Cinco minutos

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Todos estavam chorando. Não sabíamos o que fazer. Meus irmãos foram infectados também, e, para impedir que machucassem alguém, eles tiraram suas próprias vidas. 

Ahn... John e Peter, eu acho.

Cassye estava chorando muito também. Ela era muito ligada aos tios, perdê-los foi muita coisa para ela.

Abracei-a forte, tentando transmitir o máximo de conforto possível a ela, o que não deu muito certo. Ver aquela cena foi muito forte para mim também.

John tinha um corte feio na coxa feito por uma barra de ferro que a atravessara quando estava correndo, e Peter tinha um dedo decepado.

De repente me lembro. O vírus é transmitido pelo sangue. Se ele entrar na corrente sanguínea, automaticamente você já fica infectado.

Isso explica como eu me infectei... Mas em qual momento...

Ouvimos batidas na porta, e todos se viraram na direção dela.

— Temos que correr! exclamei com urgência, olhando fundo nos olhos de Cassye.

 Mas vamos deixá-los assim? perguntou ela, referindo-se aos tios.

— Infelizmente sim. É isso ou eles entram. Não temos mais tempo.

"Eles" quem?

 Okay... claramente contra a vontade, ela correu até a escada de incêndio do apartamento, seguida pelos nossos parentes que ali estavam também. Me preparei para fazer o mesmo, porém a porta foi arrombada antes que eu pudesse dar o primeiro passo. — Pai!  Cassye gritou, já percebendo o que ia acontecer. 

 Vá indo na frente! Vou tentar atrasá-los. Encontre um lugar seguro!

Mas...

Vá!  ordenei, tentando parecer confiante.

Vi lágrimas escorrendo pelos seus olhos, mas mesmo assim ela se virou e continuou descendo as escadas.

Sem esperar mais um segundo sequer, corri até meus irmãos e peguei  os revólveres que eles usaram para matarem a si mesmos, engatilhando-os rapidamente e mirei na porta, esperando os infectados entrarem. 

Dez segundos. Pude contar em minha mente. Esse foi o tempo que levou para que o primeiro braço aparecesse ao quebrar uma parte da porta. 

Sabia que não adiantaria atirar. Eles só morriam de verdade com um tiro em algum ponto vital. Querendo ou não, mesmo infectados com um super vírus, eles ainda possuíam um corpo humano.  

Três segundos depois, a porta fora totalmente arrombada, e a manada de infectados avançou vorazmente em minha direção.

Atirei por instinto em um que já estava a menos de cinco metros de mim.

Acertei em seu ombro.

Ele cambaleou um pouco mas não parou. Continuei atirando sem parar nele até ter certeza que estava morto. Não sou militar e nunca servi no exército. Logo, minha experiência com armas de fogo era mínima, quase nula. Não me julgo por não conseguir acertar de primeira em algum ponto vital do infectado.

Atirei nos próximos que entraram, mas as balas, graças a minha péssima mira, não tardaram a acabar, e fui obrigado a jogar as armas, agora inúteis, no chão.

Peguei a cadeira mais próxima de mim e a usei para bater nos restantes.

No primeiro, eu acertei na cabeça com tanta força que acabou  se separando do corpo e rolando para fora.

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