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Ana não conseguia conter sua animação para o show, ela tentara fazer com que eu decorasse ao menos uma música inteira, porém, para a sua infelicidade, consegui somente metade  de Balaclava, que por sinal era muito boa. Minha mãe aprovara o meu relacionamento com os caras da banda, pois aliás, "isso poderia trazer algumas outras oportunidades futuramente", ao ouvir tal frase, não pude deixar de revirar os olhos. 

- E., eu preciso saber se rola algo entre você e o Matt.-  Ana me surpreende com tal pergunta ligeiramente direta. Não consigo conter minha risada e ela me lança um olhar desconfiado. Realmente, eu não tinha absolutamente nada com o Matt além de uma quase amizade, eu o achara simpático e com certeza ele era bonito, porém, se minha amiga mostrou interesse, passe verde para ela, vermelho para mim. 

- Ana, você sabe que eu acabei de terminar um namoro, eu não penso em namorar ou algo do tipo neste momento, e cara, como assim você não me contou que curtiu ele? Eu poderia ter passado seu número para ele! Miga, vai na fé, você encanta qualquer cara.

- Emma, eu não disse em namoro, só pensei que rolava um clima entre vocês, mas eu com toda a certeza não quero que você passe meu número para ele. Quero que ele venha atrás de mim, afinal essas roupas não foram baratas. - Ana faz uma pose totalmente "sensoal" na frente do espelho e se joga em minha cama. 

- Minhas roupas, né senhorita. Não sei como serviu em você, sendo que eu sou bem mais gordinha. 

- Gordinha o teu rabo, vai se arrumar, pois nós vamos arranjar uns gatinhos indies naquela merda. 

Eu me levanto e olho-me no espelho. Ana era com certeza mais gata e com um corpo melhor que o meu. Meus cabelos são do liso ao enrolado, numa cor entre o castanho claro ao um ruivo suave, meus olhos com tons ligeiramente esverdeados não entram em contraste com meu rosto com traços mais marcantes. Na minha opinião, eu estou acima do peso (a balança confirma isto), mas acho que toda gordura está acumulada nas pernas e na merda do meu braço, JESUS, ninguém merece um braço grandinho e desproporcional ao resto do corpo. Vou ao meu guarda-roupa e pego uma meia calça com alguns rasgos, um shorts jeans curtinho e uma camiseta cinza da Marvel, que eu obviamente comprei na área masculina. Ao vestir a roupa, Ana me olha com desaprovação, dizendo que eu ficaria linda com uma camiseta decotada ou justa. Mando ela para o inferno, passo meu perfume e peço para ela fazer uma make leve em mim. O resultado? Estou parecendo o Coringa. Okay, nem tanto assim, mas eu tiro o excesso de base e pó, escolho uma outra cor de batom, e esfumaço mais os olhos. 

- Certo, eu não queria admitir, mas gata, você ta sensacional. Sua make ficou tão melhor que a minha. Eu queria ser como ti, Emma, olha essa personalidade, miga, você é inteiramente alternativa e estilosa, socorro. - Olho para Ana com uma expressão de como se eu não concordasse com metade das coisas que ela disse, mas pulo em cima dela e a abraço carinhosamente. Minha mãe bate na porta e diz que já estamos atrasadas, logo, ela já pediu um táxi e ele já estava em frente a nossa casa.

- Céus, o que eu fiz para te merecer? Eu te amo mãe, obrigada, mas será que você pode me dar dinheiro? 

- Emma, pega o teu, pois eu sei que você tem guardado, porém eu já paguei o cara do táxi para buscar vocês 01:00. - Nós nos despedimos e entramos no táxi. 

- Tinha que ter um porém, como sempre. Que droga, e se tiver alguma festa para nós irmos? - sussurro para Ana.

- A gente pensa em algo, agora só tenho que me acalmar.- não se passa nem um minuto quando ouço minha amiga berrar ao meu lado- CARA, EU NÃO CONSIGO. 

- Jesus menina, vou ser obrigada a te estapear. Para de frescura, é só um show.

- Não é apenas um show, é um espetáculo dos Monkeys, queridinha.

- Certo, certo. Já sei porque você está assim. Ti é uma menina casta. - digo em tom sério, porém Ana sabe que estou brincando. Sua família é bem ortodoxa, porém sua mãe é bem de boas em relação a sair, mas seu pai mal pensa que sua única filha já beijou algumas bocas por aí. O taxista nós olha com curiosidade e eu mostro o dedo do meio para ele. Ana dá um tapa em minha mão e o cara simplesmente ri.

- Chegamos. - diz ele. Enfim eu noto seu rosto e percebo que ele é alguns anos mais velho que nós. 

- Olha, eu tenho uma proposta para você. - o motorista levanta suas sobrancelhas, levemente surpreso, mas não fala nada em resposta, então decido continuar. - Você fica com o dinheiro que minha mãe lhe deu para buscar a gente, mas você não vem. Simples assim.

- Por que eu faria isso?

- Ué, você vai ganhar mais dinheiro assim. Então ta fechado, certo? 

Não dou tempo para ele responder e já saio do carro puxando Ana comigo que parecia surpreendida com o que havia acabado de acontecer, em resposta, lanço um sorrisinho. Chegamos na entrada e o funcionário do local logo nos pede os ingressos. Ana procura em sua bolsa e me olha desesperada. Dou um sorriso amarelo para o moço, e falo que nós esquecemos em casa. Ele não acredita (quem iria acreditar?) e fala para nós sairmos antes que ele chamasse o segurança. Mando ele ir a merda e obviamente, ele chama um segurança. Ana já estava lá fora quando o segurança chegou em mim e tentou me carregar. 

- VAI SE FERRAR. Me solta, cara, eu sei andar sem você, obrigada. - em resposta de minha grosseria ele me joga no chão. Todos ao redor estavam olhando para a cena e eu levanto como se nada tivesse acontecido, porém, era inevitável evitar de olhar para os meus joelhos sangrando e sujando a minha meia-calça. 

- Emma, você é burra ou o quê? - Ana estava rindo de mim e eu me junto a ela.

- Sou uma grande amiga, eu estava tentando entrar, porém, querida, hoje é o seu dia de sorte - digo sorridente ao olhar meu celular que tinha uma nova mensagem de Matt. Ligo para ele que logo nos manda  ir para a entrada dos camarotes.

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