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CAPÍTULO 10:

O que mais custa, num ser humano, é dizer o primeiro "olá" e o último, "adeus".
É inevitável, contrariar esta afirmação, por mais que nós queiramos.
Nós sentimos a grande vontade de dizer um único "Olá", mas e dizê-lo?
E dizer o último "adeus"? Não é árdua essa curta e simples tarefa? Sim é, pois nós temos a perceção que a última palavra, como o "adeus", seja ela dita de forma direta ou indireta, através de atos, ou através de acontecimentos, seja a causa do separamento de duas pessoas.
E o que nós queremos, é absolutamente o oposto.
Então sim, custa e muito mais quando nós, humanos, o pressentimos, embora o nosso pressentimento esteja certo ou errado.
Mas isso, só o destino sabe.

A minha mão que antes estava pousada sobre o tecido escuro das minhas calças, dirige-se ao encontro do ombro do rapaz pálido e sereno.

-Zayn...eu sinto muito.-eu admito, enquanto olho para os nossos pés.-Eu peço desculpa, por ter tomado estas atitudes contigo...eu não devia.-admito, mais uma vez.

-Está tudo bem.-ele parece quer afirmar, porém o seu tom de voz indica o contrário.

-Não, não está.-repreendo-o.

Ouço o som do comboio a aproximar-se, o que me faz olhar para o fim da estação,  confirmando assim, que já era a hora de eu e Zayn abandonar-mos Oxford.

Zayn levanta-se e agarra na alsa da sua mochila preta, colocando-a sobre o seu ombro direito.
Coloco a mão na minha mala, porém a mão de Zayn agarra na mesma.
Olho-o de forma confusa e ele apenas murmura um, "eu levo".

Não impeço a sua ação, não por não querer, pois acho que ele não devia carregar as minhas coisas,.mas sim porque o meu corpo se encontrava fraco, incapaz de ter força para carregar a minha mala, mesmo eu não sabendo o porquê de ele se encontrar assim.

Os pés de Zayn começam a movimentarem-se até à entrada do comboio e eu sigo o seu percurso, indo atrás do seu alto corpo.

Após entrar-mos no transporte, Zayn encara o interior do mesmo, dando a quer entender, que se encontrava à procura de um lugar.

-Ali.-ele avisa, fazendo um pequeno gesto com a cabeça, para o lugar, que ele observou.

Assinto com a cabeça e sigo-o até ao lugar indicado.

O meu psicólogo coloca a sua mochila sobre a cadeira ao lado, e a minha mala sobre uma espécie de suporte de ferro,  que se encontrava em cima de nós.

Após tudo feito, sento-me à sua frente, com o intuito de encarar Zayn.

O seu olhar castanho colou-se em mim e eu não pude deixar de sorrir, mesmo não sabendo o motivo.

Zayn sorriu largamente, deixando a pele das minhas bochechas aquecer.

-Está tudo bem?-ele questiona, fazendo-me assentir atrapalhadamente.

Não sabia o motivo por ter a cor avermelhada nas minhas bochechas, mas sabia que esse resultado me deixou constrangida.

-Tu vives com os teus pais?
Pouco sei de ti, Zayn.-eu digo, tentando fugir ao acontecimento anterior. Mas quando proferi a pergunta, essa mesma têm a intenção das suas palavras.

-Vivo sozinho, numa casa demasiado grande.-ele responde, incompletamente, à minha pergunta.

-E os teus pais?-questiono curiosa.

-Vivem juntos, num sítio cujo o nome é difícil de pronunciar, porém é em França.
E bem...eles achariam que eu tinha tudo para viver sozinho, saber ser independente, percebes?-ele questiona, fazendo-me assentir.

-E como estás em relação a isso?-questiono.

-De certa forma, bem.
Agora parecias uma psicóloga e eu um paciente.-ele disse, soltando uma gargalhada.

-Mas tu não me fazes esses tipos de perguntas.
Como me avalias?-eu questiono, extremamente ansiosa pela sua resposta.

-Segredo.-ele diz, com um olhar misterioso.

E após pronunciar essa palavra, os fones que ele tinha na palma da mão são colocados nos seus ouvidos, os seus olhos fecham-se e a sua cabeça caí para trás.

Dou por mim a observa-lo e a sorrir.

Zayn é lindo, de todas as maneiras, chegando a parecer um anjo que caiu do céu, para me salvar do inferno onde eu vivo.



TOXIC//Z.M #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora