Para aquela amiga
que veio embalada no vento.Era tão leve seu olhar que me sufocava.
Acabava de chegar de uma longa viagem,
a bagagem pesava, mas me sorria
sem segredos em seu silêncio.
Quanto tempo levava para cruzar o deserto?
Chegava a minha porta e se deitava ao comprido do caminho.
Por que queria minha presença?
Era ela toda sedução, ainda que eu fosse cego.
Agora estava anunciando
que eu teria de ser forte.
"Por que todos me deixam?", indaguei baixinho.
Sei que ela se perdia no horizonte sem olhar para trás.
Que eu fosse forte, o mundo está
cada vez menor, mas o sorriso é imortal.
Não vi quando ela partia,
e agora continuo achando
que ela nunca veio.
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Paisagem Desajustada
PoezjaVersos soltos, desses pelos quais ninguém pagará um centavo, leitura sem engajamentos, baseados na parca imobilidade de um interiorano.