Meu Número

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***
...O que eu iria fazer agora?!!

Meu pai parecia irritado. Ouvi minha mãe descer as escadas.

- O que houve? Por que estão com essas caras? - pergunta nos olhando.

- Pergunte a sua filha - falou meu pai com uma carranca.

- Eu... - quando iria falar ele me interrompeu.

- Sua filha estava agora mesmo no jornal, não é isso senhorita Brianna?

- Ei! - reclama minha mãe - Nada de "Sua filha", é nossa, por acaso você acha que eu fiz ela sozinha?!

Meu pai revirou os olhos. Acho que esse negócio de revirar os olhos era de família.

- Lilian, você escutou o que eu acabei de falar?

- Ah...não, o que era mesmo? - ela parecia mais despreocupada de todas.

- Eu disse que nossa filha estava na TV.

Ela solta uma risada, depois percebe que ninguém estava rindo então para desmanchando o sorriso.

- Espera ai, isso não é uma bricadeira né?

Todos negamos. Ela arregala os olhos.

- O que você estava fazendo na televisão?!

Me encolhi e dei de ombros.

- Ela estava cantando no palco com um cantor! - falou papai.

- Hã? - foi a reação da minha mãe. - Mas...

- Porque você nunca nos contou que sabia cantar? - foi então que eu percebi porque meu pai estava tão irritado. Ele só não entendia o fato de eu esconder minha voz...

- Eu tinha medo...

- Medo de quê? De mostrar a voz linda que você tem? Eu não vejo motivos para isso.

- Pai, eu tenho vergonha...não consigo cantar em público.

- Bom, me pareceu ao contrário o que eu acabei de ver. - ele estava mesmo indignado.

- É diferente! - levantei.

- Brianna...eu não sei mais o que dizer...

- Então não diga nada!

Corri em direção ao meu quarto. Entrei e bati a porta atrás de mim. Me joguei na cama, botei a cara no travesseiro e me embrulhei na coberta como sempre fazia quando era menor e tinha brigado com meus pais. Deixei as lágrimas sairem. Porque eu estava chorando? Ele não entende! Como ele poderia entender minha situação se nem eu mesma a entendia?! Estava irritada comigo mesma.

Escuto batidas e logo a porta se abre. Limpo minhas lágrimas rapidamente. Vejo meu pai sentar no meu lado da cama.

- Filha...eu não quis te magoar - diz passando a mão em meus cabelos. Não falo nada. - Eu não estava bravo por você estar na TV ou até mesmo por cantar. Eu só queria saber o motivo de querer esconder esse talento de nós.

- Pai...

- Está tudo bem, não precisa me dizer. Eu sei que é difícil pra você.

Eu já falei que amo esse homem?

- Obrigada...

- Não a nada do que agradecer. Vamos jantar, eu e sua mãe queremos saber de tudo.

Soltei um riso.

***

Era impressão minha ou a escola parecia mais cheia do que nunca? O que mais me encomodava não era o tanto de gente, mas sim que toda essa gente estava olhando para mim. É...parece que o dia vai ser longo.

Ritmo InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora