Capítulo 1

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Sinto a brisa forte bater em meus pelos enquanto corro pela floresta. Nenhum ser consegue atingir a velocidade que alcanço, mesmo por que, não sou um ser comum, sou Zack Burten, o único lobo que existe no sul desde o ataque do clã e da matilha do Norte.

Desde então, sou treinado para proteger a cidade e aqueles que amo. Sou preparado para todos os ataques, uma máquina mortífera.

Naquele dia posso ter perdido toda minha família de sangue e minha matilha, mas decerto eu os honrarei nessa batalha, eles não morrerão em vão e aguardo calorosamente para ver o sangue dos nossos inimigos em minhas mãos.

Apesar da desgraça que se abateu sobre minha existência, fui recebido por uma nova família, pessoas que me ajudaram, deram-me uma base para chegar a onde estou.

Ema me acolheu como se fosse seu filho biológico, minha mãe Lana me levou com dificuldade até a família Collins, ela sabia que não conseguiriam sobreviver àquela luta e eu sinto raiva de mim mesmo por não ter ajudado naquela época mesmo sendo uma criança, eu deveria ter lutado, mas sei que o destino ainda me pregará peças e preciso estar preparado quando chegarem.

Eros, meu pai adotivo, que possui uma força muito além dos de sua espécie, cuidou para que eu trilhasse sempre o bom caminho e, se hoje sou forte, devo a ele, que renunciou a seu tempo, com o único objetivo de vingar todos àqueles que morreram, para que nós do sul, não sucumbíssemos à soberania dos vampiros e lobos do norte.
Treino dia após dia, semana após semana, para manter meus reflexos. O exercício me torna mais ágil e veloz. É preciso estar atento, principalmente aos ataques surpresa, nunca se sabe de onde virá o golpe.

A mata sempre está a nosso favor, tolo é aquele que não a usa em meio ao confronto, sei identificar cada parte dela é uma das minhas melhores habilidades.

Em mais um dia de treinamento, chego próximo aos limites da cidade de Nechvew, a cidade é pacata tem muitos moradores camponeses, quase não habitada por sobrenaturais e sim por humanos, já Foranger abriga a maior parte de vampiros já que os lobos do sul foram extintos e os humanos que habitam ali, moram em uma parte superior, quase não se encontram com os vampiros, só restando eu de lobo em todo sul.

Começo a voltar assim que os limites da cidade foram atingidos só que dessa vez, traço um caminho diferente para que eu consiga absorver o quanto eu puder do lugar a qual habito, gosto de sempre ter outra forma de atacar meu adversário, é de mim, algo que não consigo explicar simplesmente surge essa necessidade de sempre estar um passo a frente.

Já estava chegando em casa, quando vejo Bernardo e Tristan, meus irmãos adotivos, mais uma vez, apostando corrida. Sigo na direção deles e pego impulso para disputar junto a eles.

Passo por Bernardo e dou um salto, ultrapassando Tristan. Corro em direção ao penhasco, que é como uma rotatória, e fico em primeiro lugar. Bernardo ainda está desenvolvendo suas habilidades e Tristan aproveita para sempre o ultrapassar, ele é esperto e ardiloso. Quando me concentro para saber a sua localização, sou ultrapassado por Tristan, que consegue ganhar usando grande velocidade.

— Cara! Não vale supervelocidade! -Falei para Tristan rindo.
-Falou o lobo que pula quase dez metros! -Rebateu Tristan.

— E cadê Bernardo? -Perguntei olhando em volta.
-Não sei, vou ver se ele está bem. -Disse Tristan indo mata adentro.
Chego perto de casa e meu pai está na varanda com seu olhar penetrante e severo de sempre. Ele me avista e se levanta.

— Zack chame seus irmãos e venham até meu escritório. -informa.

A maneira que me olhou foi estranha, muito rígido, e isso só acontece quando algo não está bem, ou quando quer nos dizer algo que não estamos acostumados.
Fui chamá-los, como meu pai havia pedido, nos dirigimos para seu escritório. Toda família estava reunida, apreensiva se entreolhando, na ânsia de que alguém soubesse do que se tratava aquela convocação repentina, porém, ninguém se pronunciou.
Ema, minha mãe, estava ao lado de Eron. Ela o apoia em tudo, até mesmo, quando não concorda com certas atitudes dele. Senta-se ao seu lado e segura sua mão, é estranho, pois, os vampiros antigos não demonstram afeto em público, apenas quando estão com suas emoções em desiquilíbrio.
Meu pai estava sério, ele sempre é assim, mas hoje está um tanto sombrio. Parece procurar as palavras certas, enquanto nos encara, para não ter que se repetir, pois, é tudo o que mais odeia.

— Daqui a exatamente um mês, estaremos encarregados de deixar a cidade segura, em um evento muito importante aqui em Nechvew. Acontecerá a convenção das Sete Chaves. -Disse meu pai pausadamente. — Vocês sabem, tão bem quanto eu, que isso atrairá muitos forasteiros e também pessoas do Norte, assim, nos deixando mais vulneráveis a ataques. Pedi ajuda a amigos do Sudeste de Foranger que mantemos contato, para nos auxiliar na manutenção da segurança da cidade e proteger os vampiros novatos que estão em treinamento. -após uma nova pausa, retoma — É crucial que todos fiquem em alerta máximo para toda e qualquer situação que possa ocorrer, temos que estar preparados para tudo, até mesmo o pior.

— Como podemos nos defender sendo que estaremos preocupados com a convenção anual mais importante da cidade? -Ou não participaremos dela? -Indago impaciente.

— Zack sem muitas perguntas, por favor, o que tenho a dizer é que somos capazes e que se eles aparecerem é só acabar com todos de uma só vez, somos ou não o Clã mais poderoso da cidade? -Perguntou meu pai enfático.
Ele sabe o quanto somos fortes, afinal, também é por isso, que somos tão respeitados em todo reino místico.
— E quem virá para nos ajudar? -Pergunta Bernardo.

— Bom, já que tocou no assunto, serei direto e bem claro. Estaremos com muitas visitas e pessoas de nossa confiança aqui, a partir da próxima semana, e quero que vocês se comportem, não me desobedeçam e cumpram tudo o que lhes disser, entenderam? -Nos olha mais austero que nunca.

— Sim! -Respondemos, nos olhando.

— Não pode nos adiantar quem virá? -Pergunto.
— Tudo no seu devido tempo filho. O importante agora é se concentrar em seu treinamento e o executar nos mínimos detalhes com precisão. -Respondeu-me firme.

A reunião foi encerrada e essa tensão a cerca da convenção na cidade, me deixa apreensivo sobre tudo que possa ocorrer e nem mesmo sabemos, ao certo, a não ser meu pai é claro, o que acontece nessa reunião de todos os clãs.
A convenção das Sete Chaves se iniciou sete anos depois da guerra. Um tratado de paz foi declarado, pois, a batalha se arrastou durante vários anos. Diante de tantas perdas e já ter dizimado muitos povos, o conselho se reuniu para por um fim ao massacre, visto que o propósito da guerra já havia se perdido há muito tempo. Firmado o tratado, foi estabelecido que a cada ano fosse feito uma reunião, uma espécie de confraternização, para revalidar os votos de paz. Assim, a convenção acontece todos os anos e os povos remanescentes vêm para Nechvew para celebrar a paz estabelecida.

A convenção recebeu esse nome, pelo tempo que levou até que realmente tudo fosse apaziguado. Durante um período ainda se praticava a tortura, aconteceram muitas mortes sem necessidade. Em meio a essas ocorrências, alguns clãs foram extintos, outros, se fortaleceram e cresceram e a paz foi restabelecida aos poucos.
A celebração reúne cerca de 100 mil indivíduos de diversos cantos do mundo e, normalmente, ocorre uma briga ou outra, mas nada tão importante, segundo sei, para deixar meu pai tão cauteloso como desta vez algo grande está prestes a acontecer e é crucial que não deixemos escapar nada para manter o absoluto controle sobre o evento.

Chego à cozinha e vou para despensa escolher alguns ingredientes para preparar algo para comer. Percebo que está cheia, o que me faz deduzir, que ninguém da casa consumiu qualquer alimento nestes últimos dias, em outras palavras, estão à base de sangue.

Existem duas formas de um vampiro se alimentar, seja por sangue ou por alimentos convencionais. Alguns conseguem comer, já outros, não passam nem perto. Todos aqui em casa conseguem comer, não que gostem, mas é uma ótima tática para armazenar sangue em situações emergenciais. O único problema é que quando usam seus poderes e não estão à base de sangue, a energia é drenada rapidamente, os deixando debilitados, prejudicando seus reflexos em uma luta.
Após uma refeição leve, fui ao meu quarto pegar o cronometro para o treinamento da tarde.

Vou até à porta de trás da casa e Emily já me esperava para começarmos. De todos nessa casa, acredito, que ela seja diferente, pois, pensa no grupo antes de qualquer ação que pretenda fazer. Emily nos passa uma impressão fria e indiferente, mas sei que, no fundo, as coisas não são assim, ela é especial e Eron sabe disso.

O Aprendiz de Guardião (Trilogia Guardião) EM REVISÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora