Dear Louis.

1 de junho

1 de junho, 2014

Querido Louis,

Hoje eu falei de novo pela primeira vez em três meses. Foi estranho ouvir minha própria voz, ela estava rouca e um pouco desafinada; era como se eu estivesse ouvindo um estranho.

Tudo começou hoje de manhã, quando eu decidi ligar a TV e tirar você da minha cabeça nem que fosse por alguns minutos. Eu previsava de um tempo só para mim, porém essa foi a pior decisão que eu tomei nesses últimos meses. Foi só ver o desenho que costumávamos assistir juntos, o nosso desenho, eu fiquei histérico. Eu estava muito ocupado tentando respirar que sequer notei quando minha mãe bateu na porta freneticamente e, logo após, ligo para Liam. Eu podia sentir um ataque de ansiedade vindo, e não havia nada que eu pudesse fazer diminuir essa dor; tudo que me restava era descansar minha cabeça em minhas mãos, respirar fundo e esperar

Meu coração estava estava batendo forte, minha visão entrava e saia do foco e minhas mãos tremiam sem parar. Minha respiração estava irregular e eu podia sentir gotas de suor se formarem em minhas têmporas, escorrendo por todo o meu rosto. Isso acontecia muito, para ser sincero. Quando eu estava perto de muitas pessoas, ou experienciava emoções diferente, eu tendia a ter ataques de ansiedade.

Acho que era por isso que eu não deixava meu quarto.

Alguns minutos depois, eu ouvi a porta da frente se abri, e os passos pesados de Liam ecoaram
pelo assoalho. Ele bateu na porta três vezes antes de eu tentar me recompor e decidir abri-la. Liam me lançou um olhar preocupado quando viu me estado - chorando compulsivamente, tremendo e sem conseguir respirar normalmente. Eu não o deixei entrar no quarto, mas também não o proibi, então ele apenas deu um passo para sfrente e se sentou-se ao meu lado.

Depois de um tempo em silêncio,apenas me encarando, Liam me perguntou:

"Harry, você está bem?"

Não respondi. Eu não estava bem. Eu nunca ficaria bem, e Liam sabia muito bem disso

"O que houve aqui?" Ele arriscou pergunta mais uma vez.

"Eu pensei que eu conseguiria fazer isso" Respondi angustiado, massageando meu peito.

"Fazer o que?''

"Assistir Regular Show. Mas isso só me fez lembrar ainda mais dele. Tudo nessa porra de casa me lembra ele.''

''Então que tal sair um pouquinho?"

"Eu não posso" disse simplesmente

"E o que te impede exatamente?" Liam limpou a sua garganta e cruzou as pernas,fingindo anotar num bloquinho como um psicólogo. Ele estava tentando fazer com que eu me sentisse melhor.

Eu franzi o cenho e suspirei, indignando.

"Você é um péssimo psicólogo, sabia Payne?''

Liam abriu um sorriso triste, mas não disse mais nada depois dessa nossa breve conversa. Apenas aproveitamos a companhia um do outro pelo resto da tarde, sem precisar que palavras falassem por nós.

Ele também sente sua falta, Lou.

Todos nós sentimos

Seu para sempre,

Um garoto que não consegue sequer assistir televisão sem chora.

Ps: Eu achei a sua caneca do Doctor Who hoje de manhã. Sabe, aquela azul com uma cabine de policial na frente que você tanto amava, mas não conseguia encontrar? Adivinha onde eu encontrei? Dentro da porcaria do meu armário.