Capítulo 3: Meu mundo caiu

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Depois de entrar em choque e ser encaminhada até a UTI do hospital público e ficar 3 dias paralisada por causa da horrível notícia da morte dos meus pais, eu resolvi me isolar. Depois que terminei a faculdade fui pra humilde casa na praia dos meus pais. Meus tios não impediram que eu fosse, eles sabiam que eu precisava de um tempo. E eles tinham razão.
Eu só queria sentir a presença dos meus amados pais na casa, só queria ficar em um lugar em que o único barulho fosse do mar. E aquele, era esse lugar.
Cheguei com meu carro velho, na casa da praia e a primeira coisa que fiz foi tirar minha roupa e mergulhar na água salgada, mergulhei e mergulhei, torcendo pra me afogar acidentalmente, torcendo para que uma alga se enrolasse no meu pé e me afogasse. Caso isso acontecesse, eu não iria lutar para sobreviver.
Entrei e encontrei meu irmão, saindo do chuveiro com a toalha na cintura, o que deixava à mostra seus gominhos sarados.
Eu gostaria de saber quando ele arranjava tempo pra fazer abdominais em meio à toda aquela confusão.
- O que vai querer para o jantar hoje?
Perguntei.
- Com a fome que eu estou, qualquer coisa que seja comestível.
- Haha, tudo bem.
Por algum tempo, eu e Jacques não nos lembrávamos que não havia mais ninguém pra nos acordar de manhã dizendo que era hora de ir pra escola. Mas em algumas situações, tudo voltava à mente; E naquela noite, não derramamos nenhuma lágrima e nem pensamos à respeito.
Servi a mesa, Macarronada, não era meu melhor prato, mas estava exausta pra fazer algo mais caprichoso.
Jacques e eu estávamos acabando de jantar quando a campainha tocou.
Nós nos entre-olhamos e tentamos imaginar quem seria a pessoa que estaria tocando a campainha num lugar tão isolado, sem vizinhos e sem ninguém por perto à uns 50 km. Achávamos que eram nossos tios, então fomos ver quem era para apagar as dúvidas.
Olhei pelo olho da porta e não vi nada, eu à abri.
Meu coração acelerou, eu não acreditava no que estava vendo.
Era um homem alto, branco e bonito.
Era meu pai, meu amado e falecido pai.

Ela Machuca As PessoasOnde histórias criam vida. Descubra agora