1. Assassino da mascara de gás

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As ruas de São Paulo eram como sarjetas entupidas de ódio, impregnadas com o cheiro do sexo e da matança, da jogatina e da maldade. E ninguém melhor para saber disso do que o homem que agora está a caminhar pela noite.

É uma noite gelada, então ninguém vê nada de suspeito com o homem que veste um enorme sobretudo com capuz negro, capuz que escondia seu rosto.

Ele conhece a cidade como a palma de sua mão, cada beco, cada rua, cada prédio abandonado, e aquele bairro era seu parque de diversões.

Era o tipo de homem que sabia esconder o que fazia, um cavalheiro durante o dia e um predador durante a noite.

A cidade tem medo dele, pois em suas mãos há o sangue, não o sangue dos inocentes, pois isso, ninguém é. Apenas sangue, o bom e velho sangue, escorrendo vermelho, vermelho, vermelho.

E então, o predador achou sua presa. Presa bela. A musa da noite tinha cabelo loiro encaracolado, que parecia brilhar, mesmo de noite, talvez fosse por causa dos estúpidos holofotes brilhantes, não importava. Vestia um casaco fino por cima de um vestido vermelho, se cobrindo, tentando se esconder inutilmente, pois já foi avistada por ele.

A musa tremia, olhando para todos os lados, como se fugisse de algo, o que fez o homem de preto quase rir, pois ela nem imaginaria que seria ele. Mas, sarcasticamente achava que seria melhor assim, pois considerava que no mundo havia monstros piores do que ele. Todos são monstros humanos, afinal.

Esperou que ela passasse por ele, então esperou mais um pouco, deu meia volta e começou a segui-la.

Sabia ser silencioso, se esconder entre os outros ou no nada. Um assassino nato, perseguindo a mulher de maquiagem borrada (Por choro?)

A noite era uma criança!

Era calmo, frio, calculista, não atacaria antes da hora, sabia esperar e sabia perder um alvo caso não houvesse outro jeito.

O homem sorri ao se aproximar dela. A madrugada não ajuda ela muito, diminuindo quantidade de pessoas na rua, só precisava leva-la a uma rua deserta. Estavam chegando a uma rua de pouco movimento, então o homem pegou seu celular e fez uma ligação, dizendo o nome da rua para a outra pessoa na linha.

- E não confunda, loira de vestido vermelho, uns vinte anos.

Logo a apanhariam quando passasse por lá. Então apenas caminhou calmamente pela noite que apenas acabara de começar. Havia pouco movimento, então apenas pegou a mascara de gás do bolso de seu sobretudo e a colocou. Não havia motivo para ela, mas amedrontava.

Viu o carro preto parado na esquina, e como não via a moça a um bom tempo já sabia o que havia acontecido, então abriu a porta do carro e entrou.

Lá estava ela, com uma venda na boca para não gritar e com dois homens vestindo ternos, segurando-a.

Com toda calma do mundo, pegou a mascara de gás em sua bolsa e a colocou. As lentes da mascara eram vermelhas e enormes. Assustadoras.

- Podem soltá-la – Disse, apontando sua pistola para a menina – Sei que ela não vai a lugar nenhum.

A mascara sufocava sua voz, a deixando irreconhecível.

Os dois homens então a soltaram e ela tirou a venda da boca, quis gritar, mas o grito foi sufocado pelo medo causado pelo cano da pistola do encostado em sua testa, gelado. Segurou o choro.

- Que tal darmos uma volta, minha querida?



Crônicas da terra da garôaWhere stories live. Discover now