Capítulo 37: Casaco da Perda

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*Amber

Vejo que estou no necrotério mesmo, não podia ser... Não podia... Foi tão pouco tempo em que nos conhecemos mas, eu gostava de cada detalhe do Gu.

Amber: Por que você salvou minha irmã? Eu nunca mais me expliquei pra você os motivos de não falar mais contigo. Eu não merecia seu amor, mas estou honrada por receber esse presente que você me deu. Tenha certeza que farei o melhor enterro para você, o melhor de todos.

Vou até a recepção e pergunto onde fica os pertences que encontram nos acidentes. Sigo as instruções e encontro uma caixa com todos os pertences do acidente. Encontro o casaco do Gu. Vejo que seu celular está lá. Pego o celular e destravo, ainda me lembro da senha que ele colocou, a minha data de nascimento. Vejo ali uma nota recente, ele ia me mandar uma mensagem.

Amber, eu não sei os seus motivos para não estar mais falando comigo mas, aceito mesmo assim. Minha princesa, eu quero lhe dizer que você é tudo o que eu sempre quis e sempre irei querer, se você não me quiser mais, entendo, afinal, a vida sempre vai ser complicada. Em tampouco tempo eu me apaixonei perdidamente por você e não há palavras que decifrem o que eu sinto, Amber, eu só quero que você seja feliz mesm

Deve ter sido neste momento que ele viu a minha irmã e acabou por morrer em seu lugar.

Lágrimas caem de meus olhos e resolvo ir embora. Antes vejo o número residencial de sua casa. Uma mulher atende.

Ligação on:

-Alô?
-Olá, bem, eu falo com a mãe do Gustavo?
-Sim. O que houve?
-Houve um acidente e seu filho salvou a minha irmã. Mas ele não resistiu.

Ouço soluços vindo do outro lado da linha.

-Eu sinto muito, eu poderia lhe entregar os pertences do Gustavo?
-Sim.

Ligação off

Ela me passa o endereço e chamo a Bia para irmos. Em 17 minutos deixo a Bia entregue e sigo o caminho para a casa dele. Vejo a mãe dele esperando na calçada com seu rosto inchado de tanto chorar.

Desço e a abraço. Choro também e ela me convida para entrar. Explico tudo, o que eu era dele, o ocorrido, e até o endereço do hospital.

Jane: Fico feliz em saber que meu filho salvou uma vida.

Ela sorri um pouco triste e também sorrio.

Amber: Vocês tem o mesmo sorriso, mas saiba que farei o melhor velório para vocês.
Jane: Não é preciso minha querida.
Amber: É preciso sim! É o mínimo a se fazer.

Ela me abraça mais uma vez e eu devolvo o casaco.

Jane: Ah! Não, não. Fique com ele, ficará melhor com você.

Agradeço e saio. Imagino se eu tivesse escolhido o Gustavo ao Felipe, aquela seria a minha sogra, eu não estaria grávida, ninguém morreria e em principal, eu não teria me magoado.

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