25 de dezembro de 2015, sexta-feira.
Acordei com algo acariciando mechas do meu cabelo, foi então que eu percebi que estava deitada abraçada com o Davi.
- Bom dia!
Era tão bom acordar de manhã com um bom dia acompanhado desse sorriso, parece que tudo em volta parou para eu poder absorver esse momento.
- Bom dia!
Naquele instante tão bobo de troca de olhares e sorrisos, percebi o quanto ele era especial para mim. Era inevitável sentir, meu medo em estar gostando muito dele falou mais alto.
- Preciso ir, Camille deve estar preocupada.
- Eu sei que você tem que ir Helena, mas...
Mas...?
- Eu não quero.
Essa última parte saiu como o sussurro.
Levantei com o coração na mão, dei um beijo na bochecha dele e fui para o banheiro trocar de roupa. Quando sai ele não estava mais lá.
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Uma sensação estranha passou por meu corpo. Falei para Camille que eu não me sentia bem e que não queria descer, ela não me fez perguntas, contei para ela tudo o que tinha acontecido desde ontem e ela respeito e me deixou sozinha. Ela disse que ia trazer alguma coisa para eu comer, mas não sei se quero comer nada.
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O dia está passando e eu estou aqui deitada na cama tentando organizar meus sentimentos e todas as consequências dele.
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Não adianta nada eu ficar aqui pensando, resolvi colocar o trem nos trilhos de novo.Desci com o intuito de conversar com Davi.
Assim que desci vi que ele estava apoiado no corrimão do deck de frente para a praia. Fui andando na direção dele.
Quando cheguei por trás dele pude sentir o seu perfume que era jogado pela brisa do vento na minha direção.
- Oi
Coloquei- me ao lado dele, também apoiada no corrimão.
- Oi
Pude perceber que ele estava pensativo, assim como eu estava minutos atrás. Vi que era eu quem precisava ter a iniciativa de falar.
- Preciso conversar com você. Preciso saber de nós.
- Eu também preciso ter essa conversa. Eu realmente gosto de você, muito mesmo, como nunca senti por ninguém.
- Eu também - o interrompi no meu - sinto a mesma coisa, mas não há chance de a gente ficar juntos.
- Por quê?
Senti tristeza na voz dele.
- Você mora em São Paulo e eu em Niterói. Não quero ter um relacionamento à distância.
- Sei o que você que dizer, mas... não te disse antes ... Eu estou vindo morar no Rio, então distância não seria o problema.
Ficamos um olhando para o outro, depois olhamos para o mar. Foi quando ele passou a mão pelo meu ombro e ficou nessa posição até beijar minha testa, me virei para ficar de frente para ele. Nos beijamos, apoiei minha mão no peito dele e pude sentir o coração dele batendo.
- Posso te perguntar uma coisa?
- Sim, claro que pode. Tudo que você quiser saber.
- Por que você fez uma cirurgia cardiovascular?
- Bom ... - senti que ele excitou na hora de responder, posso entender. - foi em um natal. O natal é minha segunda data de nascimento, eu sofri um acidente de carro, na qual gerou um sopro no meu coração, era cirúrgico e eu dependia de um transplante. Foi uma noite muito dolorosa, era para estarmos comendo a ceia de natal com toda a família, mas estávamos no hospital esperando um milagre para me salvar. Pela manhã tivemos a notícia que tinha um doador compatível vindo de Niterói. Na manhã do dia 25 eu já estava no centro cirúrgico recebendo meu novo coração. - Escutei tudo com os olhos cheios de lágrimas, enquanto ele contava olhando para o mar. Enquanto ele ganhou uma nova data de nascimento, eu ganhei o luto. - desde então procuro a família do doador, mas é complicado procurar lá de São Paulo. Quando venho ao Rio sempre tento procurar, mas sem sucesso.
- Quantos anos você tinha?
- Eu estava com 14 anos, meu doador devia ter 18 ou 19 anos.
- Isso aconteceu em 2005?
- Sim, por quê?
- Você lembra de qual hospital ele veio?
- Por que tantas perguntas? Mas acho que ele veio do Antonio Pedro.
Não pode ser, meu coração parou e sinto as lágrimas escorrerem pelo rosto. O coração que bate nele é do meu irmão, nunca quis saber nada sobre o receptor. Passei anos tentando não imaginar que meu irmão estava vivo em alguém. Talvez eu tenha descoberto o por que de meu irmão ter morrido, ele morreu para que Davi vivesse e eu o amo por isso, foi meu herói até o fim.
Quando Davi me abraçou parecia que eu tinha saído de um transe. Ali colada no peito dele pude escutar o Marco mais uma vez, encontrei aonde está o meu lar.
- Você está bem?
- Estou ótima! Nunca estive tão bem e sabe por quê?
-Não.
- O meu irmão ainda está vivo em você e eu achei o meu lar.
<<< Fim >>>
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Aonde está o meu lar
Short StoryNatal, época do ano que se comemora o nascimento do menino Jesus, na qual festejamos com a família e amigos, preparamos a ceia, montamos a árvore e o presépio e enfeitamos a casa. Enquanto muitos aguardam ansiosamente para comemorar essa data, Helen...