Notas de uma relação.

Prólogo

      Já havia um tempo que  acordará, o celular ainda tocava Bird Set Free avisando que deveria se arrumar, encarou o teto e analisou todos os desenhos que fez em um momento de inspiração, um sorriso fraco se formou em seus grossos e desenhados lábios. Uma leve batida na porte arrancou suas ilusões e pensamentos. Se arrumou na cama, murmurou um "entra" enquanto fazia um coque mal feito. Viu a porta se abrir e sua entrada ser tomada por uma mulher de longas madeixas escuras como pinche, uma expressão cansada, porém um sorriso capaz de reviver um morto.

-Filha, tudo bem? -Perguntou se sentando a beira da cama. -Você está se sentindo mal, cansada, fraca? -Bombardeou com várias perguntas.

-Mãe, mãe. -Sorrio ao ver o desespero da mãe. -Eu estou bem, só preocupada com a audição. -Abaixou o olhar. -Estava pensando e se eu não passar, o que eu farei. Pior ainda, como fica todos os anos de sacrifício e humilhação que você teve, para eu esta fazendo essa audição. -A culpa que bateu fez seu estômago revirar. -Eu não me perdoaria nunca. -Rapidamente levantou o rosto e sorrio terna. -Mesmo que isso aconteça, eu irei trabalhar e recompensar tudo o que a senhora fez por mim, não deixarei meu erro atrapalhar em sua vida.

-Chega. -Falou alto e olhou seria para a menor que se assustara com a repreensão. -Diane em momento alguma, eu trabalhei tanto para você dizer tudo isso. Preste atenção senhorita, eu fiz tudo isso porque te amo e vi o que todas essas aulas eram o motivo de sua felicidade e é dessa felicidade que eu via e ainda vejo nos seus olhos quando você canta, dança ou toca. -Os olhos de Diana já marejavam. -Houve momentos que pensei que não fosse conseguir te dar tudo isso, mas o seu esforço apesar de toda a dor me fazia continuar a trabalhar e te dar tudo isso. -Diana começou a chorar, lágrimas finas e calmas. -E não se esqueça que foi graças a sua determinação que tenho um emprego fixo.

-Mãe agora mesmo que eu não quero ir. 

-Porque? -A observou sem entender.

-Porque depois desse seu discurso eu quero passar o dia abraçada com a senhora. -Pulou pra frente a envolvendo em um abraço apertado. 

-Diana eu tenho que trabalhe. -Riu. -E você tem que ir porque se não depois fica chorando, se lamentando pelos cantos da casa de que não foi. 

-Ok Santana. -Chamava sua mãe pelo nome quando a mesma tinha razão. 

      Depois do momento mãe e filha, foi para o banheiro já com a roupa que usaria em mãos. Ligou no máximo e de imediato sentiu a água gelada escorrer por seu corpo despertando o que ainda estava adormecido. O banho foi rápido, o que deu uma balanceada no seu atraso. Deveria está no local às 14:00. Vestiu o vestido, e foi em direção a cozinha onde seu café da manhã a aguardava e sua barriga exigia que deixasse de lerdeza e corresse para o prato com a enorme quantidade de waffles, ao lado do prato tinha um bilhete. 

 "Querida desculpa, esqueci de avisar que teria que ir mais cedo. Como já deve ter comido, não adianta muito dizer algo, não se esqueça de lavar o que sujou e de arrumar sua cama. Seu tênis já esta junto a seu celular e sua mochila. 

Boa sorte, TE AMO.

Beijos."

     Terminou o último waffle , lavou o prato e voltou pro quarto para fazer o que foi mandado. Já tudo arrumado, olhou o relógio e notou que deveria sair de imediato ou perderia o ônibus e a hora do teste. Pegou o All-Star, calçou rapidamente correu na sapateira -que na verdade é uma área do guarda-roupa -, segurou as sapatilhas de balé as avaliou e concluiu com uma careta que deveriam servir, as jogou dentro da mochila que já tinha tudo dentro -desde balas até algo que encontraria depois de 3 meses -, correu para a porta mas voltou para pegar o celular e o fone. Enfim pronta correu para parada chegando lá a tempo do ônibus que estava quase saindo. Se sentou na última cadeira, colocou os fones e deu play, ouvindo Chandelier versão da Madilyn Bailey toma o lugar do barulhento caminho que seria a viagem.