Capítulo 20- Nathalie

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O clima estava tenso mas nenhum deles
se deu ao trabalho de falar alguma coisa, as
duas garotas com os rostos úmidos por causa do
choro evitavam olhar uma para outra já os
meninos faziam questão de se encarar. Peter
passou o braço pelos ombros de Ananda
deixando bem claro para Josh que era com ele
que ela estava. "Perdeu playboy!", Peter pensou
dando um sorriso de lado.
-Você é rápida hein Any! -Josh disse num
tom provocador, ela o encarou.
-Mais rápida do que você impossível! -Ela
respondeu no mesmo tom -E é Ananda pra você!
-Ele engoliu em seco.
-Ok então, Ananda, pode me dizer que
direito você acha que tem de fazer isso com o
meu carro? -Ele perguntou com uma voz
desesperada e ela riu.
-Em primeiro lugar: qual direito vocês dois
tinham de me trair do jeito que fizeram? -Ananda
percebeu que Kathy abriu a boca para rebater
mas não lhe deu chance -Nem diga, porque você
não foi chamada na conversa! -Peter arregalou
os olhos e Kathy bufou.
-Eu entendo que esteja brava comigo! -
Josh continuou -Mas descontasse em mim, o
meu carro não teve nada a ver com a história!
-"eu falei isso!", Peter pensou.
-Eu desconto minha raiva no que eu
quiser! -Ela quase gritou -E pichar o seu carro foi
o mínimo que eu podia ter feito, sinceramente eu
acho que peguei leve demais com vocês! -Josh
bufou.
-Mas meu carro não te fez nada! -Ele
disse desesperado apontando para o carro, a
cena era cômica e Ananda queria rir mas não
podia -Você devia...
-É o seguinte moleque, você não vai me
dizer o que eu devia ou não ter feito porque você
nunca mandou e NUNCA vai mandar em mim! -
Ele bufou -Fora que eu não te devo explicação
nenhuma do que eu fiz ou deixo de fazer então
porque você não entra no seu carro pichado e
vai embora?
-Isso não vai ficar assim Ananda! -Kathy
falou e Ananda sorriu.
-Claro que não! -Ananda disse irônica -De
onde veio isso -Ela apontou para o rosto e as
roupas de Kathy -ainda pode vir muito mais!
Kathy engoliu em seco e resolveu não
falar nada. Eles se encararam por mais um
tempo até que Josh e Kathy entraram no carro
de Josh e foram embora.
-Eu vou pra casa! -Ananda disse
colocando as mãos na cabeça tentando fazer
sua dor de cabeça parar.
-Eu te levo! -Ela fez que não.
-Já perdeu duas aulas, não quero que
perca mais alguma coisa por mim! -Ele se
aproximou dela.
-Você fala como se eu realmente me
importasse com a escola! -Ela deu uma
risadinha. Peter pegou de leve seu queixo e o
levantou a fazendo olhar para ele -Eles não
valem nada! Não fica assim, por favor! -Ela fez
um bico tentando segurar o choro e ele a
abraçou -Ai meu Deus!
-Eram meus melhores amigos! -Ela disse
começando a chorar -Eram meus únicos
amigos. Eu não posso acreditar que era tudo
uma mentira, tudo que eu e a Kathy passamos
juntas era real! -Ela olhou para Peter -Nós
éramos irmãs! -Ele engoliu em seco.
-Se ela ainda não se arrependeu, eu
aposto que ainda vai! -Ananda ergueu a
sobrancelha.
-Eu nunca vou perdoar!
-Eu não disse que ela ia te pedir perdão! -
Ananda abaixou o olhar -Mas com toda certeza
ela ainda vai precisar de uma amiga e vai se dar
conta que perdeu uma irmã! -Ananda fungou e o
olhou, ele deu um sorriso tímido -Ah, vai, eu to
aqui tentando te animar! Coopera comigo! -Ela
riu.
-Ta bom! Eu to sem carro, me leva pra
casa? -Ele assentiu. Peter lhe entregou um
capacete e ela enxugou o rosto com as costas
da mão -Sabe, você sendo fofo assim é tão... -
Ele sorriu.
-Fofo? -Ela riu.
-É... Bem fofo! -Ele se aproximou dela e a
beijou.
-Esse cara fofo fica só entre nós ok? -
Ananda deu uma risadinha de lado.
-Pode deixar, eu sou boa em guardar
segredos! -Ele sorriu. Os dois colocaram os
capacetes e subiram na moto indo para casa.
(...)
Ananda estava em casa sozinha e seus
pais tinham a deixado de castigo até ela voltar
para a escola então não podia sair de casa. Ela
pegou o notebook e depois de algum tempo
pesquisando ela descobriu o nome da empresa
que o pai de Peter trabalhava e algumas ligações
depois ela conseguiu entrar em contato com o
chefe dele.
-Sim! Sou eu mesma, gerente da agência
security! -Ela se referia a agência do próprio pai,
uma corretora de seguros.
-E o que meu funcionário tem a ver com
isso? -Sr. Walter, chefe do pai de Peter, disse do
outro lado da linha.
-Digamos que eu sou uma amiga da
família, e os filhos dele vão fazer aniversário na
terça feira... -Ela suspirou -Já faz um tempo que
eles não veem o pai, sabe? -Ela cruzou os dedos
esperando que ele entendesse.
Do outro lado da linha Sr. Walter, um
homem moreno, gordo usando um terno caro e
com toda a postura de durão que o dono de um
banco deve ter amoleceu ao ouvir essas
palavras. Começou a relembrar o quanto era
bom ter seu pai por perto enquanto ainda vivo,
seu pai morrera alguns anos atrás e ele sentia
muita falta das tardes em que passavam
conversando e dos abraços carinhosos do pai...
-Sr. Water? -Ananda falou o tirando de
seus pensamentos -Ainda está ai?
-Sim! -Ele disse.
-E então...?
-Vou ligar agora para o Parker e dizer que
ele pode tirar a semana inteira de folga! -Ananda
abriu um sorriso de orelha a orelha.
-Muito obrigada! -Ela disse.
-E me diga quem é você para eu avisar a
quem ele deve agradecer!
-Meu nome é Ananda... Mas pode dizer
que eu sou a futura nora dele! -Sr. Walter deu
uma gargalhada.
-Ah menininha esperta! -Ela riu -Pode
deixar que eu mando o recado!
Eles se despediram e Ananda desligou o
telefone.
Enquanto isso... Peter tinha acabado de
dar comida para Maggie e enquanto ela comia
ele sentou do lado dela no chão gelado da
cozinha e riu ao ver o jeito que ela esticava o
mini pescoço para poder comer a ração no fundo
do pote.
-Vai ficar gordinha assim! -Ele disse e ela
nem o olhou -Não me ignora não, sua mal
educada! -Maggie parou de comer e o olhou,
lambeu um pouco de comida dos pelos do
focinho -Isso mesmo, tem que olhar pra mim
quando eu to falando com você! -Ele falou
tentando não rir e depois sorriu a pegando no
colo -Você é tão bonitinha!
Peter se levantou ainda com a filhote no
colo e a colocou no chão.
-Será que eu vou na casa dela? -Ele
perguntou para Maggie que o olhou com as
orelhas levantadas -Eu nem sei se a gente tá
junto! -Maggie continuava o olhando -Eu sei, nem
eu to me reconhecendo! -Ele suspirou.
Peter estava se dirigindo para o quarto
quando ouviu a campainha tocar, ele ouviu o som
das patinhas de Maggie pelo chão de madeira e
riu um pouco da situação.
-Desculpa cachorra, mas eu acho que não
é pra você! -Ele disse a pegando no colo e
caminhando até a porta. Peter abriu a mesma e
por um instante congelou.
-Oi... -Disse uma voz feminina que fazia
com que o coração dele disparasse e sua voz
sumisse.
-Nathalie! -Ele disse num tom quase
inaudível.

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