Capítulo 5

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Abri os olhos e todos me olhavam com espanto, nem mesmo eu, sabia o que havia acontecido comigo.

Zack você conseguiu se levantar. - Disse Bernardo espantado, ele me encara incrédulo como todos ali naquela sala.

Claro! Achou que eu não conseguiria? - Digo sem nem mesmo eu saber como tinha feito.

Não... Não... É que... – Ele estava atrapalhado e só me deu naquele instante vontade de rir.

Eu estava de volta e me sentia bem para quem, que há poucas horas, tinha um diagnóstico nada bom. .

Zack meu filho, que bom que já está melhor. - Disse meu pai me abraçando.

Pai o que aconteceu? O que foi tudo aquilo? - Perguntei ao meu pai assim que nos separamos do breve abraço.

Meu filho, por favor, descanse você pode estar melhor, mas não estar cem por cento.

Tá bom pai. -Digo me deitando novamente.

E aí como está irmãozinho? - Perguntou Tristan bagunçando meu cabelo.

Melhor do que nunca! Estava mesmo pensando que eu ficaria aqui nessa cama e te deixar ganhar do Bernardo toda vez na corrida?

Ou! Eu estou aqui! - Se pronunciou Bernardo nos encarando e nos fazendo rir.

Fiquei ali à tarde toda pensando nas coisas que me haviam acontecido, estava lá me vendo sofrer e ao mesmo tempo me fortalecer, vi os dois lobos, o negro e o branco lado a lado, tentando me dominar ou me ajudar, realmente não tinha entendido aquilo, mas, com certeza, meu pai poderá me ajudar a entender.

É Surreal tudo isso, diria impossível eu ser algum deles, porém após tudo o que eu vi, já não sei mais o que dizer sobre esse mundo louco a qual eu vivo.

Fico olhando para a janela sem nenhum ponto fixo só tentando assimilar toda aquela informação, nada do que conhecia fazia sentindo comparado ao que tinha vivenciado horas antes, fecho os olhos e o sono vêm.

Acordo e não estou no quarto em que me encontrava momentos antes. Olho para a cabeceira e constato que me estou em meu quarto. Levanto-me e pouso os pés nus no chão gélido da casa dos Collins. Coloco meu roupão, meus chinelos e vou devagar até a porta. Mesmo que esteja melhor, sei que devo tomar cuidado para não piorar ou voltar para o estado em que estava. Desço as escadas e, na medida em que descia, sentia minha espinha se arrepiar. Alcanço os últimos degraus e vejo Reymon sentado no sofá do lado de Bernardo.

O que esse cara está fazendo aqui? - Pergunto sério me aproximando dos que estavam na sala.

Eron para o que estava fazendo e me encara por alguns instantes.

Zack se comporte. - Disse meu pai se levantando.

Vocês realmente acreditam que ele seja isso que está dizendo, não? -irão se arrepender amargamente por apoiá-lo. - Falei colocando tudo que estava entalado em minha garganta.

Zack não fale assim, somos sua família, você tem a obrigação de confiar em nós que só queremos seu bem. - Falava Eron me encarando.

Pego as chaves e sigo em direção ao carro, dou partida e saio cantando pneus. Se ele acha que irá me enganar da mesma forma que está os enganando, está muito equivocado, não sou fácil de convencer e muito menos de acreditar nas pessoas.

Sigo em direção às colinas e vou direto para o lago onde costumo ir para espairecer, pensar em tudo o que devo ou não fazer, preciso pensar em como reverter toda essa situação.

Há um lago e me jogo na água, de roupão mesmo, e me deixo ficar submerso, a fim de clarear as ideias. A água é gelada, por estar em um lugar alto e ser inverno também. Fico submerso por alguns minutos até que meus pulmões reclamem por oxigênio. Subo e sinto o alívio do ar percorrer por todo os meus pulmões, percebo também, que meu corpo está vermelho por causa da baixa temperatura. Saio da água, pois a correnteza estava forte e deito debaixo de uma árvore, aproveito para admirar as nuvens do céu. A brisa bate em meu peito, ainda coberto com aquele roupão molhado, o tiro ficando de cueca, coloco a roupa molhada na porta mala e me jogo novamente no lago. Fico ali, mergulhando, nadando e a brisa gelada me faz arrepiar. A água está perfeitamente agradável para mim, como se dependesse desse frescor. Sempre venho aqui quando quero dar aquela respirada, saio da água e volto para o carro.

A estrada estava do mesmo modo em que vim só que uma coisa me parecia diferente, um ar pesado como se algo pudesse acontecer, é estranho, pois na maioria das vezes estou certo e isso não me agrada.

Meu corpo começa a voltar ao normal, como se não tivesse tido aquele baque, minha recuperação não é instantânea como a dos vampiros, mas me sinto melhor.

Chego perto de casa e o carro de Raymon continua lá no mesmo lugar de quando saí. Entro passando pela sala e estavam todos, ainda, reunidos na sala. Subi as escadas e ninguém falou nada, mas sabia que estavam me escondendo algo.

Terminei de tomar meu banho quente e relaxante, coloco uma roupa qualquer e desço para enfrentar as feras. Sento em uma poltrona perto da porta e espero que comecem os sermões.

Você está sendo irresponsável Zack, aonde já se viu culpar Reymon por tudo que está acontecendo com você? Eu consegui convencê-lo a te treinar e você me apronta uma dessa, você acha o que? Que pode fazer o que quer?

Calma Eron. - Disse minha mãe se levantando.

Sente-se Ema! Ele tem que aprender que não é do jeito que ele quer. As coisas não funcionam dessa forma, ele não é nenhuma criança. - Falou sério.

Já estava cansado de toda aquela conversa, não quero mais treinar com esse tigre, sei muito bem que ele é o do mal, porém, não descobri uma maneira de provar a eles quem Raymon realmente é.

Escutei Eron falar por trinta minutos. Não parava um minuto sequer de gritar, com certeza se tivéssemos vizinhos, teriam aparecido para averiguar o que estava acontecendo. Aguentei tudo calado, não que eu não estivesse errado, mas era desnecessário todo aquele teatro.

Não aguentava mais, sai da cadeira e fui para a mesa de drinks quentes, coloquei uma dose dupla de uísque no copo e virei tudo de uma vez. Nunca tinha ficado bêbado, por causa de o meu metabolismo ser mais acelerado, mas dessa vez foi tiro e queda, minhas pernas ficaram trêmulas e senti-me meio tonto. Eron ia começar um novo sermão, tomei mais uma dose e fui em direção à porta. Tristan veio ao meu encontro, mas o empurrei e continuei meu caminho, assim que coloco minhas mãos na porta todos vão para minha frente. Desvio em direção à cozinha e corro, pulo a janela da cozinha surpreendendo a todos.

Com um salto desajeitado, dou com o rosto no chão, sinto o impacto, a dor era tamanha e, o pior de tudo, não estava conseguindo ser a única coisa que sou, que me orgulhava em ser, a única coisa que talvez eu jamais seria novamente. 

O Aprendiz de Guardião (Trilogia Guardião) EM REVISÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora