- Alo? - Disse Anna nervosa.
- Sou eu!
- O que você quer agora? - Ela perguntou num tom rude e frio prestes a desligar novamente o celular.
- Calma. Não desliga. - Pedi - Não vim correr atrás de você! - Afirmei com uma voz falha.
- Ham? - Ela não entendeu.
- Sim, eu me esqueci de você. - Disse firme.
Ela fica em silêncio mas noto que ainda estava lá por que conseguia ouvir a respiração.
- Só liguei para te dizer isso! - Uma lágrima caiu, mas não fiz barulho algum.
- Por que você decidiu me esquecer? - Ela perguntou com a voz trêmula.
- Existem muitos porquês para justificar esta atitude. - Disse engolindo em seco e suspirei - O principal? Porque você pediu!
- Como assim? - Continuou sem entender já choramingando feito um bebê.
- Eu te amo e sempre vou amar. - Falando a verdade - Mas vou esquecê-la!
- O que? Eu não estou entendendo Jack! – Ela retrucava com voz fraca.
- Adeus.
- O que? Espera! - Ela queria as explicações, mas eu já havia desligado.E essa foi a última vez que falei, por voz, com ela na minha vida.
Mas antes de contar como foi o final por que não voltamos para o início para entender melhor?
...
Fevereiro. Volta as aulas, penúltimo ano no Colégio. O pesadelo de ter que estudar coisas que não iam servir para o que eu estava planejando trabalhar finalmente estava quase acabando. Esse ano havia prometido para mamãe ser um bom aluno e não deixar ninguém atrapalhar meus estudos, estava tudo perfeito até o primeiro dia de aula.
A manhã estava ensolarada, nada de frio. Tudo muito... Perfeito. Jhonatan, meu melhor amigo, estava me esperando logo a baixo da escadaria com aquele suéter surrado e vermelho que a mãe dele havia feito no nono ano para ele, calça folgada, e cabelo espetado.
- Hei cuzão. Apressa o passo, ou vai ficar sem cadeira! - Ele rio torto me olhando aproximar-me - Lesma!
- Para que pressa mano? - Perguntei sorrindo. - Eai? - Estendi o braço e ele pegou em minha mão a apertando me puxando mais para perto e eu o abracei aos risos - Estava com saudade! Curtiu as férias?
- Sim cara. Rio de Janeiro é muita piração! - Falou ele com cara de assustado.
- Como assim cara? É só uma cidade.
- Como assim só uma cidade? - Ele perguntou fazendo uma expressão de ódio e desprezo - Rio é uma cidade perfeita!
- Não me diga nada. - Pedi.
- Não. Você acabou de dizer que Rio de Janeiro é só uma cidade, agora vai ter que me ouvir! - Ele me olhou com serenidade no olhar.
- Está bem, me diz... o que aconteceu? - Perguntei mesmo sem querer saber todos os detalhes, sabia que aquela iria ser mais uma história chata que ele não iria parar de contar enquanto lembrasse de todos os detalhes.
- Cara, lá tem cada paisagem linda, várias gurias atrás de um macho que vale a pena... - ele dizia enquanto ficava cutucando meu braço com seu cotovelo - ham? Já imaginou, tu ta de bom aí do nada uma mina muito gata e tesuda vem até você querendo bater um papo...
- Err... eu ouvi falar de algumas delas. Geralmente são chamadas de prostitutas, estão em todas as esquinas! - Eu disse e fiquei com uma cara de cu com ele me cutucando, ao escutar sua pergunta eu realmente fiquei com uma cara de cu e seriamente o olhei - A garota na verdade só queria saber se o ônibus que ela ia pegar para sabe la aonde já havia passado, não é?
- Ah cara! Não estraga a história, por favor! - Ele me pediu com uma cara triste.
- Ta bem... - retruquei e o olhei atentamente.
- Ta.... Onde estávamos mesmo? - Ele perguntou.
- Estava dizendo como Rio de Janeiro era incrível. - Disse num suspiro pesado e olhei em volta, reparei que toda a área da faculdade estava ficando vazia.
- Aaaaaaa sim! É mesmo! - Ele se lembrou logo de cara - La tem cada lugar bonito... A praia, o Pão de Açúcar, Arcos da Lapa, Jardim Botânico, Lagoa Rodrigo de Freitas. Eventos malucos e beem animados, com músicas que valem a pena ouvir! - Impressionadamente empolgado e encantado - Mas também é toda perigosa. - Desanima e parece triste.
- Séeeeeerio? Não diga! - Ironicamente falando.
- É sério cara, assustador! - Ele me olhou no fundo dos olhos.
- Do modo que você estava falando, lá parecia ser um lugar calmo, tranquilo, vivível... - eu fiz uma pequena pausa estreitando o olhar fazendo uma expressão de tacho. - E não um lugar onde não dá de andar tranquilo sem ter que se preocupar se na esquina seguinte está tendo um assalto.
- Pois é amigo... Nem tudo é um mar de rosas, afinal, rosa tem espinhos! - Ele pensou e disse basicamente da boca pra fora. - Agora para por favor, assim você me magoa, sério!TRRRRRRR!
- Iiiii, olha a hora cara! - Eu disse fingindo estar triste - Hora da aula, tenho que ir!
- Aaaa Jack, sério mano? - Ele me olhou com cara de cão abandonado - Que coisa mais chata! - Ele berrou.
- Ha ha ha haa - eu ri - No intervalo você termina de me contar! - Propus e comecei a subir a escadaria a caminho da sala de aula.
- Ta bom então. - Ele disse e abriu um sorriso no rosto vindo logo atrás de mim.Ao entrar na escola e nós dois juntos atravessarmos o corredor, cada um foi para seu lado. Os corredores estavam quase todos vazios, ainda haviam alguns alunos andando correndo, gritando pelos corredores. Andando reto e virando uma vez para direita já consegui ver uma pessoa andando apressado pelo corredor, reconheci que era meu professor e afobei, naquele momento senti uma angustia e uma necessidade de correr, e eu corri. Corri o mais rápido que pude, assim passei pelo professor tão depressa que ele nem notou que era eu, eu esperava. Mas ao chegar mais perto na porta da sala eu diminui a velocidade, havia uma garota segurando uma pilha de folhas, livros e pastas empatando a passagem. Eu não queria atropelar ela, mas não deu tempo de conseguir não fazer aquilo, eu esbarrei nela violentamente e por descuido ela foi ao chão e eu quase cai junto, papeis voaram para todos os lados e eu não conseguir fazer nada a não ser dizer desculpa e ir até uma mesa e me sentar como se nada tivesse acontecido.
Eu não consegui realmente criar coragem e ir lá ajudar ela, como se eu estivesse como uma mula teimosa e mais carregado que burro de mascate, não saia do lugar. Não sabia o que tinha dado em mim, só consegui ficar encarando ela catando os papeis e quase sendo chutada por todos que estavam passando, confesso que fiquei com dó dela. Não vi direito como ela era, mas estava na cara que era uma das garotas estressadinhas que se acham o centro do universo, mas, mesmo assim, não parava de olhar, me sentindo um idiota troglodita. A cara de brava dela era de fazer um bebê chorar de medo e um adulto rir de tanta fofura. Ela tinha um cabelo liso meio ondulado nas pontas, bem loiro e comprido, era mais ou menos alta, acho que com uns 1,70 de altura... Julgando pela minha que é de 1,90 a 1,95, no máximo. Eu não lembro exatamente qual é... Ela tinha um tom de pele bem esbranquiçado, não era muito magra, mas também não era gorda. O corpo era definido e autentico.
Ela terminou de pegar os papeis e recolocá-los em desordem nas pastas, pegou os livros, e ainda com uma cara de brava, ela me lançou um olhar ameaçador. Eu jurei que havia congelado por dentro, de medo, ao perceber que ela me encarava com cara de "vai ter volta". Foi aí que eu percebi seus olhos amendoados com tom verde meio cinza, sobrancelhas médias arcadas em um angulo suave com o arco baixo, nariz pequeno e curto com o osso nasal saltando, lábios pequenos e não muito carnudos, face meio oval, mas com as maçãs faciais um pouco altas. Usava um gloss rosa bebê, uma maquiagem clara esfumada nos cantos, com os olhos contornados de preto.
Minha boca travou entreaberta, meu estômago borbulhou, tive um tique nervoso na cabeça, pensando que deveria ter voltado atrás, mas estas petrificado. Estava hipnotizado com sua beleza.
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A Minha Promessa.
RomanceA história de um casal jovem, que se amavam com todas as letras do alfabeto. Um vacilo e arrependimento. Em um lugar no mundo, em uma escola simples como qualquer outra, dois jovens se encontraram. O encontro foi causado por conta do descuido do gar...