O Filho Pródigo
Ducado de Galdino, França
1346 d.c
Um homem montado em um grande cavalo negro cortava rapidamente os feixes de luz da lua cheia que atravessavam as copas dos altos pinheiros de uma alameda, enquanto sua capa negra, de linho, farfalhava às costas e seu rosto era ocultado por causa do capuz. Era preferível assim. Apenas homens muito ousados ou tolos andavam por aquelas estradas e àquela hora da noite; os viajantes desavisados poderiam cair em armadilhas engendradas pelos bandidos que lá viviam entre as árvores de roubos e saques. Mas ele já conhecia aquelas estradas e resguardar sua identidade era prioridade no momento.
Mas ele não estava pensando nisso agora, nem se quer se preocupava em olhar para os lados ou para trás, ao que tudo parecia uma noite tranquila de primavera. A estrada era o único jeito de chegar mais rápido ao castelo de Haimon, vindo do condado de Forgeron, ao sudeste, antes do sol nascer. A viagem era reduzia há quase um dia se fosse feita por aquela estrada, e ele não poderia esperar mais que isso, não depois do que soubera e o fizera sair no meio da ceia com o conde e família, onde trovadores animavam a noite.
A paisagem arborizada dera lugar a um vale, rodeado por uma cadeia de morros escuros e pedregosos, que projetavam uma sombra sobre uma vila pontilhada de luzes. A Vila de Seigle estava no centro do vale. A estrada descia por uma colina passando por campos e pastos repletas de casinhas pequenas e escuras de camponeses, até uma ponte de pedra sobre um pequeno córrego que dava acesso a vila, onde guardas faziam a ronda noturna. Eles automaticamente colocaram suas mãos nos punhos de suas espadas presa à cintura ao ver o estranho se aproximando a cavalo àquela hora.
- Senhor, o que quer? – perguntou um dos guardas parando em frente ao portal. O guarda, que usava um elmo, cota de malha e calça e botas de couro, olhava atentamente para o cavaleiro encapuzado sobre o grande cavalo negro. Ele olhava-o de cima a baixo com uma expressão curiosa no rosto ao observar as roupas bem costuradas e o cavalo de raça que o estranho tinha. Outro guarda se aproximou com uma tocha em mãos.
- Baixe o capuz, por favor, senhor.
Delbert baixou o capuz revelando uma cabeleira loura até os ombros que brilhavam à luz do fogo; e olhos claros refletiam as chamas. Uma cicatriz em sua bochecha esquerda contrastava drasticamente com sua beleza jovial.
- Delbert de Galdino. – respondeu o rapaz, com simplicidade, olhando para os guardas. Ele franziu a testa por conta do fogo próximo, e o segundo guarda abaixou a tocha, constrangido.
- Ah... – fez ele. - Desculpe, senhor... Eu não... Não esperaríamos vê-lo a essa hora da noite.
- Tudo bem, meu caro, nem eu esperava voltar para cá tão cedo – respondeu Delbert.
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O Abramelin - A Doutrina da Rainha
FantasyA história começa com uma grande decisão. Uma grande decisão pode mudar uma história. A guerra entre a França e a Inglaterra, no século XIII, foi apenas uma desculpa para um conflito que acontecia nas sombras. É nesse período que conhecemos um campo...