Primeiro

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Virava de um lado para o outro, enfiava a cabeça no travesseiro, me cobria e me descobria, e no final de tudo, não conseguia dormir. Já eram 6h30 da manhã, ou seja, faltava uma hora para o meu primeiro dia de aula. Também era meu aniversário, estava completando dezesseis anos. Mesmo sem dormir, levantei da cama e comecei a arrumar minha roupa para a escola, mas fui interrompida por minha mãe e minha amiga Gina, entrando no quarto com um pequeno bolo, gritando ''Parabéns!''. 

- Parabéns, minha querida! Coma o seu pedaço de bolo com calma. Nem sei pra que essa pressa para a escola! Nem precisava ir hoje. 

- Parabéns Margot! Christian te mandou por e-mail a lista da sua sala desse ano, e parece que se deu bem. Vamos, me dê um abraço!

Minha mãe e Gina sempre foram as melhores pessoas que eu tive o prazer de conhecer. Minha mãe era exatamente igual a mim; loira, alta e muito pálida. Gina era uma negra linda, com os cabelos ondulados e um sorriso espetacular. Elas eram as pessoas que eu mais amava na vida, porém existem limites.

- Obrigada pessoal, agora desçam, preciso me arrumar. 

Minha mãe havia me pedido para ficar em casa, mas não podia perder o primeiro dia de aula na nova escola.Um outro motivo para eu faltar, é que não estava me sentindo bem. Estava com uma dor de cabeça muito forte quando acordei, mas prefiro acreditar que conforme o tempo irá melhorar.Enquanto arrumava os últimos preparos para o primeiro dia de aula, Gina buzinava desesperadamente do lado de fora, então me apressei e fui correndo para o carro. ''Podia esperar um pouco né? Para quem não queria ir pra escola!'' Reclamei. 

Quando cheguei na grande escola nova, de altos portões alaranjados, vi Christian correndo em minha direção. Chris era o meu melhor amigo, ele também entra na lista de pessoas que eu mais amo nessa vida. Ele era um magrelo alto, de cabelo grande e da mesma cor que a minha. 

- Cadê a garota que está completando dezesseis anos hoje? Ai está ela! - Chris me pega no colo, dando um enorme beijo na minha bochecha. - Parabéns, Margot! 

- Obrigada Chris! Estava com muitas saudades. Vi a lista da nossa sala que você me mandou, espero que acostumamos com esse novo pessoal.  Você viu que tinha um garota com um nome super esquisito? 

Enquanto nós três conversávamos sobre as pessoas que possivelmente seriam da nossa sala ou não, o alarmante sinal tocara, dando a avisar que tínhamos que ir para as salas.

***

Após a primeira aula - de Física aliás. Fomos para o refeitório, onde pegamos uma fila para pegar barrinhas de cereais e frutas. Sentamos numa mesa que parecia bem distante das outras.

- Então, Margot, vi que não vai comer sua maça. Posso...

- Pode. - interrompi Chris. 

Christian estava falando sobre variados tipos de assunto, mas não estava prestando atenção, pois não estava me sentindo bem. Me peguei olhando para o bebedouro, onde a professora Regina, de Biologia, estavam bebendo água. Enquanto escutava Chris tagarelar, olhava fixamente para a água onde a professora estava bebendo, e vi que umas gotas estavam flutuando. Até que um momento, eu fiquei fora de mim. Quando fui perceber que eu estava em pé, diante ao bebedouro e com as mãos erguidas, foi quando entrei em choque. 

- Mas...

Todos estavam espantados, demorei para perceber que era eu que estava fazendo aquilo. Corri imediatamente em direção ao pátio principal, Chris e Gina também correram junto, estavam tentando me parar. 

- Margot, o que aconteceu? Está tudo bem? - perguntou Chris.

- É, o que houve?

- Pessoal... Vocês viram aquilo

- Sim, eu vi aquilo...Mas, quero saber se está tudo bem. - responde Chris. 

- Não, não esta tudo bem. Chris eu não estou me sentindo muito b...

Quando de repente, tudo se apagou. Estava desmaiada. 

***

Quando acordei, estava numa maca na ala hospitalar da escola. Uma enfermeira chamada  Dolores estava colocando o soro quando me viu despertar.

- Margot! Você está bem? Sua mãe esta aqui, esta preocupadíssima com você. Você está se sentindo bem? - disse, com um sotaque francês. 

- Acho que... Um pouco melhor. 

- Irei avisar a sua mãe que você já acordou, senão ela será a próxima a desmaiar!

Me pego olhando para a janela, com a mesma sensação que estive quando estava na situação do bebedouro. Estava tudo tão calmo, o céu azulado, o vento tão tranquilo. Mas, subitamente, o vento começou a ficar violento. Todos os objetos da ala em que estava começou a voar por conta do vento forte, e quando vi, estava em pé, com as mãos erguidas para  a janela. Eu fiquei fora de mim novamente.

- Nossa, que vento foi esse? De repente tudo fica tão estranho! - Dolores entra assustada na sala.

- Pois é. E minha mãe, ela está bem?

- Está aliviada. Que presente horrível de dezesseis anos, não é? 

Fico calada. Estava pensando no que estava passando. As dores, a sensação... Era tudo muito estranho. Pensava que estava ficando louca. 

Depois de algumas horas, a enfermeira Dolores liberou para ir para casa. Durante o percurso de carro, minha mãe perguntara o que realmente aconteceu, se eu comi alguma coisa que possa me ter feito mal, entre outras perguntas. Ainda estava muito preocupada. 

Quando cheguei em casa, subi para o meu quarto e tentei tirar um cochilo, ainda precisava descansar.

*** 

Quando acordei, ouvi as vozes de Gina e Christian vindo da sala de estar, pareciam estar em altas gargalhadas com minha mãe. Desci rapidamente para saber do que estavam falando.

- Boa noite, Margot! - disse Gina. - Eu e Chris viemos vê-la depois de toda aquela confusão, espero que esteja bem, você está?

- Muito obrigada pessoal, desculpem pelo susto que dei em vocês, não estava me sentindo bem de manhã, mas agora estou melhor!

- Ótimo! - disse Chris, com uma bandeja na mão. - Fiz sua torta preferida, a de Amora. Bón apettit mademoiselle!

Enquanto o pessoal conversavam sobre a escola, meu olhos estavam virados para uma pedra que ficava de enfeite no móvel da sala. Eu estava muito concentrado nela, o por quê? Eu não sei. Mas estava sentindo a mesma sensação estranha que senti hoje duas vezes. Eu não parava de olhar para aquela pedra, até que uma hora ela começa a flutuar levemente, então Chris me distrai, e a pedra simplesmente cai no chão e se despedaça.

- Margot, está tudo bem?

Tudo em minha volta estava embaçado, achei que iria desmaiar novamente, mas consegui evitar. Levantei da mesa e fui até a bancada para tomar alguma coisa, quando ouço a campainha tocar. Ouço os passos de minha mãe indo abrir a porta.

- Boa tarde, senhor. Quem gostaria?

- Boa tarde, estou a procura de uma menina chamada Margot. 

Quando ouço meu nome ser chamado, caminho até a porta ondo aquele homem estava. Era um homem velho, da pele negra e de cabelos brancos. Seu tom era misterioso. 

- Bom, está aqui é Margot, minha filha. Mas desculpe, quem é o senhor? 

- Meu nome é Johnson, sou um membro da P.P.4E. Preciso lhe contar que sua filha pode ter um poder especial, e por isso, tem de ser levada para um teste.

Quando ouço a palavra ''poder'', lembro imediatamente de tudo que aconteceu hoje. As sensações, a ala de enfermagem, o bebedouro,a pedra... Será que esse tal ''poder'' tem a ver com alguma coisa? 

- Olá...Johnson. Estou aqui.











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