A Casa de Cartas

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MOSBY

Com adrenalina a mil, Mosby correu o mais longe que pôde assim que viu um vulto passar rapidamente bem na frente de seus olhos, tão rápido que foi impossível reconhecer quem ou o que era. Ultimamente, ele havia notado algumas irregularidades ao seu redor, tinha a impressão que alguém o vigiava. A cada passo que dava sentia repentinos par de olhos o observando, seguindo seu caminho, escondendo-se em sua sombra. Fazia umas três ou quatro semanas que ele sentia aquele incomodo sobre seus ombros, não podendo fazer um ato rotineiro, por mais simples que fosse, sem ter a máxima cautela, checando todos os cômodos, janelas e trancas duas vezes sempre que se encontrava sozinho em seu grande e luxuoso apartamento em Dubai. Estava aos pouco se tornando uma obsessão. E agora ele havia visto a prova de que estava certo o tempo todo.

Mosby entrou em uma ruazinha escura e estreita, ou pelo menos ele pensava que era uma, quando virou seu rosto, percebeu que na verdade se tratava de um beco sem saída. "Fodeo", pensou. Seu coração batia tão forte que parecia que iria sair pela sua boca. Mosby fechou os olhos tentando se acalmar, respirando fundo e tentando bolar um plano rápido, como sempre fazia. Entretanto, não era capaz. Ele já havia passado por situações de estresse e perseguição como essa, mas havia algo diferente naquele momento, havia algo diferente com ele. Não havia a vontade de continuar, somente culpa pelos seus atos mal pensados.

Agora só se podia ouvir o barulho a chuva se intensificando mais e mais, caindo sobre seu rosto angustiado. À medida que o tempo passava Mosby ficava ainda mais nervoso. Será que aquilo que ele mais temia estava se tornando realidade? Se sim, isso tudo seria graças a sua decisão do mês anterior. "Por que eu decidi pular fora?! Demônios, demônios! Eu sabia que era tudo uma enganação, tudo uma grande peça!", ele já estava desesperado. Estava sendo caçado, sendo eliminado da equação.

Sua respiração pesada parou assim que começou a ouvir o barulho de passos lentos e frios nas poças d'água que se formavam pela chuva.

- Tão rico, poderoso, manipulador... - Mosby rapidamente conheceu aquela voz e engoliu o seco - Tão concentrado em seus esquemas, montando sua casa de cartas, uma por uma, que acabou sendo esmagado por ela.

Rindo da situação do senhor encurralado, o vulto com um capuz preto sobre a cabeça, que formava uma sombra que cobria o seu rosto, retirou rapidamente a arma do crime.

- Então que dizer que o famoso Edgar Mosby vai morrer assim? - fez a expressão de tristeza mais falsa já vista na face da Terra - Em um beco imundo, entre uma locadora de DVDs fechada há anos e um cabaré mal visitado.

O vulto riu daquela cena, chegava a ser irônica se tratando de uma figura tão importante como aquele homem.

Com movimentos ligeiros e ágeis, o vulto pressionou o corpo de Mosby contra a parede e retirou o capuz para que olhasse bem no fundo de seus olhos enquanto o matasse. E assim fez. O corpo de Edgar Mosby caiu sem vida no asfalto irregular.

A chuva fraca começava a cair lentamente sobre sua face, e nada podia se ouvir a não ser pela melodia que as gotas d'água produziam ao tocar no chão e é claro pela música abafada vinda do cabaré ao lado.

Caso MosbyOnde histórias criam vida. Descubra agora