Capítulo 2 Principe motoqueiro

4 1 0
                                    


Estou passeando pelo gramado do hotel que fica ao redor de um lago muito romântico que a propriedade possui, tem cisnes e tudo, quer coisa mais romântica que isso? Nesse momento, tenho vontade de matar minhas duas queridas amigas, afinal, elas não poderiam ter procurado um lugar mais apropriado para uma viagem entre amigas? Eu estaria muito mais a vontade em um lugar cheio de barulho e com gente dançando, assim eu evitaria meus devaneios românticos. Enquanto eu deliro entre matar minhas amigas por me fazerem pensar e pensar em todo esse clima romântico, começa a chover; mas eu já estou longe de mais para voltar ao quarto sem me encharcar, então, vejo que a recepção fica logo ali, e vou apressadamente correndo até lá, sem que antes disso fique um pouco molhada.

A recepção está vazia, e não é pra menos são quase duas da manhã, nessa hora os casais que estão hospedados já devem todos estar aconchegados em suas camas, com todo esse clima, o que fazer a não ser amar? Nesse momento ouço um ronco de motor, uma moto, um freio. Olho pela porta de vidro que está a minha frente, e mal posso acreditar quando vejo uma Honda 1000. O piloto está todo de preto exceto por alguma logomarca branca que tem em seu capacete. Meu Deus! Será que meu príncipe encantado apareceu? - E começo a rir sozinha, lembrando minha mãe. Ela sempre falou que eu tinha um gosto um tanto peculiar para as coisas, tanto que ela achava que eu era a única mulher no mundo a não sonhar em um dia encontrar um príncipe encantado, ao que eu ria e dizia que sonhava sim, só que no meu sonho ele não chegava a cavalo, mas numa moto. Que belo presente de aniversário seria se ele me chamasse para dar uma volta, nunca andei numa moto tão potente, acho que vou perguntar se ele quer me levar pra passear. Enquanto cogito na possibilidade de falar com quem quer que seja que tem chegado naquele belo brinquedo, vejo aproximar-se da porta, e tirar o capacete.

Não sei se ele tirou o capacete lentamente ou se isso é um delírio da minha mente diante daquele magnífico espetáculo que é a criação de Deus. Agora, todos os meus devaneios sobre pedir qualquer coisa se foram. Minha nossa que homem é esse? Sempre tive bom gosto para homens, mas isso não é um homem qualquer é a mais pura inspiração divina, seu cabelo castanho cortado de maneira que não é curto o suficiente para parecer militar e nem cumprido que pareça descontraído, os olhos que não se podem distinguir entre o azul e o verde, a boca... Que boca é aquela! Parece que desenharam um coração no seu lábio superior. E no momento que eu fico imaginando aquela boca linda na minha ele está à porta.

- Que chuva hein? – Pergunta ele.

Estou muda, o que aconteceu comigo, vamos Adalgisa, responda alguma coisa. Não consigo simplesmente, responder. Parece que minhas pernas travaram e que há uma mordaça impedindo que as palavras saiam de minha boca.

- Quem diria que ia chover? - Pergunta mais uma vez.

Vamos menina o que é isso, não seja boba, é um simples comentário, você nunca se intimidou com ninguém, responda ou vai parecer uma pessoa sem educação. Responda! – Indago a mim mesma.

- Oi. – Respondo em voz baixa.

Ai minha nossa! Oi, isso é o que você responde? Ele comenta sobre a chuva e você diz oi. – Penso comigo mesma.

- Está tudo bem? – Ele pergunta.

Pronto, agora era só que faltava sua tonta, o homem aí parado comentando uma coisa casual ao que você só deveria responder: - Pois é ninguém imaginava. E você diz oi e emudece de novo, agora não há dúvida de que ele notou que você está toda derretida com a beleza dele. Ah! Adalgiiiisa você tem que responder.

- Sim. – Respondo prontamente.

No instante em que eu falo, ele se dirige ao balcão da recepção. Mas, porque que eu fui tão estúpida? Não consegui dizer nada além de oi e sim! Agora, deixei passar a oportunidade de pelo menos tentar conversar um pouco com esse Deus grego. Porque que eu não fiz algum comentário sobre a chuva ou coisa assim? Pelo menos teria segurado ele por mais um ou dois minutos quem sabe. Estou morrendo de vergonha, e não sei de quê, afinal ele não me conhece, provavelmente eu nunca mais o verei. E isso, foram apenas duas palavras trocadas entre dois desconhecidos. Acho que esse é o meu problema duas palavras. Como é que eu vejo um homem lindo falar comigo e eu só respondo oi e sim. A chuva amenizou e eu vou para o quarto, me esconder de minha própria vergonha. As meninas não vão acreditar quando eu contar pra elas, a minha cara de boba diante de um desconhecido.

O dia amanhece e o sol parece que resolveu se esconder realmente. A serração, ao menos pra mim que quase nunca posso admirar, é realmente um espetáculo. A Lêle mal consegue se levantar, acho que realmente ela passou da conta ontem. A Bia ainda está dormindo, deve ter muito sono acumulado devido aos plantões.

- A Bia já acordou? – Pergunto.

-Não, está toda coberta ali embaixo dos cobertores. – Lêle responde sonolentamente.

Nós rimos e Lêle continua:

- Eu avisei. A medicina vai te dar olheiras.

Rimos ainda mais, lembrando quando a gente brincava com ela pela profissão que ela escolheu, todos nós precisamos de um médico claro e todas nós sabíamos o quanto a profissão dela é importante e exaustiva.

- Isa. Creio que passei um pouco da conta ontem. – diz Lêlê

- Você acha? – Respondo ironicamente e sorrindo.

- Ai meu Deus Isa o que foi que eu fiz? - Lêle Pergunta sorrindo.

- Além de dar em cima de desconhecidos descaradamente? – Isa.

- Não acredito que eu fiz isso? Mentira você está brincando não é? – Lêle.

Eu rio e a tranquilizo.

- É verdade; mais tudo bem todo mundo levou na brincadeira. – Digo.

- O quê? Ninguém me levou a sério! - Lêle fala preocupada e com leve sorriso no rosto.

E completa em tom de piada.

- Agora eu não sei se fico triste ou feliz, pensei que todos iam se jogar aos meus pés implorando pra que fosse verdade. – Sorrimos.

E rimos tão alto que a Bia começou a se mexer com que estivesse lutando pra continuar dormindo.

- Sssssshhhhhhhh, vamos deixá-la dormir mais.

- Isa, você poderia ir pegar algum remédio pra mim na farmácia, minha cabeça está estourando.

E faz aquela cara, igualzinho o gato de botas no filme do Shrek.

- Vou. Mas como é que a gente viaja com uma médica e não temos um remédio?

Rimos. Só que agora fechando a boca com as mãos para abafar os ruídos. Acho que até hoje a gente não acredita que ela é médica. Pego as chaves do carro, minha bolsa, e vou ainda contagiada pelo riso da Lêle, acho na verdade que nem existe motivo pra rir, mas sempre que nos encontramos é assim.

A farmácia não fica longe, mas não quero ficar cansada, quero fazer a trilha até as cachoeiras e não quero passar vergonha na frente dos guias. Isso seria motivo de piadas para o resto da vida. Chego à farmácia, e enquanto a farmacêutica vai pegar os remédios que eu pedi tiro meu telefone da bolsa para dar uma olhada rápida na internet. Afinal, faz dois dias que eu não olho e devem ter algumas mensagens de felicitações. Vejo as mensagens, mas não tenho tempo de responder agora. Quando estou prestes a guardar o celular e pegar o remédio. Meu Deus! Isso será o meu dia de sorte, ou diria de azar. É ele, o homem de ontem, fico nervosa; pago o remédio e saiu de cabeça baixa para fingir que não o vi.

Chego ao carro e dou um suspiro de alivio sem sequer entender porque eu estou fugindo dele. Ele nem sequer deve lembrar que me viu ontem, mas pra não correr o risco de me sentir boba novamente é melhor eu ir embora. Ligo o carro e vou rumo ao hotel, e ele ainda envolta em meus pensamentos. Porque eu saí de cabeça baixa? Porque eu não disse olá e tentei engrenar uma conversa? Porque eu saí feito uma fugitiva? Isa, Isa, você deve estar com problemas psiquiátricos, como pôde fingir que... O barulho interrompe meus pensamentos, uma moto, não acredito será que ele vai passar por mim? Será que é a moto dele? Mais porque eu estou pensando isso? Milhares de outras pessoas possuem moto sabia Adalgisa? – Sussurrei.

E AI GENTE SERÁ QUE É ELE?




Paixão à primeira vistaWhere stories live. Discover now