Descobertas Inesperadas

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O homem congelou diante daquela cena, porque naqueles olhos amedrontados não via um homem. Naquela cena via sua mãe, pedindo por ajuda, e ali sobre a escada da casa, via a si mesmo, chorando e querendo que aquilo fosse só um sonho ruim.

Fechou os olhos por alguns instantes, apenas o suficiente para lembrar que ali não poderia ser Kim Jongin o menino amedrontado de anos atrás, ali deveria ser Kim Jongin o investigador criminal corajoso.

A legista já mexia no corpo, os olhos de Jongin continuavam marejados em lembranças, mesmo que tentasse impedir, aquilo fora somente o episódio mais marcante de sua vida, não conseguiria ignorar.

Taeyeon notou obviamente as reações de seu supervisor, sem entender nada, afinal o conheceu há poucos minutos atrás. Vendo que o homem não diria nada, tomou as rédeas da situação.

-Hora da morte?- Taeyeon agachava-se ao lado do corpo, analisando os primeiros detalhes.

-Entre três e quatro da manhã- A legista loira de cabelos presos, terminava seu trabalho ali, já juntando seus apetrechos de volta na caixa- Quer uma dica? Crime passional- Sua voz era tão doce quanto a da investigadora, sendo um pouco mais rouca, e tinha um tom um tanto quanto sarcástico.

Cortesia de quem vivia da morte alheia.

-Tem razão, a violência extrema, a porta não foi arrombada, a entrada foi consentida, ele conhecia o assassino. - O homem finalmente se pronunciou.

- O lugar está desorganizado, quando atacado, ele tentou se defender. -Taeyeon separava amostras do que havia embaixo da unha da vítima, colocando em um saquinho etiquetado, guardando-o em seguida- Com sorte, o nosso amigo que fez tudo isso tem antecedentes, vou mandar para o laboratório. - A loira saiu.

-É o novo supervisor?- A legista se pronunciou mais uma vez

-Sim

-Não ligue para o jeito da Taeyeon, ela só queria muito o seu cargo, trabalhou anos por isso, é o sonho dela comandar aquele laboratório.

-Eu entendo, ela até que foi bem gentil, posso dizer que já lidei com personalidades piores do que a dela. -Riu- Ele era jovem- Referiu-se ao garoto deitado.

-Tinha 26 anos, eu trabalho com isso há quase quatro anos, e eu juro que nunca vou me acostumar em ver pessoas sendo mortas por tão pouco. - Suspirou em descontentamento- Bom, o corpo logo vai se levado, creio que a autópsia vá acontecer ainda hoje então... Até mais tarde, Sr?

-Jongin, Kim Jongin

-Kim Hyoyeon, é um prazer Sr Kim

E enfim estava a sós com o corpo, agora seriam apenas ele e seu raciocínio. Cada vez que olhava o lugar, sentia mais e mais as semelhanças com aquela noite. O rosto da vítima estava pálido, a camiseta clara manchada de sangue seco.

A hemorragia já controlada permitia ver com mais nitidez os cortes, com certeza não foram feitos por um profissional, eram imprecisos, talvez feitos para fazer a vítima sentir mais dor propositalmente. No entanto, eram profundos, era como se o assassino impunhasse a faca com raiva, ele não apenas furava, ele fincava a faca o mais longe que conseguia no corpo.

-Com licença, Sr Kim- Um policial que guardava a cena lhe tocara o ombro esquerdo, fazendo-o desviar sua atenção do cadáver- A testemunha.

O garoto estava do lado de fora da casa e chorava, chorava muito, as lágrimas saiam de seus olhos como se sua vida dependesse daquilo.

A verdade era que Sehun estava destruído, sentia como se tivessem o cortado no meio, porque a dor era tamanha. Era involuntário voltar as memórias de seu LuHan, de tudo o que passaram juntos, cada noite, cada beijo, o dia em que se conheceram, o último sorriso que trocaram. E ele só conseguia pensar em como poderia ter aproveitado mais, em como gostaria de ter ficado mais tempo com o ruivo, em como queria ter brigado menos.

A Coragem e a InocênciaOnde histórias criam vida. Descubra agora