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Lucas estava na entrada do vestiário quando pela primeira vez ele sentiu o cheiro do colega, o caminho era azul e preto, flutuava com ignorância sobre os armários, parando sobre o último.

Caminhou com pressa até lá, e Simom estava ali o esperando, sorria de canto expondo os caninos e seus olhos dourados.

- Eai ômega. Comi foi a transformação? Dolorida?

- Você é um mostro igual a mim? Como eu não te reconheci?

- Posso esconder o meu cheiro. Quem sabe um dia você possa fazer isso, se sobreviver.

- O que quer dizer com isso?

- Que como um ômega, você tem sérios problemas que sinceramente para mim não é relevante. É descartável.

- O que quer dizer com isso?

Ele bufou.

- Que não vou te ajudar. Quero que suma daqui, infelizmente não podia falar isso na frente da Lia, pelo visto ela está na sua.

Lucas sorriu.

- Sei disso. - Simon fechou a cara e virou as costas.

- Se revelar o segredo para alguém nós o mataremos.

A porta do vestiário se fechou com força, Simom era um monstro assim como ele, um ômega? Mas que raios seria isso?

***

Na quadra da escola Lia queria cavar um buraco no chão, encontrar uma cova e se fosse preciso faria ela mesma uma para logo em seguida se enterrar e só sair quando passasse a vergonha.

Que diabos deu nela de segurar a mão do seu amigo por tanto tempo sem nem mesmo ter notado? Sem se importar com o momento?

Isso foi estranho. Muito além da conta.

Okay, okay. Ela está apaixonada, ela já havia aceitado esse fato, só não iria contar para ele e nem ninguém. É cedo de mais para se envolver, não daria certo e disso ela teria certeza.

Existe um fator X. O chefe de polícia da cidade, o cara que assusta tudo e todos somente com o olhar, seu pai.

Aos olhos do pai ela era nova de mais para se envolver em uma relação tão profunda e séria como essa, ele a proibiria sem nem pensar duas veses.

Lia sentou na arquibancada e focou as árvores ao lado do muro azul da escola, eram velhas e altas, algumas com flores brancas bem incomuns para ela, mas com certeza era mil veses melhor que os olhares dos curiosos ao seu redor, nem os meninos do futebol prestavam atenção no jogo como de costume, estavam só chutando a bola e depois olhavam de lance para ela.

Simom vinha com seu calção e regata da Adidas e uma chuteira verde fluorescente. Estava com a cara fechada e não olhava para os lados, vinha em sua direção suavisando o rosto.

- Oi Lia. Tudo bom?

- Oi, sim, mas você não parece estar.

- Não... mas pode melhorar - disse fazendo beicinho.

- Fala vai. No que posso ajudar?

- Que tal um abraço só de início?

- De início? O que viria depois?

Ele sorriu mordendo os lábios. Lia corou em segundos.

- A-M-I-G-O-S Simon, não se esqueça disso.

Algo o irritou, mas não era o que ela havia dito, tinha alguém atrás dela, virou a cabeça e viu Lucas ali, com a mesma feição de Simom, mas se suavisou ao olhar para ela.

- Lia.

- Lucas. - cada letra donseu nome era difícil de se falar, sqiam abafadas por conta da sua respiração acelerada e batimentos cardíacos iperelevados.

- Precisamos combinar sobre a festa. Posso falar com você?

- A-agora?

- Sim.

- Tá.

Tá? Como assim sua burra! Pensa em algo melhor da próxima.

Andou até um dos bancos atrás da escola, e começaram a se olhar ao invés de falar.

Isso levaria um tempo muito longo.

***

Lucas olhava para aquele par de olhos azul e não sabia o que dizer, o que fazer.

Só queria adimirar aquela obra prima criada por Deus, e poder adimirar cada traço como um arquiteto faz antes de lançar um projeto.

É desconcertante o seu cheiro, sua beleza, e pensar que ficar longe dela por doze horas agora se tornou impossível, pois tudo se resumia agora a ela.

Ela sorriu invergonhada, arrumando seu cabelo loiro para trás e corando levemente suas bochechas antes pálidas. Perfeita.

- Então... a festa?

- Festa?

- Sim, por isso estamos aqui, lembra?

- Claro. É... aqui está a mensagem da Sandra. - mostrou pelo Whatssapp, depois de ler e reler Lia o olhou.

- Posso ir sim, só que tem um problema...

- E qual seria?

- Meu pai... ele é um tanto nervoso com outros meninos.

Lucas forçou uma risada para espantar o medo e disse:

- Isso vai ser moleza! Acredite em mim.

- Quero só ver em.

- Então tá.

- Acho que acabamos por aqui... - Lia disse se levantando e...

Mãos dadas de novo!

Isso não pode se tornar algo normal... oras e por que não?

SoulanchorOnde histórias criam vida. Descubra agora