Capítulo 3

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Música do capítulo: Earned It - The Weeknd

Uma coisa era imaginar como era o lugar, outra completamente diferente era estar nele.

Aquele cômodo seria a minha morada pelos próximos anos.

O cômodo era um pequeno salão escuro com colchões espalhados para todos os lados. Havia uma privada em um canto e uma pequena abertura, por onde entrava luz. Não chegava a ser uma janela. O lugar era sujo, não cheirava bem e parecia impossível viver ali.

Fui até um colchão em um canto, ajeitei o projeto de cobertor que tinha ali e me encolhi. Depois de algum tempo, eu realmente não fazia ideia de quanto, um segurança abriu a porta do lugar. Ele jogou a garota que estava comigo no banheiro no chão do salão e fechou a porta abruptamente. Ela estava machucada, seus braços vermelhos e seu rosto tinha sangue. Ela se encolheu em posição fetal e ficou chorando no chão frio. Me levantei e me aproximei com cuidado, agachei perto dela e toquei seu corpo. Assustada ela levantou o olhar para mim. Apesar de seu olhar estar carregado de dor eu pude observar melhor o seu rosto. Seus olhos eram puxadinhos, a cor era escura e tinha um brilho diferente. Os cílios eram longos. A boca era bem desenhada e ela parecia ter um lindo sorriso. Porém não sorria e meu peito doía ao ver aquela cena. Coloquei minha mão firme sobre ela e tentei levanta-la. Ela ainda chorava copiosamente, sussurrei para que ela levantasse devagar e finalmente consegui. Carreguei-a até o colchão onde eu estava e ela se deitou. Eu peguei um copo que tinha um resto de água e molhei um pouco o cobertor para limpar o sangue em seu rosto. Ela observava minha ação em silêncio. Depois de limpar o seu rosto eu sorri fraco, apertei seu braço de leve acariciando.

- Me desculpe - Ela sussurrou e abaixou a cabeça. Eu ergui a sobrancelha sem entender.

- Te desculpar pelo que?

- Você... não deveria estar aqui. Está porque veio me ajudar. - Suspirei. Aquilo era verdade. Se eu não tivesse ido ajudar provavelmente não estaria nessa situação.

- Eu só fiz isso para ajudar minha irmã, eu sabia dos riscos.

- Mas mesmo assim...

- É sério, não precisa se desculpar. - Passei os olhos pelo lugar. - Eu espero conseguir consertar isso. - Ela sorriu de canto e encostou a cabeça na parede.

Ficamos ali dentro, ouvindo a música ecoar do lado de fora sem trocar nenhuma palavra. Parecia que nada precisava ser dito, não tínhamos o que conversar. Até algumas horas atrás estávamos em posições diferentes. Por mais que eu tenha tentando ajudar eu ainda era a filha do patrão.

As horas iam passando e eu podia ver que o dia estava amanhecendo devido a luz que começava entrar pela pequena abertura. Eu não havia pregado o olho e esperava que meu pai estivesse mais calmo para que eu explicasse. Não que isso fosse fazer alguma diferença, eu estava ajudando uma garota a fugir, o castigo viria de qualquer forma.

Novamente a porta foi aberta e as garotas entraram, algumas sendo carregadas por outras, as expressões de exaustas estavam estampadas nos rostos. Aos poucos elas foram entrando e sentando nos colchões. A porta foi fechada fazendo um enorme barulho.

O silêncio era impecável, pareciam não ter forças para falar. Foi interrompido apenas quando uma delas veio em direção a Kendall e olhou para mim.

- O que ela está fazendo aqui? - A garota disse alto, chamando a atenção de todas. - Não basta sofrermos lá fora, agora seremos vigiadas aqui também? - Ela se aproximou ameaçadoramente. Me encolhi no canto com medo. Eu não imaginava como, mas ela me conhecia.

- Eu a conheço - Outra disse de repente. - É a filha daquele gordo imundo. Ele vive se gabando que tem uma filha linda e perfeita - De repente o burburinho foi aumentando. Todas falavam ao mesmo tempo, começaram a se aproximar de mim. Era o fim, eu iria morrer ali dentro. A garota que havia falado primeiro veio rápido em minha direção e segurou na minha blusa.

Jauregui's Bawdy HouseWhere stories live. Discover now