! (Sentiu a ironia?).
- Rafa, não vamos be... - olhei para Rafa e ela não estava mais ao meu lado.
Olhei em meio a multidão e nada, olhei em direcção ao bar, e adivinha quem estava lá? Sim, a ser humana feliz, doida para se embreagar. Fui até ela.
- Rafa, amanhã tem faculdade, por favor, não beba. - pedi.
Amanhã tem faculdade, se ela beber, vai estar numa ressaca linda.
- Tudo bem, vou beber com moderação. - disse Rafa.
- Não vai dar certo!
- Vai sim, relaxa! - disse ela.
- Vem, vamos dançar!
Puxei-a para o meio da multidão e começamos a dançar, era uma música animada, então estávamos como duas retardadas ali. Do nada, senti mãos tapando meus olhos, passei minhas mãos sobre aquelas que estavam em meu rosto, e não acredito nisso!
- RICK! - me virei.
- Oi baixinha!
Um sorriso surgiu em meu rosto, de orelha a orelha, e o abracei. Mas, o que ele está fazendo aqui? Era pra ele estar nos Estados Unidos não era? Ouvi alguém tocir do nosso lado. Soltei o Rick do abraço.
- Nefertari, essa é Juliana, minha namorada, amor, essa é Nefertari, minha amiga! - nos apresentou.
- Prazer! - estiquei minha mão direita para comprimenta-la.
- Gata, prazer é só na cama! - ignorou meu comprimento.
Abaixei minha mão e dei um sorriso falso. Acho que hoje é a noite dessa frase.
- Não gostei dela. - disse na frente da tal Juliana.
- Estamos quites! - Juliana sorriu e piscou para mim.
Devolvi o sorriso com o máximo de ironia que pude.
- Amor, vamos, quero dançar! - disse Juliana para o Rick.
- Esperem. - disse.
Peguei a Rafa que estava dançando sozinha.
- Essa é Rafaela, minha amiga, Rafa, esse é Rick meu amigo e Juliana namorada dele.
- Oi gente! - disse Rafa comprimentando-os com beijos na bochecha.
- Muito legal, agora, vamos dançar! - disse Juliana puxando o Rick.
Ele se soltou dela e me abraçou.
- Até mais minha pequena!
- Até mais meu grandão!
Nos soltamos e ele foi dançar com a tal putiane... Quer dizer, Juliana. O que ele está fazendo aqui no Brasil? Não que eu não esteja contente, muito pelo contrário, estou muito feliz!
Rafa me puxou e voltamos a dançar, quando vejo, no meio do povo todo, ele, sim ele, ele sim, sim ele, ta parei, ele, Chris!
- Rafa, olha quem ta ali. - disse apontando para o Chris.
- Seu namorado! - disse Rafa.
- Não é meu namorado! - sorri.
Fomos até ele, ele nos olhou dos pés a cabeça.
- Nossa! - disse ele.
Sorrimos.
- Vamos dançar? - ele perguntou para mim.
- Claro! - sorri.
Quando chegamos no meio do povo, começou a tocar Ed Sheeran - Photograf.
Ele colocou suas mãos em minha cintura, e automaticamente minhas mãos entrelaçaram ao seu pescoço, nossos corpos se colaram, nossos olhares se cruzaram, quando de repente ele quebrou o nosso silêncio.
- Você está linda!
- Você também. - realmente.
Ele estava lindo, uma calça preta, um tênis da Quik Silver, uma camisa regata branca com um desenho de uma série que esqueci o nome, aquela regata  realsava seus músculos.
Uma pena que não podemos ficar assim todos os dias, colados, com a mente no mundo da lua como a minha está agora, com meus olhos cor de mel e os seus totalmente escuros se olhando, com nossas bocas perto uma da outra quase...
Fui interrompida dos meus pensamentos quando alguém esbarrou em mim.
- Você não olha por onde... - se interrompeu.
Era um menino bonito, mas aparentemente metido.
- Desculpa gata! - disse olhando para mim.
- Não foi nada. Voltei minha atenção para o Chris, quando ele ia pegar em minha cintura senti alguém me abraçar por trás e algo duro em minha bunda.
- Vamos ali gata? No cantinho, só nós dois? - beijou meu pescoço.
Quando menos esperei os braços do rapas se soltaram de mim e ele caiu no chão com o nariz sangrando.
- ESTÁ FICANDO MALUCO? - gritou Chris.
Todos olharam em nossa direcção.
- MALUCO TÁ VOCÊ SEU FILHO DA...
Chris não deixou ele terminar a frase, subiu em cima dele e começou a acerta-lo com vários socos em seu rosto. Tentei tira-lo de lá mas como sempre minha tentativa de ser forte foi inútil. Por sorte do cara o Chris saiu de cima dele.
- CHINGA A MINHA MÃE PRA VOCÊ VER SE EU NÃO ARRANCO O RESTO DOS SEUS DENTES!
Dois seguranças chegaram e seguraram o Chris.
- Me solta por favor, eu mesmo faço questão de ir embora. - disse Chris tentando soar calmo.
Seu rosto expressava raiva, ódio.
- Chris espera! - coloquei minha mão em seu ombro.
Ele se virou.
- Nefertari, vou embora, minha noite acabou.
- Chris, tem certeza? - perguntei.
Eu estava tão bem quando estava dançando com ele, parece que todos em volta haviam sumido, até a Rafa. Ei, cadê a Rafa?
- Tenho, mas antes... - não terminou a frase.
Quando eu menos esperei, fui surpreendida com um beijo. Novamente todos sumiram, só estávamos eu e Chris naquela balada, até tinha música de fundo Wiz Kalifa - See you again. Eu estava me sentindo no mundo da lua.
Fomos separados por um segurança que o levou embora. Eu fiquei ali plantada pensando no beijo, até me lembrar que Rafa havia sumido. Olhei em direcção ao bar e ótimo, ela não estava lá. Como iria acha-la no meio daquele povo todo?
- Rafa? - saí chamando todos de Rafa.
Até um rapaz responder.
- Sim? - me olhou de cima a baixo.
- Estou procurando minha amiga Rafaela.
- Desculpe, é que me chamo Rafael. - sorriu.
- Tudo bem! - sorri.
- Até mais! - sorriu.
- Até mais. - sorri.
Voltei a procurar a criança feliz e vi uma rodinha de pessoas. Fui até lá para saber o que estava acontecendo. Eu curiosa? Nem um pouco!
Percebi que todos estavam gritando: "-BEIJA! BEIJA! BEIJA!"
Beijar quem gente? Não estou entendendo!
Quando consegui ver o que estava acontecendo pude ver Rafa no meio da roda se aproximando de uma garota.
- AAAEEE!!! - todos gritaram.
Elas se beijaram e eu ri. Rafa Com certeza estava bêbada. "Nefertari, mas você sabe que ela é lésbica, como você sabe que ela está bêbada?"
Ela está com uma garrafa de 51 na mão. Isso gente, ela está muito bêbada.
Quando menos esperava a mão da menina foi parar na bunda da Rafa, e por baixo do vestido.
- Nossa! - ri.
- Abusada não? - disse uma menina ao meu lado.
- Bastante! - sorri.
- Prazer sou Amanda! - sorriu.
- Nefertari, prazer é todo meu! - devolvi o sorriso.
- Conhece a de branco? - perguntou-me.
- Conheço, minha amiga, Rafaela.
- A de vermelho é minha amiga, Laisa.
Nós rimos.
- Está esquentando mais isso aqui! - sorri.
- Também acho! - riu.
A mão de Rafa já estava no seio da menina Laisa, sorte que está por fora. A Rafa deu uma apertadinha e a menina sorriu enquanto elas se beijavam. Felizmente elas pararam o beijo.
- Me passa seu número? - pediu Laisa a Rafa.
- Claro princesa! - sorriu Rafa.
Rafa passou seu número para a menina e elas se despediram com um selinho. Fui até Rafa segurando na mão dela e a puxando para fora da balada, ela já estava mais bêbada que a própria bebiba.
- Você viu ela? - perguntou Rafa.
- Ela quem? - olhei em volta.
- A Laisa! Ela é Linda! Engraçada! Perfeita! - sorriu.
- Vi, realmente ela é linda! - sorri.
- Sai que ela é minha! - disse Rafa.
- Sou hétera sua maluca! - ri.
- A é, verdade! - riu.
Meus pés já estavam doendo então eu tirei meu salto, a Rafa também. O caminho todo ela não parava de falar na Laisa, fico feliz por ela! :)
- Rafa cadê a chave? - perguntei encostando na porta.
- Que chave? - ela riu.
- Chave da porta! - disse séria.
- Não estou com a chave! - riu.
- Calma Nefertari, pensa. - disse para mim mesma.
Olhei para cima e a janela do quarto da Rafa estava aberta, mas, é muito alta e não da pra subir. Olhei para o quintal do vizinho e lá tinha uma escada.
- Fica aqui. - disse a sentando no chão.
- Claro que vou ficar aqui, para onde que eu vou? - riu - Eu vou, eu vou, pra casa agora eu vou, pararatimbum... - cantarolou.
Não resisti e ri também.
Fui andando até a cerca do vizinho que é até minha cintura, infelizmente terei que levantar um pouco mais meu vestido, se não rasgará, e o dinheiro da minha mãe não é capim. Levantei um pouco mais o vestido até aparecer um pouco de minha bunda, segurei na cerca e dei um pulo.
- UHUUL, GOSTOSA! - Rafa gritou.
- Shhhhhh! - fiz com o dedo na boca em sinal de silêncio.
- Shhh, tá bom, não falo mais nada! - ficou emburrada.
Eu ri baixo e fui andando lentamente até a escada, era pesada e eu sou fraca, mas ou eu pego a escada ou dormimos para fora de casa, então eu escolho... Dormir para fora de casa. Brincadeira, eu escolho a escada.
Peguei a escada quase morrendo e fui andando até a cerca. Passei a escada por cima da cerca e pulei a mesma, peguei a escada e fui andando até abaixo da janela de Rafa, ergui a escada.
- Rafa vem aqui! - sussurrei.
Ela veio cambaleando até mim.
- O que você quer? - perguntou quase gritando.
- Silêncio, olha, você vai subir e abrir a porta para mim o.k.?
- Tudo bem.
- Cuidado, por favor!
- O.k.
Ela subiu as escadas normalmente e pulou a janela do seu quarto.
- Espera aí! - disse para mim.
Peguei a escada e a coloquei no mesmo lugar em que estava. Na volta, pulei a cerca e arranhei minha perna.
- Ai merda! - sussurrei.
- Ou! - disse Rafa.
Olhei para a mesma que estava na porta da casa dela e entrei na casa, ela trancou a porta e subimos para o quarto dela. Entreguei uma toalha a ela.
- Vai tomar um banho.
- Não mãe!
- Vai Rafaela! - disse com um ar de brava.
- A que saco! - foi reclamando.
Eu ri. Fico feliz por ela ter encontrado a Laisa, ela parece ser uma pessoa muito legal.
Esperei a Rafa terminar o banho e a entreguei o seu pijama.
- Se troca e deita, vou para casa.
- Não vai não, as ruas estão completamente escuras, estou bêbada mas tenho noção do perigo! - disse Rafa.
Pensei um pouco.
- Você tem razão! - afirmei.
E ela tinha mesmo, não posso me entregar de mão beijada para o perigo.
Peguei minha toalha e fui ao banheiro. Após o banho, me troquei e me deitei no colchão no chão, onde estava dormindo os dias em que estava ali, mandei uma mensagem para a minha mãe avisando que da casa da Rafa já iria a faculdade, bloqueei meu celular e adormeci.

O Problemático Do Meu VizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora