|Capítulo 04|

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" Já chegamos Cecília. Você me ouviu"? Ela estala os dedos na frente do meu rosto, só assim para eu conseguir me situar novamente do meu pânico pré-chegada-em-Paris.

Pensando por esse lado já fico assustada novamente.
Mal eu pousei na cidade mais romântica do mundo e já estou desse jeito.

Ai ai calma Cecília...

Descemos do avião por um pequeno tumulto, pequeno não GRANDE tumulto que se instalava na fila do desembarque.
Eu quase me esqueci de buscar as minhas malas, sou mesmo muito lesada.

A Vera e a Vanessa foram bem prestativas comigo vendo o peso que elas se encontravam.
E eu fiquei carregando a minha maletinha a tira-colo.

Passamos em frente ao arco do triunfo, por a famosa"Champs-Elysees", entre outros monumentos confesso que fiquei maravilhada com tudo que via pela frente: desde os pontos turísticos, até com um casal de namorados passeando de mãos dadas...

Era realmente me emocionei com tudo, eu estava encantada, ou melhor deslumbrada.
Era melhor do que todas as expectativas que eu criava, meus olhos brilhavam de tanta emoção de estar nesse lugar.

Não imaginei que teria tanta gente por aqui: turistas de diversas nacionalidades e idiomas que misturavam-se.

Foi aí que no meio dessa correria toda e agitação eu me perdir das meninas.

***

A princípio nem reparei na ausência delas só depois de alguns minutos eu cair na real, eu chamei o nome das duas pra mostrar um pequeno lago que passava debaixo de uma Ponte e não obtive resposta de ambas, olhava ao redor atenta a qualquer indício das duas, e nada.

Por fim, quando eu estava no ápice do desespero fiz o que eu sempre faço nessas horas:corrir.
Corrir para buscar ajuda, olhava em diversos locais atrás de brasileiros ou até mesmo portugueses, nada. Como pode? Em um país que recebe milhões de pessoas por dia não ter um brasileirinho se quer? O destino só pode estar de brincadeira comigo.
E pra piorar meu sapato estava começando a dar calos nos pés.

Então tá Cecília não entra em desespero, não entra...

Como não pensei nisso antes?
Meu celular! É isso, vou me comunicar com a Vera e tudo estará resolvido com um click.

Não, não não... Meu celular! Ficou na minha necessarie, dentro daquelas benditas malas!
Se eu parasse pra pensar um pouco teria colocado junto com essa minha maleta a tira-colo, aliás a única que me restou.

Falando nela vamos ver o que me restou: documentos, maquiagem da M.A.C, colírio, bobinha para minha asma, Hidratantes, esmalte, dinheiro pra emergência.
Ou seja não muito útil.

Ai,ai ai tenho a impressão que eu estou rodando aqui por horas e horas e não encontro ajuda, melhor uma equipe de resgate por que do jeito que as coisas estão é capaz de eu cair durinha no chão se não encontrar um ser vivo que venha me socorrer.

Vou em um pequeno bar chamado "Sanchez's bar" chego em direção a alguns atendentes da mesma pra usar meu vocabulário limitado do francês.
Nesse ponto eu fui precavida já que aprendi a falar ( Oi Google tradutor?!) : "Que horas são"? "Uma água por favor". "Desculpa" e "Obrigada"

Fora isso mas nada, só se ele saber usar a tão famosa mímica.

E vamos nós...
Sentei em um dos bancos que ficava dentro do bar, logo depois descubro que se tratava de um bar-restaurante.

"Er-...Quelle heure est-il" ? Pergunto com meu francês podre. Ótimo. Tanta coisa pra eu aprender eu aprendo que horas são?

" Il est 18h25" (são 18:25)
O rapaz de olhos claros responde e logo pergunta algo do tipo : "Vous voulez boire quelque chose?

Eu não entendi muita coisa e, nem sabia o que dizer, mas raciocinei que "boire" em francês é beber, depois da minha breve aula de francês: "palavras úteis que devem se usar".
então por um segundo eu soube o que responder.

"A l'eau s'il vous plaît. eau. Boire.(Uma água por favor. Água.beber)
Eu levanto os braços e faço uma espécie de mímica que mais parecia um chimpanzé raivoso dizendo glup, glup.

Ele rir da minha cara e pergunta:
"Avec le gaz ou sans gaz"

Não fazia a mínima ideia do que era
mas respondi: "avec le gaz".

Alguns minutos depois ele trouxe a água que eu tanto estava almejando.

A água era gaseificada. Logo descobrir do que se tratava a palavra " avec le gaz". (com gás)
Eu comecei a tossir feito uma louca e meus olhos lacrimejavam, sentir como se minha garganta estivesse criando uma espuma.
Daí eu encarei o garçom e vi que a sua expressão de divertimento tinha mudado para pasmo.

"Are you fine"? Ele se aproximou de mim e reparei por um mísero minuto seu rosto e vi o quanto ele era bonito... Mas logo minha raiva apareceu: ELE SABIA FALAR INGLÊS!

E durante todo esse tempo ele fez eu passar o tremendo de um mico. Um mico não um macaco total.

Yes, I'm fine! Respondo secamente deixando o valor da água no balcão, sem nem me importar se haveria troco e indo em direção a saída daquele estabelecimento.

Se minha vida fosse um desenho animado nesse momento estaria saindo vapor dos meu ouvidos de raiva por causa da falta de consideração daquele garçom, será que ele faz aquele tipo de recepção a todos? Concerteza já deveria ser demitido por destratar freguesia.

Tive a sensação de estar esquecendo alguma coisa... Mas continuei andando em busca de ajuda.

Foi aí que alguém chamou meu nome.

"Cecília"? CECÍLIA!!!
A princípio nem acreditei que realmente era comigo. Foi aí que meu rosto se encheu de uma felicidade anormal de ter encontrado as meninas. Mas assim que percebo era uma voz masculina... Me viro.

"Você esqueceu tu bolsa". O Mesmo rapaz do bar-restaurante, para minha surpresa aparece correndo com a minha maleta nas mãos.

"Desculpa, como é mesmo? Ah!
Você esqueceu SUA bolsa".
Vejo-o repetir a frase mas dessa vez corretamente cada palavra.

"Espera aí... Além de saber francês, inglês agora sabe o português também? Qual é a próxima língua? Grego talvez.
E como é que você sabe que eu sei português? E onde aprendeu meu nome"?
Bombardeio aquele até então desconhecido.

"Eu merecia primeiro um obrigada talvez, não? O rapaz me diz franzindo o cenho e um sorriso debochado escapando de seus lábios.

"Obrigada" Reviro o olhar.
"Agora desembucha Sr. Garçom."Cruzo os braços na tentativa de me aquecer um pouco mais. Estar a noite desde que saí do bar não faço ideia de onde estou.

Primeiramente meu nome é Miguel, assim que você saiu dalí com raiva transbordando batendo os pés com tanta força que mais parecia uma menina mimada e-...

Eiii!! Interrompo o agora não tão desconhecido Miguel.
"Não sou mimada não"! Digo.

"Está bueno. Perdão, não és menina mimada. Posso continuar"?
Ele se diverte com minha raiva que nesse momento é só fingida e continua a falar. Percebo seu leve sotaque ao divagar trocando palavras do português ao espanhol.

"Assim que você saiu de lá, vi que tinha uma bolsa em cima do balcão. Logo imaginei que fostes tua, então abri-la cuidadosamente a proucura de um documento teu e achei sua identidade que tem escrito: "Cecília Moreira Costa" logo percebi ser uma brasileira e como sei falar: francês, espanhol, português e frases úteis em inglês iniciei a minhas buscas atrás de ti. Por fim te encontrei a cá.

No momento em que as informações do Miguel estavam sendo processadas e que as coisas tinha se encaixado de vez ele falou.

"Ah. Esqueci de lhe dizer minha mãe é Brasileira e meu pai um Espanhol que vive atualmente na frança, e não sou garçom, sou o filho do dono.
Sou um autêntico Sanchez.
Miguel Sanchez".




Atualizando mais um capítulo
:D




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