Capítulo 1: A história começa

1.7K 64 9
                                    

Aos três anos de idade fui abandonada na rua por uma mulher que dizem ser a minha mãe. Fiquei por alguns dias e logo fui encontrada por uma policial muito solidária. Seu nome era Catarina, mas eu a apelidei como anjinho da guarda. Por ser muita pequena na época, fui levada ao abrigo de menores. Me lembro que era um lugar horrível. As pessoas que cuidavam de mim eram boas e atenciosas, mas os meus colegas de quarto eram os quais tornavam aquele lugar assombroso! Havia um único menino que era meu namoradinho, éramos muito apaixonados e nossas histórias eram muito parecidas. Ele se chamava Diogo e era um ano mais velho que eu, mas nós nos entendíamos. Fiquei no abrigo por seis meses e depois fui levada à um orfanato maior. Nesse lugar não fiquei nem dois meses e já fui adotada pela melhor família que eu poderia ter. Nunca imaginei que pessoas tão boas e amorosas fossem querer uma menina que vivia na rua. Quando disseram me que seria adotada fiquei muito feliz nos primeiros momentos, mas depois me lembrei do Diogo, ele não havia sido adotado! Ficaria sozinho, pois igual a mim, ele não tinha ninguém além daquela menina morena, chamada Elisa. Fui para casa daquela família conhecida a pouco tempo e disseram que ali seria o lugar onde eu poderia chamar de casa. Eles eram americanos, por tanto foi difícil me adaptar aquela nova língua atribuída. A final, eu estava em um orfanato brasileiro.
Nos primeiros meses eu chorava de saudade do meu amigo, que durante um ano foi a minha família.
Mas aquela mulher me acalmava, e todas as vezes que ela me via chorando, faltava implorar para eu chama-lá de mãe. E assim eu me adaptei a chorar sozinha para não magoar a minha mãe. Hoje estou com dezessete anos e moro com ela e o meu suposto pai adotivo separou-se da minha mãe e a partir daí, nunca mais nos vimos. Ou seja, não tenho pai. Estou no último ano do ensino médio e por morar nos Estados Unidos, tirei minha carta de motorista aos dezesseis e já dirijo.

- Filha você está preparada para reencontrar sua mãe biológica? - Minha mãe adotiva dizia em meio as lágrimas.

- Sim mãe! Não posso ficar sem saber o por que fui abandonada. Vai dar tudo certo e não se esqueça que independente de qualquer situação, você será a minha mãe e a pessoa que me salvou daquele lugar! Eu te amo. - Eu disse e ela pôs a chorar mais ainda.

Peguei o avião e voltei para o Brasil. Foram doze horas de viajem e pousei na cidade maravilhosa, Rio de Janeiro. Lá estava um homem segurando uma placa com o meu nome, Elisa Maria.

- Você é o meu pai? - Eu disse quase chorando.

- Não senhora. Serei o seu motorista enquanto estiver aqui. Sua mãe aguarda anciosa pela sua presença, vamos? - Ele disse educadamente e a minha esperança de ver o meu pai ali, desapareceu.

O João, meu motorista, me ajudou com as malas e fomos até a casa onde minha mãe biológica morava.

- Eu nunca estive tão anciosa e com medo! - Eu disse ao João.

- Se me permite senhora, a dona Raquel é muito agradável. Vocês se darão muito bem!

- Assim espero. - Eu disse e ele sorriu.

- A senhora é muito famosa aqui no Brasil, sabia? - Ele disse abaixando o volume do som.

- Sou? Por que? - Eu disse assustada.

- Sua mãe adotiva é uma das melhores estilistas americanas e a senhora é filha dela!

- Então é por isso que me chama de senhora? - Eu disse dando risadas.

- Sim senhora!

- Então pode parar! Posso ser considerada rica e famosa, mas a minha mãe sempre me ensinou a ser humilde. Me chame de Elisa.

- Tudo bem Elisa. A casa da Raquel é logo ali na frente. - Ele disse apontando para uma mansão enorme.

- No que ela trabalha? - Eu perguntei boquiaberta.

- A senhora Raquel já foi uma modelo muito famosa. Hoje é dona de algumas empresas espalhadas pelo Brasil.

- UAL! - Eu disse e ele abriu a porta do carro para que eu saísse.

A casa era divida em dois andares e logo na frente tinha uma piscina e um enorme jardim.

- Filha! É você mesma? - Ela disse e me abraçou. Eu retribui.

- Sim Raquel, sou eu. - Eu disse sem jeito.

- Você tem todos os motivos para me odiar. Mas eu não tinha condições de te criar. Seu pai morreu algumas semanas depois que você nasceu e eu tive que morar na rua. Tive uma oportunidade de me tornar modelo e consegui. Fui atrás de você, te vi algumas vezes na escola, fiquei com medo do que eu poderia me tornar em sua vida. Por isso, nunca mais te procurei quando descobri quem era a sua mãe. Me perdoa?

- Sim mãe! Eu te perdôo. Sei o quanto foi difícil para você, minha mãe adotiva sempre me falava sobre isso. Não é atoa que vim até você!

Nós nos abraçamos e entramos. A casa era enorme, deveria ter uns oito ou nove quartos.
Ela me mostrou o quarto onde eu ficaria. Era grande, com um closet, uma escrivaninha e uma cama.

- Vou te deixar sozinha para arrumar as suas coisas. Daqui a pouco vamos jantar.

- Só uma pergunta... - Eu a interrompi.

- Sim.

- Meu pai morreu? - Eu disse segurando o choro.

- Sim, como eu disse, ele morreu alguns dias depois que você nasceu. Ele tinha problemas cardíacos e não resistiu a um susto.

- E qual foi esse susto?

- A mãe dele faleceu e nós éramos muito apegados a ela. - Ela disse e saiu.

Eu comecei a chorar pensando que eu sempre sonhei em ter um pai e receber aqueles conselhos que os pais dão quando você tem o seu primeiro namorado ou até mesmo quando você coloca um short curto e ele não gosta. Logo caí no sono.

O Namorado Da Minha MãeOnde histórias criam vida. Descubra agora