Capítulo 04 - Eu apoio a noite do pôquer

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Os últimos três dias da semana passaram voando, como o previsto, com o possível cancelamento da viagem para NY e os preparativos para a festa de início das aulas.

Tudo estava a mil, aquela galera sabia mesmo como aproveitar o fim de semana, quer dizer, boa parte dela. As aulas também estão ótimas e eu estava cada dia mais empolgada com as novas matérias. Cada vez mais próxima de Diego e mais distante de Stéfanne. A nossa "relação" estava melhor, quer dizer, não bem assim, naquele mesmo fim de tarde quando retornei ao dormitório minha mala estava de volta ao meu lado do quarto, meio suja e desajeitada, mas estava. Me passou pela cabeça por onde ela havia andando, mas também não ousei perguntar, apenas devolvi suas roupas limpas para o lugar onde as encontrei.

Não passávamos muito tempo juntas, quando eu ia dormir ela ainda não havia retornado ao quarto e quando eu acordava ela já havia saído, o que comprovava apenas pela sua cama em uma completa desorganização. Não chegamos a passar mais de 5 minutos compartilhando o ambiente do quarto ou trocar palavras que não fossem extremamente necessárias, mas percebia que nesse curto espaço de tempo ela me analisava. O maior lado positivo de tudo isso é que parou de usar os seus incensos fedorentos, mas o quarto ainda tinha um cheio forte de vinho. Fazer o que?

Era uma sexta-feira e nessa noite eu iria para casa dos garotos, tanto eu, quanto o resto do pessoal, o que também incluía Stéfanne, infelizmente. Estávamos indo com o objetivo de terminar os preparativos finais da festa. Festa, que por um acaso, eu não saberia bem como funcionaria, então como eu não conhecia as coisas por lá, fiquei nos preparativos dos quitutes e da iluminação junto com Gustavo, que era o mais fácil e menos intrometido. 

Por falar nele, Gustavo é muito gente boa, fácil de se relacionar e também de se apaixonar, tinha conhecimento que todas as garotas possuíam uma queda por ele, mas não foi o que aconteceu comigo. Então desde cedo fui  tratada de forma diferente, seria um ótimo amigo, passávamos horas conversando, o que causava um certo ciúme em Diego, mas que como disse a ele, não afetava em nada nossa amizade maluca.

 Acordei nesse dia um pouco mais cedo e para variar Stéfanne não estava no quarto. Observando pela primeira vez que a suas cama estava arrumada, constato que não dormiu aqui, mas o cheiro forte de vinho prova o contrário. Deve ter dado ao menos uma passada rápida.

Saio já um pouco atrasada para aula prática de sexta-feira e agradeço por estar usando minhas sapatilhas para o tanto de escada que preciso descer.  Ao entrar na sala, me junto a Diego nas enormes mesas de construções de peças.

- Reze para o professor não notar o seu atraso, o seu humor hoje não está dos melhores - eu ia abrir a boca para falar algo, mas ele me interrompe antes disso. Novidade.

- E não me pergunte o que porquê, a proposito, adorei a sua bolsa! - Fala da minha bolsa de franjas de alguma grife que não lembro o nome, mas não é das mais famosas, ou não esqueceria. 

- Ah, obrigada!

O resto da aula se prolongou e eu acabei montando um conjunto de acessórios feitos de retalhos de antigas peças de roupas e saio do laboratório usando-as. Diego criou uma pulseira feita de plastico com alguns repartimentos dentro. Como conseguiu fazer isso em tão pouco tempo? Eu não sei. O sinal não tocava mais ao terminar a aula, então só sabíamos o fim quando o professor deixasse a sala, dizendo algo ou não. Preciso me acostumar com isso.

Fomos para a cantina fazer um lanche e encontramos Mateus e Taísa sentados na mesa do canto. Eles comentavam sobre algum assunto que devia ser muito empolgante porque dava pra ver o brilho nos olhos da garota.

- Geeeeeente – ela colocou em ênfase – eu estou tão empolgada com a festa, esse promete ser uma das melhores, não é, amor? – E argh, eles se beijaram. Qual o problema das pessoas em demonstrar afeto em ambientes públicos? Parem com isso!

- Vamos comer algo? – Virei olhando pra Diego.

- Não, pega suas coisas, nós temos a tarde livre hoje, então podemos sair pra comer fora e de lá a gente vai pra casa, pode ser? – ele disse olhando pra mim e depois pra Mateus e Taísa.

- Por mim tudo bem. - Dá de ombros - só preciso passar no meu quarto, pegar minhas coisas e nós vamos, pode ser? – Taísa fala com uma ponta de animação na fala.

- Tenho tempo de ir ao meu quarto também. Serei breve. – Sorrio.

Diego fez que sim com a cabeça.

O quarto estava em completo silêncio, Stéfanne já devia ter saído ou quem sabe já estava na casa dos garotos. Olho para as pranchas que ficam nas paredes e faltavam alguns de seus acessórios, logo eu confirmo o meu pensamento.

~ ~ ~ ~

- VAMOS, quem vai pagar a conta? – Diego gritou pela quinta vez depois de ter tomado algumas doses de Whisky. Perdi a conta de quantos realmente foram.

- Cara, você não ta nada bem, vamos que amanhã temos muito o que fazer. – Mateus diz, faz questão de pagar a conta e sai carregando Diego até o outro lado da rua.

Nós tínhamos saído para jantar em um Restaurante Mexicano que ficava perto da areia da praia de Santa Mônica, onde a casa dos meninos se localizava ha uns 15 metros de distância, por isso resolvemos beber um pouco.

A casa era simplesmente linda, como imaginei, tinha cinco quartos e eu não precisei me preocupar em dividir o quarto com ninguém, eu fiquei em um sozinha, Stéfany também, os garotos como sempre nos seus e Mateus e Taísa dividiram o dele.

- Acho que devemos ir dormir, já passa da meia-noite e acredito que amanhã devemos todos acordar cedo. – Taisa diz enquanto boceja.

- EU APOIO A NOITE DO PÔQUER – Diego grita ainda um pouco zonzo da bebida. Ai, meu Deus.

- Eu cuido disso –  Gustavo diz e sai carregando Diego quarto a cima.

10 minutos depois ele volta.

- O que fez com ele? - pergunto com um risinho.

- Eu não fiz nada, ele entrou por vontade própria no banho – Levanta os braços em redenção e todo rimos.

Diego estava dormindo, eu conversava com Gustavo sobre quantas vezes será quem um coala toma banho por dia? Assunto nada interessante, quando resolvemos finalmente ir dormir, meu olho já estava pesado de sono e a exaustão fala mais alto.

Gustavo se despede de mim com um beijo na bochecha e cumprimenta o resto do pessoal que se mantinha acordado jogando cartas com um boa noite e é respondido apenas com resmungos e sobe pro quarto de dois em dois degraus.

Ao virar percebo o olhar feio de Stéfanne em mim, o que não era nenhuma novidade, estava me analisando, mas esse era meio diferente, parecia triste, decepcionado, sei lá, vai saber o porquê.

Despeço-me de todos no topo da escada e entro no quarto, pronta para uma noite de sono tranquila, já que amanhã o dia promete ser longo.


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