deadly sins {l.s}

XII

Louis estava desnorteado. Havia deixado o Evil's sem nem mesmo se despedir de Ricky, que até mesmo tentou chamá-lo, mas Louis correu em direção a porta. Não sabia porque estava tão machucado assim, e nem entendia o porque de Harry ter ficado tão nervoso. Eles não eram nada além de amigos, e ele nem tinha certeza que poderia chamá-lo de amigo, Harry o conhecia muito melhor do que Louis o conhecia; eram muitas informações que precisavam ser compartilhadas antes que um rótulo tão forte como amizade fosse colocado. 

Caía uma garoa fina quando sentiu a brisa do lado de fora da boate, seus olhos se fecharam brevemente e Louis respirou fundo. Já havia passado por coisas parecidas antes, já havia tido clientes que haviam ficado bravos com ele por ter cancelado algum encontro, ou deixado algum deles mais cedo para atender outro que teria mais prioridade. Era isso que Louis fazia no começo de tudo, quando o dinheiro ainda era a sua prioridade. Mas não é mais; Louis havia chegado onde queria, mas a troco de que?

Ele estava mesmo comparando Harry com um cliente? Que absurdo, Louis sentiu nojo de si mesmo por pensar desse jeito. Harry não era nada daquilo; ele jamais poderia ser comparado a um de seus clientes nojentos. Harry era maravilhoso, não o julgou por sua profissão, nem mesmo o tratou como uma prostituta. Para ele, Louis era apenas uma pessoa comum, com uma profissão um pouco mais complexa e até mesmo prazerosa do que as outras; Não tem nada de errado em trabalhar com sexo, desde que você esteja feliz com o que faz, Louis lembrou-se das palavras de Harry. 

Ele estava feliz? Sim, era uma pessoa feliz. Sua profissão não o incomodava nem um pouco, ele não se sentia sujo nem fácil, muito menos usado após tudo o que fazia, afinal ele era bem pago. Mas ele se lembra bem de ter tido uma conversa um tanto séria com Stan na última vez que se encontraram. Seus conselhos foram sábios, mas na hora ele os julgou inúteis. 

"Um dia você pode se apegar a alguém, Louis. E ai? Vai fazer o que? Ter um compromisso sério, mas deixar seu namorado, noivo ou até mesmo marido lá, sentado em casa esperando enquanto você está fora dando pra outro cara? Tudo bem, eu não estou julgando, acho ótimo que tenha achado um ideal pra você mesmo, mas pense nisso. Você não pode ficar nisso para sempre."

Sábias palavras, realmente. 

Percebeu que estava parado na frente do carro há pelo menos quinze minutos quando sentiu seu cabelo já praticamente encharcado. A chuva havia aumentado, e Louis estava molhado por completo, suas roupas estavam grudando em seu corpo e seu cabelo estava uma bagunça. Merda. 

Assim que entrou no carro, ligou o aquecedor. Ele sabia o que precisava fazer, mas não sabia se era o momento certo de se fazer. Olhou pela janela do carro para o prédio do Evil's, no andar de cima havia uma pequena janela que agora fazia todo o sentido; era a janela do corredor, e estava acesa, o que significa que Harry ainda estava por ali. 

Ele ficou tão bravo. 

-x-

"Louis, o que aconteceu? Mergulhou em algum rio por aí?" Lottie exclamou assim que o garoto entrou em casa todo molhado. Ele apenas balançou a cabeça negativamente, e o sorriso desapareceu do rosto dela. 

Ele passou reto por ela, indo até seu quarto e fechando a porta. Não entendia porque seu peito doía tanto, e seu coração parecia estar quebrado em milhões de pedaços, ele não tinha ideia do porque isso estava acontecendo, mas doía muito. 

Entrou no banheiro e encheu a banheira com água quente, e jogou alguns sais de banho. Tirou a roupa e entrou na banheira, afundando na água escaldante, sentindo seus músculos relaxarem aos poucos, e então soltou o ar que segurava desde quando Harry o mandou ir embora. Junto com aquele suspiro, surpreendentemente, Louis deixou algumas lágrimas escaparem. Ele havia magoado Harry, e talvez esse fosse seu maior arrependimento.