Sai da reunião de pais muito confusa. Nem fui capaz de olhar pro João. Uma coisa esquisita aconteceu. Parecia que a mão dele ainda estava junto da minha.
Ele foi perfeito.
Todo mundo aplaudiu.
A reunião meio que terminou ali. Falar mais o quê? Assumimos a culpa e o zero. Bola pra frente. E ninguém se atreveu a contar sobre o meu tapa. Ninguém.
Foi por pouco. Como falar do tapa sem contar o motivo? E o motivo foi a coisa mais suja que alguém pode fazer a uma pessoa.
Depois daquela ligação que ouvi na casa da Silvana chorei sem parar a noite toda. Imaginei o infeliz do Renato contando as maiores mentiras sobre mim pra todo mundo, só pra se vangloriar.
Estava arrasada mesmo.
Já não bastava minhas dificuldades, minhas barreiras, ainda por cima vinha um cretino daqueles... Fiquei com ódio dos homens. Era melhor desistir. Morrer virgem. Mesmo. E eu me conheço. Tenho até medo se mim. Quando juro uma coisa..
O colégio todo pensando que eu tinha transado com aquele porco.
De manhã pulei da cama, nem tomei café. Foi me dando aquela raiva. Não ia dar pra conversar. Ai aconteceu o que todo mundo já sabe. Eu não imaginava que a turma toda... só queria deixar o débil mental sem graça.
A coisa tomou outro rumo. Me desesperei. Ai apareceu o João.
João.
Bastava pensar nele pra sentir aquele negócio por dentro. Uma espécie de calor.
João.
Como estava dizendo, sai abalada da reunião, nem me despedi dele. Foi meio confuso. Algumas amigas me cercaram. Senti uma mão pesada no meu ombro. Era o Renato, todo humilde, risonho, tentando ser agradável.
- Aline, vamos esquecer essa história toda e continuar amigos.
Afastei sua mão e olhei bem para cara dele.
- Olha, você só não é totalmente indiferente pra mim poque ainda sinto um pouco de nojo.
Todo mundo riu e aquilo doeu nele mais que os tapas, ou pelo menos deveria.
Mas não parei de pensar no João e no dia seguinte liguei pra agradecer. Era o mínimo. Quando ele atendeu eu não sabia o que dizer e acabei o chamando pra uma festa horrível de criança, com Mulher-Maravilha e tudo. Maior mico. Depois me arrependi, mas ja era tarde. Eke estava vindo.
Fiquei super nervosa, andando de um lado para o outro, até que me chamaram na portaria. Não sabia o que fazer com ele. A idéia era agradecer e pronto. O que a gente ficaria fazendo a tarde toda?
Antes olhei pela janelinha do elevador. Ele estava de boca aberta, feito um maluco. Esquisito mesmo. Talvez fosse uma espécie de retardado mental.
Subimos, ofereci um ponche a ele, completamente sem graça. Afinal, fui eu que arrajei aquela situação.
Mas ai tudo mudou. Começamos a falar sem parar. Tantos anos no mesmo colégio e descobrimos que não nos conheciamos.
Não me lembro sobre o que conversamos. Só que rimos muito. E tomamos bastante ponche, por sinal.um horror.
Esqueci que estavamos numa festa de aniversário. Peguei na mão dele. Ptecisava sentir aquilo de novo. E senti!
Estavamos bem próximos, quase colados. Alguém tinha de fazer. Ele parecia meio envergonhado. Fiz sem pensar. Dei um beijo nele.
Mesmo nessa hora eu podia jurar que aquilo tudo era amizade. Uma amizade mais forte que o normal, só isso, mas aí ele enfiou os dedos entre os meus cabelos, apertou minha nuca com força e o beijo ficou um pouco mais longo do que eu esperava.
Me armei toda, já procurando me defender.
Mas ele não quis enfiar a língua, me agarrar à força, nada.
Se afastou, passou a mão pelos meus cabelos, tirou o resto de bolo do meu queixo e sorriu.
Continuamos a conversar, como se nada tivesse acontecido.
Ele tentou mais nada.
Quando a noite caiu foi embora, me deixando completamente apaixonada.
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Primeira Vez
Random"Meu corpo perdeu os limites. Ondas fortes espalharam Meus pedaços pelo infinito É... a primeira vez..." Uma historia vigorosa! Dois adolescentes a caminho da maturidade sexual, a bordo de uma nave chamada cotidiano. Aline... João! João... Aline! Am...