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A beleza da vida certamente está na morte, a força mais poderosa e incontrolável para um mortal. É incrível como ambas parecem se completar em sua paradoxalidade, chega a ser poético. Quem eu sou não é importante, basta saber que sou um eterno todo poderoso de outros universos, ou seja, sou como o seu Deus, Javé, Jeová, Adonai, ou sei lá como queira chamá-lo. O fato é que fizemos um trato, esse Cezar é de suma importância para mim, mas antes de tudo... Sim. Ele está morto. Morto nessa existência que vocês conhecem. A vida é interligada em todos os universos. Todos os seres mortais, formados de partículas, luz, quarks, ondas ou qualquer outra substância, todos estão interligados pela vida e morte. 

Alí está o corpo de Cezar morto, mas esse não é exatamente o Cezar que você acabou de ver morrendo tentando salvar a Dona Ana. Esse Cezar aqui sofreu um acidente a poucos minutos atrás nas minas em que trabalhava, ele inalou mercúrio demais e morreu. O Cezar da sua Terra agora está chegando para dar vida novamente a esse corpo, um corpo humano como o dele, mas com uma diferença:

- O coração dele voltou a bater. – Disse uma jovem muito bonita de cabelos dourados em duas tranças que se encontravam em sua nuca, seus olhos verdes refletiam a esperança de ver novamente Cezar vivo e lá fora o sol nascia.

- Não pode ser possível. – Disse a outra que estava ao lado da cama de Cezar, uma garota alta, também bonita, mas forte, de cabelos cor de tangerina numa trança grossa.

- Sim! Ele está vivo! – disse um pequeno ser parecido com mulher com azas de borboleta que voava ao lado das duas garotas, não parecia ter mais que dez centímetros, mas brilhava com uma luz azul. - Um milagre.

- Onde estou, minha cabeça dói.

- Você está de volta, Cezar, de volta a vida.

- De volta a vid... Eu lembro que estava ajudando a Dona Ana e um assaltante veio e... Como vim parar aqui? E onde é... aqui? - Não conhecia nada ao seu redor. Era uma pequena casa de barro, algumas panelas pretas em cima de um fogão a lenha. Viu sentado num piso de chão batido.

- É a pancada foi forte mesmo. – Disse o ser voador.

- O que é você?

- Sou Lix, não lembra de mim?

- E vocês quem são?

- Abgail, - disse a jovem forte – e essa é Lívia. Lix é apenas uma existência de luz insignificante.

- Não fala assim dela. – Disse Lívia.

Cezar contou sobre sua vida na outra terra e como morreu, até conseguir convencer que falava a verdade enquanto elas tentavam convencê-lo de que aquilo não era um sonho.

- Então que lugar é esse?

- Está no planeta Tiamat. – Respondeu Abgail.

- Tiamat? Onde fica isso? Sei um pouco sobre astronomia. Talvez se me disser a constelação.

- Constelação?

- Sim. Em que quadrante do espaço?

- Bem, o que sei é que Tiamat é o terceiro planeta a partir de Apsu. – Disse a linda Lívia.

- Apsu?

- Sim. – Apontou para o Sol que nascia no horizonte.

- O Sol.

- Não, Apsu.

- Meu Deus! Eu estou na... Terra?

- Não. Tiamat. O mais próximo de Apsu é Mummu, depois Lahamu, aí Tiamat, depois Lahmu, Kishar, Anshar, Anu e Ea.

- Devem ser os mesmos planetas, mas como isso é possível?

- Não sabemos.

- Eu sei quem pode saber. – Disse, Lix – O velho Sodan, ele sabe de muita coisa. Deve saber...

- Ora cale-se, ser. Aquele velho doido não sabe nem que dia é hoje. Ainda acho que é o mesmo Cezar, só bateu forte a cabeça e ficou meio doido também. 

- Quero ver esse Sodan.

- Tudo bem. Lívia vai com vocês lá enquanto eu lavo o que ficou sujo do almoço. Quando voltarmos vamos tomar um banho. – Cezar não entendeu porque ela não tomaria o banho primeiro, mas fez o que ela mandou, não parecia prudente contrariá-la.


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