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CAPÍTULO 3:

Algum dia já pensas-te em desistir?
Desistir de tudo? Do que te rodeia? Do que tens pela frente?
Daquilo que poderá vir e não vir?

Eram dez horas da noite, e no meu pensamento, a minha vida já não tinha mais sentido para mim.


As lâminas em cada uma das minhas mãos, cortavam sem dó a pele branca e macia das minhas pernas.

Eu sentia o sangue fervilhar dentro de mim, sentia o mesmo querer se libertar, como um pássaro fechado numa gaiola.

A dor que eu sentia por dentro, era a mais insana que eu poderia alguma vez sentir.
Eu queria desistir, desistir de lutar e de mim.
Eu queria morrer e dar a opurtunidade de viver a uma pessoa, que o fizesse de maneira feliz.

Um corte profundo atinge agora os meus pulsos e eu sinto o meu corpo fracassar e cair no chão.

O meu coração aperta, a minha respiração sufoca-me e eu sinto que a morte iria atingir agora o meu corpo.

O misto de sensações que eu sentia eram indescritíveis.
Eu sentia dor e medo.
Porém, sabia que era o mais certo a fazer, que era o que eu precisava de fazer para ser feliz.

Lágrimas constantes escorrem pelas minhas bochechas, o meu corpo pára automaticamente, a minha visão escurece e eu percebi, que a morte tinha chegado.

***

Um som incomodante ecooa pela minha mente, vozes atravessam os meus pensamentos, soluços são ouvidos e um toque comum está presente na minha mão.

Abro os olhos e os mesmos encaram luz, só e apenas luz.
O brilho reflete por todo o lado e bate nos meus olhos,  fazendo-me fecha-los rapidamente.

-Bella?- a voz fraca do meu pai é reconhecida por mim.

Abro os olhos lentamente e a imagem nítida do senhor de cabelos castanhos aparece na minha visão.

-Pai?-eu questiono supreendida, por ver o meu progenitor e perceber que não morri.

Involuntariamente, lágrimas escorrem pelas minhas bochechas e eu ainda não acredito no facto de estar viva.

-Filha...-ele pronuncia, ainda com a sua voz tremida.

A sua mão quente acaricia o meu rosto e o seu olhar de pena atinge o meu.

-Eu não sabia...não sabia que tu sofrias.-ele admite.

-Eu só queria morrer.-pronuncio alto, deixando lágrimas escorrem pelas minhas bochechas.

-Não digas isso.-o meu progenitor pede, completamente desesperado.

-Mas eu queria...porquê que não me deixas-te ir?-questiono.

O meu progenitor baixa a cabeça e limita-se apenas a olhar para o chão branco, deixando assim o silêncio preencher a sua resposta.

-Eu não sei o que é viver! Não sei o que é sentir! Eu não tenho ninguém! Nem mesmo tu!
Tu não percebes que o mais certo para mim é a morte?
Ela é a minha cura, a minha salvação!-digo, revoltada.

-Tu estás doente.-ele avisa, com um tom ríspido e baixo.

-Eu não estou doente!-grito.-Eu só quero desaparecer!-admito, enquanto me debato contra os fios que estão inseridos por todo o meu corpo.

O meu pai chama por uma médica e esta logo aparece, um pouco aflita.

A mesma dirige-se até mim e tenta acalmar-me com frases absolutamente desnecessárias.

-Tenha calma, ou vou ter que tomar medidas?-questiona com um olhar ameaçador.

O meu corpo caí derrotado na cama de hospital e um suspiro profundo saí por entre os meus lábios.

-Saí.-peço, num grito para o homem que se encontra ao meu lado.

O meu progenitor baixa a cabeça com o meu pedido, porém faz o que eu lhe peço.

-Mais tarde, vêm aqui uma pessoa.-ele avisa, fechando logo em seguida, a porta.

Na minha mente louca e confusa, um neurônio tenta encontrar o rosto de alguém conhecido que me queira ver.
No entanto, o meu coração avisa o meu cérebro que não existe ninguém, ninguém que queira saber de mim.
Nem eu própria...

TOXIC//Z.M #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora