Meses mais tarde, mesmo não querendo, senti uma paixão a crescer dentro de mim. Uma emoção tão intensa que me dominava. Foi estranho, aliás, é sempre estranho quando estamos apaixonados. Já nos conhecíamos há imenso tempo, mas só naquele Verão decidimos conhecermo-nos melhor. As festas à noite eram uma grande facilidade para todo aquele processo de cultivar uma amizade. Mas os dias passavam e as discussões aumentavam. A incompatibilidade de personalidades, as mentiras, o orgulho, os ciúmes. Tudo isto ajudou ao término da relação. Quantas não foram as vezes em que fui para a cama a imaginar um futuro contigo? Quantas não foram as noites em que sonhei contigo? Será que dormias? E hoje? Depois de um dia cheio, quando os risos acabam e a noite pesa, quando deitares a cabeça na almofada: em que vais tu pensar? Hoje, quando chegar a hora de adormecer, naqueles minutos que deveriam ser paz: que guerras tens tu para acalmar?Hoje, na hora em que tudo acalma, na hora em que o silêncio entra: em que pensas tu? O que queres tu? O que afinal prescindes? O que te falta? O que já te sobra? O que questionas? Que respostas tens?
Hoje: como dormes tu?