1º ~ baile de mascaras?

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Começo a pensar que sou a pessoa que mais odeia a escola à face da terra. Odeio a escola e odeio tudo o que me faça acordar cedo e sair da cama a uma segunda-feira de manhã.
Mas, pensando bem, a escola nem é o problema. Mas sim os testes e trabalhos que temos que fazer para "testar" a nossa inteligência. Estou no 12º ano e ainda não entendi como é que vamos conseguir dizer tudo o que aprendemos até aqui, no ensino secundário, com exames de 90 minutos.

Depois de mais de 30 minutos a dar voltas na cama e a ver as minhas redes sociais, decidi finalmente me levantar e ir escolher uma roupa. Para a maioria das raparigas costuma ser a parte mais difícil do dia, mas para mim ( e digo isso com todo o orgulho ) isso nunca foi um grande problema. Sou uma simples rapariga de 17 anos que tudo o que tem de make up é um lápis preto de olhos, um rímel e um batom vermelho, este último que nem sequer fui eu a compra-lo.

Depois de ter escolhido a minha roupa para hoje, entrei na casa de banho numa correria enorme que podia sentir os meus cabelos castanhos nem escuros nem claros voarem á medida que corria para esta mesma. Liguei a água quente e tomei um duche bem rápido. Saí, sequei-me e, por fim, vesti a roupa que teria escolhido.
Olhei-me no espelho e não me senti bonita nem feia. Senti-me comum, senti-me como se não me destacasse das outras pessoas igualmente comuns se olhassem para uma multidão e eu estivesse lá no meio.

Passei rímel e batom, como todos os dias é costume. Saí da casa de banho, peguei na minha mochila, que, agradecendo a deus, não se parece com o "saco de batatas" que normalmente carrego ás costas.

"Bom dia, pai" exclamo, enquanto desço o último degrau da escadaria de minha casa e me sento na mesa, onde era agora servido o pequeno almoço.

"Bom dia, querida " diz, enquanto se levanta da mesa e me dá um beijo na testa. " Vou ter que ir querida, não sei a que horas volto. Podes trazer a Cleo para cá dormir, se quiseres. " a Cleo era a minha melhor amiga. Conhecemo-nos desde que nascemos, que por coincidência, foi no mesmo hospital, no mesmo dia e para terminar, no mesmo quarto. E o meu pai, o meu pai é um autêntico homem de negócios. Trabalha dia e noite, e mal pára em casa. Não me queixo, pois quando preciso dele, apenas preciso de estalar os dedos que ele vem a correr, ver o que se passa. Como se fosse um anjo da guarda, podemos não o estar a ver, mas quando precisamos mesmo dele, ele está sempre lá.

Leventei-me da mesa, peguei nas minhas coisas e saí de casa. Não quis que o Adolfo ( meu motorista particular, que o meu pai insiste que me leve para todo o lado.) me levasse. Apetecia-me andar um pouco e, assim, aproveitava e ia até casa da Cleo, para irmos juntas para a escola.

CHAMADA ON
Cleo: "estou, emma? "
"Estou? bom dia, querida" digo com a minha voz de pessoa mais alegre do mundo, que ela tanto gosta.
Cleo: "madrugaste hoje, foi? " pergunta Cleo, enquanto solta uma risada inocente.
"Parece que sim, e podes vir descendo, estou à porta de tua casa. Aproveitei e vim andar um pouco. Vá, despacha-te bebé." digo, enquanto desligo o telemóvel e o guardo no meu bolso de trás dos meus jeans pretos.
CHAMADA OFF

Depois de ficar quase 10 minutos à espera que a Cleo descesse ela finalmente aparece. A cleo era a típica rapariga que se arranjava, por vezes até demais, para ir para um simples dia de escola. Enquanto para mim bastavam umas calças pretas com uma t-shirt com uma frase fisiolófica e um casaco, simples, preto. Não me arranjo mais porque não tenho condições ou uma coisa parecida, muito pelo contrário. O meu pai é um dos melhores advogados do país e não me posso queixar da vida que levo. Apenas gosto de ser simples, e não dar nas "vistas".

Olho para o portão gigante de casa da Cleo e vejo-a com um enorme sorriso na cara a vir correr para mim enquanto envolve os seus abraços à volta do meu corpo. Eu simplesmente adoro os abraços da Cleo, faz-me sentir protegida e ao mesmo tempo pensar que os problemas, por meros segundos, desaparecem.

"Bom dia, boneca" exclama, rindo, enquanto me deposita um beijo na bochecha. Acabo por fazer o mesmo.

" Bom dia, giraça" solto uma gargalhada e deposito o mesmo beijo na sua bochecha, agora vermelha devido ao frio.

Não posso dizer que a casa da Cleo ficava perto da escola. Mas, neste dia, isso não era importante pois ambas queríamos andar e apanhar um pouco de ar fresco. Depois de 20 minutos, chegamos ao sítio que possivelmente mais odeio no mundo inteiro, a escola.

A escola estava exatamente com as mesmas pessoas, as mesmas mobílias, já velhas devido ao passar dos anos e com as mesmas auxiliares de educação. Mas sentia que alguma coisa estava diferente, pois é.. a escola estava infestada com folhetos sobre o famoso baile de máscaras que iria se realizar, sexta-feira à noite.

" Olá meninas, espero que possam vir, não se vão arrepender e já sabem venham com a vossa melhor máscara e não se esqueçam de votar no melhor disfarce feminino e masculino! " diz um rapaz, alto de olhos verdes enquanto nos entregava em mão um folheto sobre esse mesmo baile. Eu não queria ir, odiava festas fosse de que tipo fossem. Mas claro, que a Cleo tinha que insistir.

"Va lá emma, tu tens que vir comigo! Tenho a sensação que vai ser uma noite pra recordar pra sempre, va lá va lá (...) " decidi interrompê-la antes que o meu cérebro começasse a fazer eco e apenas comecasse a ouvir a voz da Cleo a dizer va lá.

" Eu vou pensar no caso okay? Afinal de contas, é so sexta feira. Vou pensar no assunto e depois digo te alguma coisa."

" Isso vindo de ti é um sim por isso." diz enquanto vai para a sala aos pulos como se tivesse molas nos pés e estivesse completamente nas nuvens.

Reviro os olhos, como faço a maior tempo do tempo a quase tudo e vou para dentro da sala, sento-me na última mesa ao pé da Cleo, como é habitual. Estava tudo perfeito até uma coisa grande, verde e nojenta me ocupar o campo de visão. Parece mesmo a descrição de um ogre não é? Pois, bem que podia ser um.

" Levar com esta cara logo de manhã só pode ser castigo de deus. " digo, enquanto tiro o meu caderno e o meu livro juntamente com o meu estojo para fora.

" Sabes, depois destes anos todos, ainda não consegui perceber o porquê de odiares tanto o Luke". pra ser sincera, nem eu própria conseguia explicar o porquê disso mesmo. Não sei o porquê de o odiar tanto, mas sei que o odiava e sei que ele me irritava só de saber que estava a respirar o mesmo ar que ele.

anonymous kitty ~ 1º temporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora