Sombra Na Noite

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"Let me find my piece of heaven Let me find my way back home I want this love to last forever And back together,rise once again From the ashes to the sky"( Gotthard, heaven)

Empurraram um copo de plástico na minha mão,cheirei o conteúdo e dei um gole,acabei engasgando, não estava acostumada a beber álcool.
Eu estava recostada no tronco de uma árvore, obeservando a festa,quase toda a escola estava reunida naquela clareira,alguns pareciam não se importar com o frio e outros se mantinham aquecidos, próximos ao calor da fogueira que havia sido acesa.
Anna estava dançando com um garoto tatuado a alguns metros e Sam trocava beijos em algum lugar escondido entre as árvores com Neill.
Elas queriam me fazer companhia, mas eu não era uma boa companhia pra ninguém naquela noite,e eu queria que ela se divertissem.
Estava uma noite bonita,estrelada, mas fria.
Talvez uma caminhada me aquecesse, pensei largando o copo plástico sobre um tronco de árvore e me afastando da clareira barulhenta e lotada de adolescentes bebados.
Não sabia pra onde estava indo, mas eu não pretendia me afastar muito e ainda conseguia ouvir os sons da música.
Pensei que Harry talvez estivesse na festa, viera com essa expectativa pelo caminho e não conseguira disfarça a frustração quando não o encontrara. Já faziam quatro dias que não o via nem sabia nada dele,desde de o baile.
Me recordei da sensação que tivera em seus braços, da sensação de ser conduzida por ele pelo salão,nunca ficara tão nervosa perto de alguém ou tão fascinada.
Quando Harry estava perto eu esquecia de tudo de ruim que já me acontecera,os meses passados no sanatório eram apenas uma lembrança embaçada. Todos podiam pensar que eu era uma louca, desde que ele ficasse do meu lado,Harry walker enchera meus dias escuros de luz e sua ausência me deixava vazia.
Já não conseguia ouvir os sons da festa,olhei ao redor,me afastara bastante,a noite estava alta,mas a claridade da lua me permitia ver as árvores mais próximas e o caminho a minha frente.
Senti um arrepio,e me censurei,por ter me afastado tanto.
Dei meia volta e comecei segui por onde viera.
"calma Easter, é só fazer o caminho de volta"
Falei para mim mesma,peguei o celular no bolso do jeans e o usei para iluminar melhor meu caminho,agora que estava alerta até os gravetos que se quebravam embaixo dos meus pés me asustavam.
Fora muita tolice me afastar tanto.
Acelerei o passo e arfei quando prendi o pé em uma raiz.
Meu celular rolou pelo chão, fora do meu alcance e eu caí, apenas tive tempo de me amparar com as mãos, protegendo meu rosto,me endireitei e fiquei sentada no chão um instante, quando me ergui escutei o farfalhar de folhas a alguns metros de onde eu estava.
Olhei naquela direção, mas não havia nada.
Fiquei alerta,devia ser algum casal se agarrando entre as árvores, eu devia estar perto da clareira, me abaixei pra procurar meu celular.
As árvores farfalharam novamente, dessa vez mais próximo de onde eu estava. - Quem está ai?!
Minha voz ecoou no silêncio da noite,não obtive resposta, apenas o assoviar da brisa gelada.
Senti arrepios percorem meu corpo,engoli em seco, lutando contra o pânico e a sensação ruim.
Dei alguns passos para trás, sem tirar os olhos de onde a pouco as árvores farfalharam.
Não contive o grito abafado quando a criatura saiu de entre as árvores.
só conseguia ver sua sombra alada parada em uma parte onde a luz do luar não alcançava,seus olhos brilhando malignos.
Dei varios passos para traz, a criatura não se moveu,comecei a correr, ignorava os galhos que batiam no meu rosto e as raízes que as vezes me faziam tropeçar,só queria fugir.
Eu sentia que a criatura me seguia, conseguia ouvir o bater pesado das suas asas na noite, ela não parecia estar com presa, suas asas batiam com suavidade.
Eu corria o mais rapido que pude,estava quase sem forças quando bati em uma superfície solida,braços me seguraram e eu gritei e me debati, estava histérica.
- Sou eu Easter.
Sua voz foi como um sopro de vida, parei de me debater, ele ainda tinha meus braços presos na mãos e me olhava com os olhos cheios de preocupação,senti lágrimas queimarem meus olhos,Harry me puxou para seus braços, e conteve meus tremores.
-Eu estou aqui,não precisa ter medo.
-Não tenho mais.
Falei, me aconchegando em seus braços,o lugar ao qual eu pertencia.

A Sétima FilhaOnde histórias criam vida. Descubra agora