The Ice Cream Shop

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Certo tempo depois, sai do meu quarto indo até a cozinha. Eu pensei em dar uma volta na vizinhança para conhecer gente nova - coisa que não eu queria fazer, de fato - o ideal a se fazer.
- oi, meu amor! Gostou do quarto? - minha mãe tinha me perguntado. Ela era muito boa as vezes.
- gostei sim, mãe - sorri agradecendo pela decoração - eu posso dar uma volta pela rua? Só pra me familiarizar?
- claro. Mas tome cuidado.
- cuidado é meu nome do meio.
Como se fosse mesmo. Eu sou o desastre em pessoa.
Saí de casa e comecei a andar pela calçada, e acabei reparando que a rua onde morava era muito bonita. As árvores estavam balançando conforme ao vento que batia, e as folhas caíam calmamente, como se estivessem dançando. Crianças brincavam na rua, outras andavam de bicicleta. Elas repararam em mim, e acabaram acenando, e eu sorri para eles, acenando de volta. Vizinhos simpáticos, estou gostando disso...
- olá!
Rapidamente coloquei a mão sobre meu peito com o susto, e me virei para ver se era aquele mesmo menino do topete do doutor. Era o mesmo. Era bem alto, e seu cabelo parecia que estava cheio de gel. Ele também tinha um sorriso bonito, que me fazia sorrir da mesma forma que ele.
- hey - falei tímida, olhando para o chão. Comecei a caminhar e ele me acompanhou.
- é Juliane, não?
- sim
- O meu é Matheus, prazer em te conhecer - sorriu - novamente, é claro - brincou e acabei rindo.
- prazer
Acabei levantando a cabeça, olhando diretamente em seus olhos. Não podia não notar, ele era bem mais bonito de perto.
- você é um moça bem bonita - sorriu.
- ah, obrigada.
Acho que minhas bochechas ficaram vermelhas. Raramente eu recebia um elogio. Minha aparência não era uma das melhores.
Eu nunca fui daquelas modelos de manequim 34. Sempre fui 44 e não tenho tanto orgulho disso.
- desculpa, eu deveria conter minhas palavras às vezes.
Eu sorri meio boba.
- você não precisa se desculpar. É que eu não sou acostumada a receber elogios mesmo.
- mas você é uma garota tão bonita! Pessoas como você deveriam receber elogios.
E cada vez mais sentia minhas bochechas arderem.
- obrigada, Matheus. Você é muito fofo - olhei sorridente para ele.

Começamos a caminhar novamente, agora lado a lado pela calçada. Eu sentia o perfume do Matheus, e era um cheiro não tão forte, mas era tão bom que as vezes eu pensava em abraçar seu pescoço só para ficar ali cheirando. Sim, eu tenho uma coisa muito louca por perfumes de garotos.
- Juliane?
Matheus chamou, me tirando do transe.
- oi.
- quer ir na sorveteria comigo? - o sorriso veio após a frase. E eu não sabia se responderia sim ou não, mas como eu queria conhecê-lo melhor, acho que seria uma grande chance de fazer isso.
- adoraria - retribui seu sorriso.
Seguimos nosso caminho até a sorveteria. Diz Matheus que ele sempre vai ali para pensar na vida, e que é um bom lugar para passar os momentos de solidão. Acho que ele devia ser um tanto solitário.
- chegamos.
Ele deu espaço para entrar, e acabamos rindo da sua forma de agir. Fomos até o balcão e pedimos um sorvete de pistache, e outro de morango. Pegamos os nossos sorvetes e sentamos na mesa.
- eu nunca comi pistache, vai ser minha primeira vez. - brinquei, mexendo no sorvete com a colher.
- sério? É muito bom! - sorriu - come...
Dei uma colherada no sorvete e comecei a chupar a colher. Comecei a sentir o gosto e era muito bom.
- é gostoso - dei uma risada fraca.
- eu sei - Sorriu, ele começou a reparar em mim - Você veio de onde?
- Do Rio de Janeiro, mas logo tive que me mudar por conta do trabalho da minha mãe.. Ela viaja muito, e tenho que me afastar das pessoas que eu gosto.
- que pena. Mas, tomara que você fique aqui em Uberlândia.
- tomara...
Demos uma pausa da conversa e começamos a comer nosso sorvete. De repente Matheus fala, e eu não presto muita atenção:
- agora vou te tornar a moranguinho.
- ahn?
Matheus tinha passado o dedo no sorvete e sujado meu rosto, eu estava suja de morango.
- Matheus! - Gritei.
- o que foi?! Agora você é a moranguinho, ué! - riu.
- ah, é? Agora você é o Shrek.
Fui pra cima do garoto sujando ele todo de pistache, e ele parecia mesmo o Shrek de olhos negros e cabelo topete. Ficamos assim por uns 10 minutos e acabamos indo para o banheiro nos limpar.
- aqui - passei a toalha pra ele.
- obrigado - se limpou. Após a isso, acabamos saindo da sorveteria e esbarramos em dois garotos que estavam sorrindo de uma forma estranha para Matheus.
- oi Michael, como você tá?
- eu estava bem - ele parecia meio estressado. A forma dele abaixar os olhos de uma forma estranha era bem perceptível.
- e quem é você, moça? - um dos garotos, de cabelos castanhos e olhos mel, acabou tocando meu queixo - aposto que deve ser que nem o garotão ali - ele riu.
- deixa ela em paz, André. - agora eu sabia quem era o garoto - vão embora, por favor.
- Olha, ele tá pagando de machão pra impressionar a garota! - ele tinha um sorriso macabro. Psicótico - mal sabe que ele é um fracote. Um idiota que não sabe como é um beijo - ele despejava tudo na cara do Matheus, eu já comecei a ficar enjoada - otário. Você nem merece viver. - Eles foram embora e Matheus permanecia imóvel. Olhando apenas para o chão com as mãos cerradas. Parecia que iria chorar.
O que foi isso?
- ei, vocês dois - eles me olharam - vocês não tem respeito pra ele, e nem se quer pra vocês. Eu acho que os dois deveriam calar a boca, por que são dois otários que tenho pena da vagina da mãe de vocês, arrombaram elas. Elas devem ter decepção de ter filhos como vocês. Idiotas.
- cale a boca, piranha - o amigo de André gritou.
- pode me chamar do que quiser, não to nem ai. E me ameaçar não vai me deixar com medo, nem mesmo por alguém como você - sorri, e peguei a mão de Michael para irmos embora para um lugar qualquer.
Ele acabou me guiando para uma outra rua, e ali era uma escola grande e bonita. Suas cores eram brancas e azuis.
- você estuda aqui? - Ele apenas assentiu, não dizendo nada. Aquilo me assustava, por que eu sabia que ele não queria dizer nada mesmo. Eu queria saber o que ele estava pensando, seria algo sobre aqueles garotos, eu tenho certeza.
- Matheus - ele me olhou - por que eles estavam falando aquilo de você? - peguei em sua mão novamente, agora fazendo carinho na mesma. Ele parecia ter gostado disso.
- eu posso te contar mais tarde? - seus olhos de preocupação brilhavam.
- claro. Tudo no seu tempo - sorri e ele retribuiu.
- obrigado.
E seguimos nosso caminho até em casa, terminando em um abraço e sorrisos.

Meu amor psicopata || PK - Matheus NevesOnde histórias criam vida. Descubra agora