a cigana

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Estava tirando um cochilo quando alguém tocou nele. Abriu os olhos e se deparou com uma mulher horrenda, cabelos com cachos negros e um olhar tenro. Esquelética, vestia um vestido rodado todo colorido e carregava na boca um enorme cachimbo.
– Então senhor, posso ler sua mão? – perguntou a temível cigana com a voz rouca.
– M-minha mão? – resmungou amedrontado – Não, obrigado!
– Ora não seja tolo! Esta é sua oportunidade, me dê a nota mais alta que tiver em sua carteira e eu lhe digo exatamente a que horas você morrerá hoje – retrucou. Ele sentiu um gelo da cabeça aos pés, um arrepio na espinha. Sentia-se tão perturbado com o que ela acabara de lhe falar que resolveu dispensá-la:
– N-não estou afim de saber nem acredito nessas coisas! P-por favor, retire-se daqui!
– Claro, como desejares! Mas quando me reencontrares será tarde! – após as palavras, ela rodopiou a manta vermelha que estava por sobres seus ombros e, simplesmente, desapareceu.
Alvoroçado debate-se na cama quando acorda e percebe que estava sonhando, um pesadelo terrível. Levantou-se, aprontou-se e saiu na rua para se distrair, foi uma péssima ideia. Ao sair, avista de longe a temível cigana, a mesma de seu sonho. Ela batia de porta em porta e ele sabia que chegaria na sua. Com medo, tranca toda a casa e sai na direção oposta à cigana a fim de ficar bem longe dela.
Estava já a três quarteirões longe de casa, mas a cigana parecia estar lhe seguindo… Lá vinha ela com seu andar tortuoso, mancando. Ele se desespera e começa a correr amedrontado, quanto mais corria mais parecia que ela estava perto, mesmo mancando dava passos largos.
Ainda correndo atravessa a rua sem se preocupar com o trânsito, ouve, de longe, um som de buzina. Foi atropelado por um caminhão que atirou-lhe rodopiando uns 20 metros a frente, a batida foi estrondosa.
Paralisado no meio da rua, consegue avistar o relógio da igreja marcando onze horas e trinta e dois minutos, ouve passos, vira a cabeça e avista a cigana retirando uma nota de cinquenta reais de sua carteira. Ela joga a carteira no chão, põe a nota no bolso, passa por cima do corpo, ajoelha-se e cochicha no ouvido da vítima:
– A hora de sua morte será às onze e trinta e três!
Seus olhos contemplam a mulher indo embora, dizendo de longe:
Obrigado

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