Enquanto estava cursando Letras em outro estado, teve um dia que me senti muito mal. Dores musculares, dor de cabeça, tontura, nada parava no estômago, meu dia foi todo jogado fora, nada produtivo. Avisei minha mãe, e ela até iria me buscar. Quando foi cinco horas da tarde eu comecei a melhorar do mal estar, e em menos de quarenta minutos passou, como se não tivesse acontecido nada. Tratei de comer algo e ir me arrumar, pois ainda teria aula durante a noite.
Ao chegar na faculdade, percebi que minha professora estava muito agitada, assustada e quando me viu sua aparência piorou. Me assustei e pensei comigo: será que eu estava tão mal assim?! Passado então vinte minutos da aula enquanto explicava noções da gramática normativa no slide, vi uma breve fumaça branca próxima a lousa, assustada perguntei a professora o que seria aquilo; talvez o aparelho estava pifando(?). Quando uma colega de classe gritou lá do fundo pra continuar os slides que não tinha nada ali, eu estranhei porque a professora também tinha visto. A forma que a professora me olhou quando falei sobre a fumaça branca é indescritível, no seu olhar havia medo mesclado com fascinação, porém sutilmente ela continuou a aula.
Depois que entramos do intervalo a aula novamente começou a ficar estranha, a porta sorrateiramente abriu-se e para fechar foi extremamente forte. A professora virou-se rapidamente e seguiu somente com os olhos algo que ali se movimentava, e o que eu mais temia aconteceu, os olhos delas seguiram até onde estava e a luz que estava acima de mim queimou. Senti então um arrepio na espinha, uma sensação de alguém me olhando, virei pra trás a ponto de ver se tinha alguém do fundo me olhando, mas não, todos estavam concentrados pra copiar a matéria do slide. Enquanto isso, olhei pra minha professora e ela me revidou o olhar. Ela virou-se de costa pra sala, "disfarçando" pra não olhar pra mim e eu senti até uma hora antes da aula acabar uma sensação de incomodo.
No final da aula, enquanto passava a lista de chamada disse pra eu esperar ela, pois queria ter uma conversa comigo; de momento achei que fosse algum puxão de orelha porque não consegui prestar atenção na aula. O papo foi outro, foi sobre todo aquele clima sinistro, começou a falar sobre a fumaça, sobre a porta, mas quando eu perguntei sobre o olhar e a luz, ela disse que havia um menininho. Ele abriu a porta e fechou, passou por mim sorrindo e sentou-se atrás de mim. Não contive e comecei a chorar, ela continuou, perguntou se gostaria de conhecer o centro espírita, pois pra ela eu tinha uma mediunidade forte, assim como ela. Como fiquei depois da aula e ia embora a pé, ela me deu carona, estava tarde já. Fomos do campus até meu apartamento conversando sobre isso. Nos despedimos e entrei, quando guardei meus materiais e troquei de roupa, minha mãe me ligou e disse que de tarde meu pai tinha sofrido acidente, as cinco horas da tarde enquanto voltava do serviço. Não machucou muito, só deu uns ralados na mão e no joelho. Tinha ido a santa casa e só estava com dores pelo corpo, dor de cabeça, ele disse que ficou com tontura em cima da moto e foi isso que provou o acidente. E meu mundo parou, todos os sintomas que eu havia sentido o dia inteiro ele estava sentido, como se tudo aquilo que eu passei fosse um aviso. Voltei a chorar tudo de novo, não só pelo meu pai ter sofrido acidente, mas pelas coisas espirituais que haviam acontecendo comigo.
Desde pequena escutando conformidades, como coisas que eu escuto é coisa da minha cabeça, são pesadelos, é medo, e saber que tudo que eu escutei, senti e vi podia ser realmente verdade e não minha imaginação pregando peças comigo. E hoje eu sei, que nunca estou sozinha, assim como você também é só olhar bem pro lado ou até mesmo atrás de você!

VOCÊ ESTÁ LENDO
Sonata do Medo
HorrorSonata do Medo apresenta: Contos para não dormir. A obra visa aprofundar-se com a riqueza em detalhes os melhores contos de terror e suspense. Se você, assim como eu, adora o gênero está no lugar certo. O livro faz jus ao nome, e não irá decepciona...