Capítulo1: Sangue e Pólvora

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CAPÍTULO I

Sangue e Pólvora

"A intolerância de ser acostumado

A viver intensamente apaixonado

Lhe reserva um coração

Predestinado a sangrar

Em um quarto vazio e frio ..."

(Até Parar de Bater - Reação Em Cadeia)

Remei na direção da orla do Guaíba, não havia iluminação nenhuma ali a não ser pelo céu estrelado que refletia nas águas negras. Respirei fundo devagar deixando aquele ar fresco encher meus pulmões. Olhei no relógio, o visor embaçado pela água. "Droga"

- Blá, blá, blá olha como me importo... - ouvi vindo de um dos contêineres. "Que estranho?" As vozes estavam exaltadas, larguei a prancha na areia e me aproximei, uma loira empunhava uma pistola. Encostei o corpo contra a parede metálica, abri um zíper da roupa e tirei o celular. "Em quem ela está mirando?" Liguei a câmera e desativei o flash. "Não consigo ver o rosto. Talvez seja melhor ir embora"

Um estampido seco ecoou. "Merda, preciso fazer alguma coisa!" A loira olhou rapidamente para os dois lados e guardou a pistola na bolsa. "Filha da mãe!" Ela entrou na limusine e sumiu na noite. Desliguei o celular e corri para o contêiner.

"Meu Deus!" A mancha vermelha crescendo sobre o vestido branco.

- Meu bebê. - Sussurrava a noiva perdendo a consciência.

Segurei o fino pulso, "batimentos fracos." Peguei o celular e liguei para o SAMU.

- Aqui é o Dr. Diego, preciso de uma ambulância. Jovem com ferimento a bala no abdômen.

- Qual a localização? - Indagou a telefonista do outro lado da linha.

- Orla do Guaíba. - Olhei em volta tentando achar um ponto de referência em meio a todas aquelas caixas metálicas. - Número 88.

- Certo, mandarei uma unidade. - A telefonista desligou.

Ajoelhei-me ao seu lado e removi a coroa que prendia o véu.

- Você vai sair dessa! - Tentei confortá-la arrumando o véu como uma almofada improvisada.

Pressionei as duas mãos sobre o ferimento tentando conter o sangramento.

- Tu tens que tentar ficar acordada, me fala teu nome. - Ela tentou abrir os olhos mas voltou a ficar inconsciente.

Com a mão esquerda continuei o procedimento e com a direita retirei a aliança e guardei junto com o celular. "Sirenes"

- Ajuda está vindo, aguenta mais um pouco.

A ambulância estacionou na entrada do contêiner e as portas foram abertas com rapidez. Dois paramédicos desceram e posicionaram a maca ao lado da jovem.

- Ferimento a bala no tórax. Pouco menos de dez minutos do ocorrido. - Expliquei, enquanto eles a colocavam no interior da ambulância. - Vão leva-la para a Santa Casa?

- Sim, o que o senhor é da moça? - Questionou o motorista olhando pela janela.

- Nada. A encontrei aqui quando estava praticando standpadle. Sou Doutor Diego Fontes, encontro vocês no hospital.

As portas da ambulância foram fechadas e o motorista assentiu com a cabeça. Corri até onde havia largado a prancha. Minhas mãos ainda estavam sujas de sangue, me agachei e lavei-as na água fria do rio, até que o vermelho desaparecesse de vez. Peguei a prancha e voltei caminhei apressadamente até a picape estacionada não muito longe dali.

CEO: Quebre Todas As Regras Vol 2 **Degustação**Onde histórias criam vida. Descubra agora