PRIMEIRO OLHAR

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2012

Quando somos pré-adolescentes, muita coisa muda em nossa vida, são novas descobertas, novas amizades, é como se a vida se transformasse por completo, ou quase isso, nos achamos responsáveis para algumas coisas, e muito jovens para outras. Tipo achamos totalmente vergonhoso quando os pais nos levem à na escola no primeiro dia de aula, mas vagamente sentimos saudades quando dormimos no sofá e acordamos ainda ali, significando que já estamos grandes demais para sermos levados no colo para nosso quarto. A mudança na pré-adolescência é só o começo de tudo, surgem aquelas espinhas tão temidas pelas meninas, a voz dos garotos começa a mudar, e por um tempo ficando muito engraçada por sinal, mas nada se compara as paixões. Ah, aquelas malditas paixões, que mexem com a cabeça de todos nós, que estamos tão despreparados para elas. Eu assim como a grande maioria das meninas da minha idade penso que os meninos são meio lerdos, eles demoram demais para amadurecer, obviamente não posso generalizar nisso, mas é assim que penso, e acontece com a maioria dos garotos que conheço.

Todos fomos alvos de algum cupido, algum dia, e quem graciosamente não foi, ainda há de ser. E comigo não foi diferente, mas definitivamente o meu cupido estava zangado comigo, ou não era muito habilidoso com seu arco e flecha, e acabei sofrendo muito por paixonites, mas algum dia o meu querido cupido havia de acertar.

Era uma tarde ensolarada, fazia um calor insuportável, nem mesmo uma brisa passava para refrescar, e para melhorar eu estava em ferias escolares, que é um sinônimo de tédio sem tamanho, quando se está presa em casa. Neste dia lembro-me de ter passado boa parte do meu dia jogada no quarto lendo os amados livros de minhas series favoritas, deixando a imaginação voar solta, mas o calor realmente me incomodava, então tive a brilhante ideia de correr para a geladeira e me afundar em um pote de sorvete, que virá ali um pouco mais cedo, foi realmente maravilhoso quando abri o congelador, e vi dois potes esperando por mim, meus olhos brilharam, mas a felicidade durou pouco, era apenas feijão congelado. Apesar de estar um tanto frustrada, não me dei por vencida, e voltei ao quarto para me preparar para ir à sorveteria comprar meu sorvete favorito. Rapidamente tomei um banho, escolhi um short jeans e uma camiseta branca com uma estampa abstrata, calcei uma sapatilha também branca, prendi meus cabelos em um coque meio mal feito, analisei-me no espelho, o calor deixava minha pele avermelhada, e na minha face surgiam algumas sardas, as quais eu detestava, mas lá fui eu para à sorveteria.

Após uma pequena caminhada de quinze minutos, cheguei à sorveteria, escolhi um pote misto de kiwi com banana, o meu preferido. E já estava pronta a retornar para casa, quando senti um impacto e algo gelado em minha pele, a fúria dominou meu corpo, um garoto havia se esbarrado em mim derrubando sorvete em minha camiseta branca.

-Não olha por onde anda, não menino?- Falei um pouco nervosa, deixando o pote de sorvete sobre o balcão do caixa e tentando limpar o sorvete derramado.

-Desculpe-me moça, eu só estava com pressa- Disse o menino com um sorriso de canto.

Apesar de estar extremamente nervosa, preciso confessar que reparei nele. e que ele era bonito, seus olhos eram de um tom que confundia verde claro e azul, e seus cabelos eram de um tom castanho claro, quase loiros e aparentava ter cerca de 14 anos. Ele vestia um short xadrez de algum tecido semelhante com jeans e uma camiseta preta. Admito que fiquei um pouco hipnotizada com o seu olhar, as frações de segundo parecia se passar em câmera lenta. Terminei de limpar minha blusa, peguei o pote de sorvete que ainda estava sobre o balcão e então fui para casa.

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