Capítulo 07

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Phoebe: Amor? Hey, acorda.

Alfonso suspirou, espreguiçando-se ainda de olhos fechados. Então resmungou.

Phoebe: Amor, vamos, acorde. – A morena repetiu, chacoalhando sutilmente os ombros do corpo esparramado de Alfonso.

Alfonso: Uhum. – Mais um resmungo.

Então Maite entrou como um tufão no quarto.

Maite: Feliz dia de ação de graças! – Berrou, puxando as cobertas do irmão. Era ação de graças e, apesar do friozinho, o sol brilhava em Hialeah.

Alfonso: Eu poderia estar pelado, você sabe, não? – Maite rolou os olhos.

Maite: Está um dia lindo lá fora, deixe de ser preguiçoso. É ação de graças, Andrew ligou e disse que já está chegando com a Keira, a Lea e o Mike. A mamãe já encheu a Phoebs de perguntas e já contou várias das suas peripécias da adolescência, então, se eu fosse você, eu levantaria dessa cama agora.

Alfonso abriu os olhos, Phoebe riu.

Phoebe: Já me falaram para tomar cuidado com uma tal de Megan. – Poncho soltou uma grande golfada de ar, sentando-se na cama.

Alfonso: Garanto que isso não foi obra da nossa mãe, não é, Maite?

Maite: Ué. – Deu de ombros – Não sei porquê as pessoas aqui insistem em trata-la como alguém da família.

Alfonso: Essa sua implicância nunca cessa?

Maite: Não. – Respondeu de pronto, torcendo o nariz.

Alfonso: Mesmo depois de tudo?

Maite: Especialmente depois de tudo.

Phoebe: Tudo o que? O que foi que eu perdi? – Alfonso meneou a cabeça.

Alfonso: Nada, amor. – Encerrou – Vou tomar um banho e vou lá fora ficar com vocês. E não ligue para o que essas mulheres da minha família dizem. São todas loucas. – Brincou.

O almoço daquele dia de ação de graças havia sido cuidadosamente preparado por Ruth. Reunir a família, agora ainda maior, sempre fora uma das atividades preferidas da senhora Herrera. A mesa na varanda fora preparada com fartura e, quando todos finalmente tomaram seus lugares, foi a hora de unirem as mãos e darem graças.

Ruth: Gostaríamos de agradecer a presença de todos. – Começou, assentindo para o pai de Alfonso – Quero também agradecer a Deus por esta família e este alimento. Hoje, especialmente, pela vida dos meus filhos, Maite e Alfonso, e do meu neto querido. Quero também dar as boas-vindas à Phoebe, que ela se sinta acolhida nesta casa e nesta família.

Ian: E eu? – Gracejou.

Ruth: Você já é figura antiga na família, Ian. – Respondeu com o ar divertido – Fico realmente muito feliz em ver todos felizes e reunidos aqui hoje. Nenhuma palavra seria o suficiente para expressar a gratidão que sinto ao ver todos vocês aqui. A casa cheia sempre me agradou.

Maite: Nós sabemos disso, mãe. – Assentiu sorrindo.

Um a um, os outros fizeram seus agradecimentos e então puderam desfrutar do almoço que Ruth preparara. Dentre risadas e conversas extensas, o almoço se estendeu durante toda a tarde. O tema mais comentado fora o casamento de Maite. Afinal, estava cada vez mais próximo. Em poucos meses a morena estaria dizendo o esperado sim. E então, foi inevitável. Por um descuido o nome de Anahí foi mencionado. A frase fora exatamente essa: "Se não fosse a Any, minha morena já teria enlouquecido".

Maite prendeu a respiração. Ainda não havia contado para Alfonso. Aliás, ela ainda não havia contado para ninguém, exceto para Ian, e havia pedido sigilo, pelo menos por enquanto. Ela não sabia exatamente o porquê. Não havia justificativa. Talvez tivesse receio da reação das pessoas, ou talvez simplesmente tivesse deixado esse pequeno detalhe para depois.

Os pais de Alfonso nunca souberam pela boca do filho o que de fato havia acontecido. Fora Maite quem se encarregara de contar para poupar o irmão de qualquer tipo de perguntas. Talvez fosse por isso que agora todos a olhavam com os olhos disfarçadamente arregalados, enquanto ela tentava recuperar o fôlego.

Ian: Desculpa. – Sussurrou ao lado da morena. Ela fechou os olhos e meneou a cabeça resignada.

E rompendo o silêncio da mesa, a inconveniência falou mais alto.

Megan: Vocês só podem estar brincando! – Exclamou

Se um olhar pudesse matar, Megan estaria morta. Não foi apenas Maite quem a fuzilara com as pupilas dilatas, mas Andrew também.

Contendo os palavrões que estava prestes a disparar contra Meg, Maite encarou seus pais, depois virou o rosto para Alfonso.

Maite: Ela é minha madrinha. – Disse, depois de respirar fundo – Eu ia contar. – Justificou. Poncho rolou os olhos. Phoebe, ainda que alheia à situação, não pôde deixar de perceber o clima que se estabelecera ali. E era um clima bastante pesado.

Andrew: Cara, que bacana. – Soltou ameno. Quase juvenil. Maite esboçou um sorriso, bastante amarelo, diga-se de passagem. E depois ninguém mais falou sobre o assunto. Mas ela já sabia o que eles teriam a dizer. Seus pais diriam que foi um erro, que ela deveria ter consultado Alfonso antes de convidá-la para ser sua madrinha. E ela sabia que eles tinham razão.

Ruth: Seu vestido... – Pigarreou – Vi a foto que você me mandou. Está ficando lindo. – Comentou, mudando o foco.

E então a conversa tomou outros rumos, da curiosidade de Ian às músicas da festa. Durante todo o resto do almoço, no entanto, Maite podia sentir os olhares de Alfonso sobre ela.

Maite: Hey, vou pegar a sobremesa. – Disse, levantando-se – Poncho, me ajuda?

Ele assentiu, sem sequer um resquício de sorriso, e foi com ela.

Maite: Me desculpa. – Pediu assim que se afastaram da mesa – Eu sei que devia ter falado com você antes.

Alfonso: Tudo bem. – Deu de ombros – Sem problemas. – Maite franziu o cenho.

Maite: Você me diz que tudo bem, mas ficou com essa cara fechada todo o resto do almoço. – Alfonso encheu os pulmões de ar, contando até três mentalmente e ponderando se levaria ou não aquela conversa a diante.

Alfonso: Quando você ia me contar? – Perguntou – Não que eu me importe com a presença dela, mas dessa forma parece que você estava fazendo as coisas pelas minhas costas. – Emendou.

Maite: Eu sei que devia ter falado antes, Poncho, mas eu não pensei que você fosse se importar tanto. – Mentira. Ela sabia que ele se importaria. E talvez justamente por isso não tivesse contado.

Alfonso: Eu não estou me importando. – Outra grande mentira. Alfonso não sabia explicar exatamente o porquê, mas ficara extremamente incomodado com a ideia de ver Anahí novamente. Talvez fosse o medo da sensação que o estava deixando daquela forma. Não queria pagar para ver e descobrir que ainda nutria qualquer tipo de sentimento por ela. Que ela ficasse no passado, apenas como uma bela lembrança. A distância da lembrança era segura, e ele não queria sair dela.

Maite: Não é o que parece. – Soltou. – É sério, me desculpa. Eu sei que não devia ter feito nada pelas suas costas. – Alfonso assentiu, encarando o chão. – Você quer que eu volte atrás? Porque a última coisa que eu quero é te magoar, então se a presença dela for te incomodar, eu...

Alfonso: Eu já disse que não me importo. – Cortou, esfregando a têmpora – Está tudo bem, Mai. – Emendou mais ameno – A Anahí é passado, já faz muito tempo, não faria nenhum sentindo eu criar caso por causa disso. – Sorriu, digerindo melhor a situação. Alfonso não poderia agir como um menino assustado. Ver Anahí não implicaria em nada, sequer afetaria a sua vida, convenceu-se. Talvez a presença dela causasse certo desconforto, mas era uma situação com a qual ele saberia lidar naturalmente, pensou.

Never let me go | PausadaOnde histórias criam vida. Descubra agora