Os Verdadeiros Monstros

capitulo 5- A Raposa de Três Caudas

Esta parte da história é narrada por mim, já que Ryuu estava em seu treinamento nessa época e nunca ficou sabendo disso.
Meu nome é Akihiro, sou da espécie das raposas de nove caudas, sou relativamente jovem e por isso possuo apenas três caudas. Na minha espécie conforme envelhecemos e adquirimos sabedoria ganhamos novas caudas.
Mas não vim aqui falar sobre mim. Ryuu estava em seu terceiro ano de treinamento, do segundo ano em diante ele recebia treinamento físico extremo.
Satoru Hoshi era um homem muito orgulhoso e machista para admitir que estava preocupado com o menino. Mesmo assim sempre que podia ele consultava os Anciãos e perguntava sobre Ryuu.
Satoru passou uma parte desses três anos me procurando. Eu estive meditando nas montanhas longe da humanidade. Porém as minhas habilidades me permitiam saber de boa parte do que acontecia pelo mundo.
Era um dia fresco e um pouco nublado, era outono e as folhas caiam das árvores da base da montanha onde eu meditava.
E subindo a montanha, escalando por entre as rochas pontiagudas, estava o caçador de monstros.
Não demorou muito para que ele chegasse ao cume da montanha. Em meio a uma fina camada de neve estava eu mesmo, ele se aproximou calmamente.
Ele sempre estava com a mesma expressão, a longevidade dos cavaleiros da Ordem permitia que eles vissem o mundo de outra forma. Claro que essa longevidade dele é desconsiderável pelas raposas de nove caudas porque nós vivemos quase onze mil anos. Podemos morrer em batalha, mas não por doenças como as outras espécies.
- Raposa-, disse o caçador, -você não me parece estar meditando.
-Eu aguardava sua visita, mas devo dizer que você deveria ir atrás do monstro de mil olhos, eu não possuo clarevidência como ele.
- Você sabe que ele não iria me falar nada raposa. Além do mais eu não preciso saber o futuro, só o presente.
- E você sabe que eu tenho nome Satoru, e eu gostaria que você se direcionasse a mim através dele. Eu não sou um profeta para simplesmente te dizer as coisas.
- Me desculpe Akihiro, mas uma raposa como você não devia ser gananciosa, o que você quer?
- Uma batalha grandiosa se aproxima, não preciso de clarevidência para ver isso. Eu lutarei ao seu lado Satoru, e quero o respeito que é meu por direito.
- Uma batalha? Seria uma honra lutar ao seu lado Akihiro, em qualquer batalha. Agora me diga porque criaturas benéficas tem se corrompido? Primeiro foi aquele Baku, depois uma fada da floresta das cerejeiras e agora um membro do povo espírito.
- Sim Satoru, alguém está por traz disso, mas de alguma forma eu não posso ver quem é, deve ser alguém muito poderoso. Seus objetivos não estão muito claros ainda, mas ele procura causar o caos. A batalha que se aproxima é muito maior do que o conflito entre você e ele. Tempos terríveis se aproximam e é bom que esteja preparado.
- Pode me dizer onde encontrá-lo?
- Ele está escondendo a própria aura, não posso ser específico mas ele está no Japão nesse momento. Acredito que ele saiba usar magia de teletransporte, ontem ele estava na Africa do Sul.
- Um mago? Não vejo magos habilidosos a décadas. Eu vou encontrar ele Akihiro, não vou permitir que ele consiga alterar o equilíbrio.
- Sinto muito Satoru, está além de você. Toda a existência tem agido em favor dele, ele tem um destino muito importante independente de quem ele seja.
- Vou impedir ele mesmo assim. E que se dane a existência. Adeus Akihiro, perdi tempo demais te procurando por nada.
- Espere Satoru! Ryuu, o menino que você estava treinando, a aura dele é diferente. Só vi aquele tipo de aura nos grandes heróis da antiguidade.
- Então ele será como os grandes cavaleiros da Ordem?
- Não Satoru, eu não me referi apenas a Ordem. Eu quis dizer os grandes heróis, não necessariamente os cavaleiros da Ordem, alguns deles foram convocados pela Ordem depois de grandes feitos, mas a maioria...
- A maioria o que?
- Morreram, se sacrificaram pelo bem maior. Não todos, a aura dele se parece em especial com a de Gilgamesh.
- Quem é esse?
- Você não sabe quem foi o Grande Guerreiro Gilgamesh? A humanidade se esquece até dos maiores heróis com o tempo não é mesmo?
- Conte logo, quem foi esse Gil... Sei lá o que.
- Ele nasceu a milhares de anos na região da Mesopotâmia, alguns milênios depois do dilúvio.
- Dilúvio? Tipo aquele da história de Noé?
- Não é tipo aquele dilúvio, é aquele dilúvio. Estou surpreso por você saber quem é Noé, não sabia que você era religioso Satoru.
- Nah, eu ouvi a história dele quando criança, minha mãe me arrastava até a igreja. O dilúvio foi real?
- Sim, muita coisa existe além do conhecimento humano ou da maioria das criaturas vivas. Eu não estava lá, mas conheço descendentes de uma raposa de nove caudas que estava na Arca, mas foi um pouco mais complicado do que é retratado... Não é essa a história que eu deveria contar.
- É você esta distraido hoje Akihiro.
- Silêncio. Gilgamesh viveu em uma floresta por boa parte de sua vida. Entre os seus feitos estão derrotar um rei tirano, um lagarto monstruoso gigantesco, entre outras coisas.
- E o que tem isso a ver com o garoto?
- Gilgamesh buscou uma forma de obter vida eterna após a morte de seu melhor amigo, em sua busca ele aprendeu muito sobre o mundo mágico. Naquela época o mundo começou a ser ameaçado por um grande mal, a volta dos Nefilins.
- Os filhos de Anunnaki, malditos meio demônios. Eles foram extintos não foram?
- Eles foram um dos motivos do dilúvio, mas depois do diluvio outros Anunnaki tentaram tornar a linhagem humana impura. Gilgamesh conseguiu um poder inimaginável, suficiente para destruir dezenas de Nefilins por conta própria, mas houve uma consequência. O corpo dele não aguentou todo aquele poder, ele se dissipou após a batalha. Se tornou pó. Quando o garoto terminar o treinamento...
- Se terminar.
-Ele vai terminar e você sabe disso, os outros que você enviou não foram sequer aceitos pelos Anciãos. Quando ele terminar traga-o aqui, eu quero vê-lo.
- Está bem, adeus Akihiro, até daqui a um ano.