Capítulo 8: Apenas Negócios

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Capítulo VIII

Apenas Negócios...

Como eu me tornei tão detestável?

O que você tem que me faz agir desse jeito?

Eu nunca fui tão indecente

(Please Don't Leave Me - Pink)

Não foi fácil convencer a diretora do Hospital a me deixar acompanhar o caso da misteriosa noiva que havia sido baleada, mas algumas artimanhas como uma boa trepada a fez mudar de ideia. "-Eu sei que está muito envolvido com essa moça, mas já que insiste tanto, permitirei que acompanhe o caso ao lado do Doutor Israel."

Uma noite segui o velho até um bar onde alguns médicos costumavam beber. Ele estava sentado sozinho em um canto mal iluminado, observando uma dançarina rebolar sensualmente, esfregando-se no mastro localizado bem no centro da taverna.

- A próxima rodada é por minha conta. – Anunciei sentando de frente para ele.

Israel balançou os ombros com indiferença e continuou admirando a dança erótica. Sinalizei para a garçonete para que trouxesse mais duas cervejas.

- O senhor acha que a noiva tem alguma chance de sobreviver? – Perguntei sem rodeios.

- Não sei, provavelmente não. – Respondeu esvaziando o copo de uma única vez.

A garçonete deixou as garrafas na mesa e sorriu,

-Se precisar é só chamar – Colocou um pequeno pedaço de papel no bolso de minha camisa e saiu rebolando.

Esperei a garota se afastar e me inclinei sobre a mesa.

- E quanto a criança, acha que tem chance?

- Talvez, provavelmente irá para um desses depósitos de órfãos do Estado, isso se nascer.

A frieza com a qual Israel falava de Ana tornou a abordagem mais fácil.

- Tenho uma proposta, Doutor.

Coloquei a valise sobre a mesa.

- A mulher naquela cama é apenas uma casca, e como o senhor mesmo disse provavelmente não sobreviverá por muito tempo. Aqui. – Apontei para a maleta – Tem um milhão de reais, e um documento onde assina que a paciente entrou em trabalho de parto dando a luz a um natimorto.

Ele arregalou os olhos e passando a mão sobre a lisa careca.

- Quer que eu faça o aborto em uma mulher em coma? – Perguntou incrédulo.

- Um aborto não, um parto. Os papéis sobre a curetagem cobrirão os rastros sobre essa criança.

Israel olhou para a valise e lambeu os lábios. "Todos tem seu preço" Pensei vitorioso.

- O que fará com essa criança? - Disse num sussurro.

- Irá para uma família com boas posses. – Assegurei tamborilando os dedos sobre a valise.

- Preciso pensar.

- Não há tempo. Isso tem que acontecer hoje.

Retornei para o hospital sozinho e com um milhão a menos. Troquei de roupa e iniciei a higienização, friccionando o sabão formando uma densa espuma até os cotovelos. Na parede do vestiário o relógio metálico marcava duas da manhã. "Tenho uma hora. Essa criança precisa nascer com vida. "

CEO: Quebre Todas As Regras Vol 2 **Degustação**Onde histórias criam vida. Descubra agora