capitulo 8- Alma de Guerreiro

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Eu acordei em uma cama, dentro da cabana. Eu estava todo enfaixado e meu corpo doía muito, mas não tanto quanto antes.
Eu não conseguia me mover, e eu achei melhor não tentar me levantar.
Eu ouvi vozes discutindo fora da cabana. Podia estar ferido mas meus sentidos ainda eram amplificados.
- Você não deveria ter interferido Akihiro.
- Não seja tolo Satoru, eu só o impedi de matar o garoto sem ver o potencial dele. Quantos humanos já sobreviveram a um golpe desses?
-Não é pra tanto, aposto que muitos já sobreviveram a um corte no peito.
-Você sabe que não foi só isso, a alma dele foi expulsa do próprio corpo e ia ser destruída. Ninguém sobreviveria. O garoto não é qualquer um, ele não foi aceito na Ordem por acaso.
- O que está insinuando Akihiro?
- O seu destino está ligado ao dele Satoru, posso ver isso muito claramente. Ele vai lutar na batalha que está se aproximando e você deverá prepará-lo para isso. O garoto possuí a alma de um herói.
- Você superestima ele Akihiro, você já é bem velho, quando viu esse tal Gilgamesh você era um filhote.
- Sim, mas o velho aqui é você. Velho e mais cabeça dura do que nunca. Gilgamesh possuía muitas armas mágica poderosas, mas ele tinha uma em especial.
- Você vai levá-lo para buscar essa arma?
- Ele precisa de uma arma. O único problema é que essa arma tem um temperamento complicado. Todos que tocaram nela após a morte de Gilgamesh simplesmente viraram pó.
- Agora você que está levando ele para a morte. Você deveria ter me avisado antes, querendo ou não eu sou o responsável por ele. Acho que não tem problema, mas se ele morrer não diga que eu não avisei.

Eu não podia acreditar no quão estúpido Satoru poderia ser. - Gilgamesh, só poderia ser o da Epopéia de Gilgamesh- pensei em silêncio. -Então Gilgamesh era real? Não me falaram nada sobre ele no treinamento. O primeiro herói trágico, e o primeiro semideus. O que ele tem a ver comigo?
Eu adormecido logo, só acordei dois dias depois, me sentindo revigorado. Akihiro usou magia para me curar mais rápido.
Nós saímos cedo, usamos uma daquelas esferas azuis para abrir um portal para o Iraque. Estávamos a pelo menos duzentos quilômetros de Bagdá. No meio do caminho começamos a conversar.
- Você não me fez nenhuma pergunta Ryuu, não está curioso sobre mim ou sobre aonde vamos?
- Você é uma raposa de nove caudas, mas só alcançou a terceira cauda por enquanto. Seu nome é Akihiro e você é um velho conhecido da Ordem. Você está em sua forma humana agora, o que demonstra que você controla bem sua magia. E eu escutei sua conversa com Satoru, e você sabe disso.
- Você é realmente intrigante Ryuu. Então vamos mudar de assunto, fale-me sobre seus pais. Você teve que abandoná-los para entrar para a Ordem não é? Eu sinto muito.
- Não sinta, foi minha decisão. É um fardo que eu devo carregar sozinho, não quero que os outros sintam pena de mim pelo que eu mesmo fiz.
- Realmente maturo para sua idade Ryuu.
Nós conversamos por algumas horas enquanto andávamos até que chegamos uma caverna escondida entre duas grandes rochas.
Nós entramos na caverna úmida e escura. Quanto mais andávamos dentro dela maior era o calor. Tivemos que andar por mais de uma hora dentro do labirinto que eram os túneis daquela caverna.
Foi quando eu ouvi um sussurro triste vindo de longe dizendo:
- Só, a quanto tempo ninguém vem aqui, só tenho estado só.
Akihiro não ouviu nada, mas ele me seguiu quando fui atrás daquela voz. Nós chegamos a uma parte espaçosa da caverna, repleta de belos cristais brancos. No teto haviam fungos fosforescentes que brilhavam em um tom de azul que preenchia toda aquela gruta.
No centro de tudo aquilo estava uma espada vermelha e preta com uma lâminas de um metro e quarenta centímetros, sobre um bloco retangular de calcita fluorescente verde do tamanho de uma mesa.
- O que achou dela Ryuu?
- Esse lugar é incrível, aquilo é calcita? E esse fungo fosforescente, eu nunca tinha visto pessoalmente. E aqueles cristais enormes.
-...Eu...eu me referi a espada Ryuu. Você realmente me lembra eles haha.
- Eles? Eles quem?
- Eu omiti algumas coisas Ryuu. Para começar esta lâmina não foi feita por mãos humanas. Ela foi criada a milhões de anos pelos deuses antigos. Realmente foram eles que a entregaram para Gilgamesh, mas ela não foi criada para ele.
- Deuses antigos?
- É complicado, mas a espada voltou a ser empunhada após a morte de Gilgamesh, com vários nomes diferentes, nunca souberam o nome verdadeiro dela.
- Quais os nomes dela? Quem a empunhou?
- Ela já foi chamada de Guardiã do Éden, o anjo que foi enviado para empunhar uma espada de fogo e manter os humanos longe do Jardim Sagrado.
-Pera, o Éden é real?
- Sim, pelo menos foi. Como eu disse é complicado. Ela foi a espada que decepou a cabeça de São João Batista, e que foi retirada da pedra por Arthur.
- Excalibur...
- Sim, sabe a chamavam assim porque Cesar, Imperador de Roma ordenou que forjassem bainha para ela, ele encravou o nome "Cesars Calibur" nessa bainha. Séculos depois o nome foi gasto pela ferrugem, restando apenas o " e s Calibur".
- Eu sei que vai parecer tolice, mas o rei Arthur existiu?
- Ryuu, eu não vou nem responder. Ela foi também uma das espadas de luz das lendas celtas. E na Irlanda foi chamada de Gael Bulg a lança mágica do trovão do herói Cuchulain, foi chamada também de espada mágica Caladbolg, chamaram de Caledfwlch, espada de Sigmurd, e por um outro cara, mas não consigo lembrar o nome dele.
- Entendi, bastante gente. Talvez eu não seja tão especial quanto você diz afinal Akihiro.
- Você é o que mais me lembra Gilgamesh, de todos os que a empunharam você é o que mais se parece com ele Ryuu, acho que a espada vai gostar de você. Só lembrando que se ela não gostar você morrerá.
- Chega de enrolação, detalhes e detalhes. Vou pegar ela e ponto final, se eu morre eu morri fazer o que né.
Ignorando qualquer objeção de Akihiro eu fui na direção da pedra e levantei a espada.

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