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BLAKE MONTGOMERY

Talvez correr não seja a melhor opção mas no momento é a única, limpo as lágrimas.
O medo corre por minhas veias, meu corpo todo está tremendo só de lembrar em como o ser humano pode ser tão cruel. Como pude amar alguém assim?
Ele é insano, e eu estou com medo como nunca antes.

Entrei no ônibus, era o último da noite e minha última chance de fugir, ele me levará até a rodovia e antes da fronteira eu posso descer e correr pela floresta em busca de algum lugar.

[...]

Após andar longos minutos em busca de qualquer casa abandonada pela floresta vi uma casa. Luzes acessas e fumaça saindo da chaminé. Quem além de mim tem coragem de morar no meio dessa floresta?

Vi isso como uma oportunidade de descanso pelo menos até amanhã, creio que a polícia comece as buscas durante a tarde.
Fechei a porta tendo a visão de uma casa com uma decoração rústica e crendo que a mesma caiu do céu.
Sentei no sofá desabando em lágrimas, eu fiz mesmo aquilo?

-Quem é ela?-Ouvi uma voz feminina, merda! Levantei imediatamente limpando as lágrimas.

-Não faço ideia!- O homem respondeu tão confuso quanto a mulher ao seu lado.

-Se não conhece tire ela daqui Abel!- A mulher parecia irritada.

-Por favor, eu imploro que me deixem passar a noite aqui! Juro que amanhã vou embora!" Implorei quase me ajoelhando e chorando outra vez.

-E quem você acha que é pra deixarmos passar a noite aqui?- A loira cruzou os braços me olhando, o rapaz de cabelos crespos e olhos castanhos me olhou fixamente.

-Candice olha o estado da moça! Parece que ela viu um fantasma de tão assustada. Alguém mexeu com você?-ele apontou pra mim.

-Se não a conhece porque quer deixar ela ficar?- A mulher o encarou com raiva. -Quer saber, eu vou embora!- Começou a subir as escadas.

-Não, sem confusão eu só pensei que a casa estava vazia. Vou embora, de qualquer forma obrigada e me desculpa pela confusão e invasão.- Olhei para o rapaz simpático que respirou fundo. Limpei meu rosto, peguei minha mochila e saí.

Não faço ideia de que horas sejam, eu estou com tanto medo!
Fechei os olhos em meio ao soluço me encostando em uma árvore, eu só preciso descansar.
Não sei o que vai ser da minha vida amanhã e nem quero pensar.

-Ei!- Senti alguém me balançar.

Abri os olhos assustada vendo o homem simpatico na minha frente.

-O que faz aqui?- Questionei assustada olhando para os lados, ele me seguiu?

-Não poderia deixar você nesse estado dormir pela floresta!- Ele ergueu a mão pra mim.

-Não quero lhe dar problemas com aquela moça!- Neguei com a cabeça.

-Ela foi embora.- Ele continuou com a mão erguida. -Precisa ficar só essa noite?- Ele perguntou.

-Sim, é só essa noite e amanhã vou embora.- O segui e avistei uma moto. Ele subiu nela e me convidou pra subir.

Após estacionar a moto na garagem da casa entrei atrás dele.
Eu não consigo parar de pensar sobre o que vou fazer, e pra onde vou ir.
Mamãe jamais pode saber, eu devia ter a escutado e agora estou sozinha.

-Está com fome?- Ele perguntou enquanto eu observava as fotos espalhadas pela sala.

Assenti com a cabeça o observando ir até a cozinha.
Me sentei no balção de frente ao fogão enquanto ele começou a preparar algo, ele é um rapaz bonito e me faz questionar internamente o que ele faz numa casa dessa escondida na floresta.

-Porque estava chorando? E porque apareceu do nada por aqui?- Engoli a seco.

-Meus pais me expulsaram de casa!- Sei que é errado mentir, mas ele pode me entregar pra polícia. Não posso confiar, não agora.

-Nossa! Por que eles fariam isso com você?- Ah pare de perguntar tanto.

-Eu estou grávida!- Ele me olhou assustado.

-Como eles fizeram isso com você?- Ele parou o que estava fazendo e se aproximou de mim.

-Simplesmente fizeram!- Engoli a seco, eu sou uma pessoa horrível e destruo tudo ao meu redor.

-Não chore, venha comer!- Ele me puxou até o sofá. -Esquentei essa sopa pra comermos.- Ele voltou pra cozinha trouxe a sopa e se sentou ao meu lado.

-Obrigada!- Sorri pra ele.

Não sei o que vai ser do amanhã, muito menos como vou fazer pra esquecer aquela cena, eu só preciso correr como nunca sem sequer olhar para trás. Eu preciso muito pensar no que fazer e como fazer.
Meu coração acelera só de pensar no que passei quanto isso me machucou, a única coisa que me mantem firme no momento é a vontade de viver e dar a essa criança a vida que merece.
Caso contrario eu estaria destruída e sem forças para seguir essa longa jornada.

Abel está sendo uma ajuda e tanto. Nunca vou me esquecer disso!

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