|Capítulo 16|

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Permaneci naquela posição, imóvel sem saber ao certo se tinha escutado realmente tais palavras ou era tudo obra da minha imaginação fértil,  por hora me enganava com falsas esperanças. Mas aquilo claramente não era fruto da minha imaginação pois o pai de Miguel havia criado uma outra fisionomia e olhava para mim com uma expressão de pura cólera, a qual ele não fazia questão de esconder.

Ninguém ousava falar, nem eu em responder aquele pedido,  queria e muito aceitar, passei os olhos por uma fração de segundos por todos que estavam na mesa: Elizabeth sorria, Sra. Regina piscara para mim, já o seu marido como sempre aparentava um péssimo desgosto com o pedido do filho. Antes que eu pudesse aceitar a proposta e dizer Aceito, ele interveio.

"Que aburdo é esse"?!! Interrompeu ele, com um português puxado de sotaque.

"O senhor por acaso não ouviu direito pai"? Questionou Miguel que tentava aparentar segurança mas falhava um pouco ao gaguejar as últimas palavras, não o culpo se eu trocasse de lugar com ele também me sentiria intimidada com seu pai.

"Você simplesmente não pode propor um pedido desses a essa menina''.

Que argumento mais ridículo. Pensei.

Logo depois o já transtornado Sr. Sanchez bateu a mão na mesa espalhando os pratos e talheres que estavam perfeitamente separados. Elizabeh levantou-se rapidamente e foi em busca da mãe que gritava palavras de persuasão ao marido, de nada adiantava, por fim ele veio com uma garrafa de vinho nas mãos em minha direção, então eu percebi: ele iria me machucar.

                  |Miguel|

Não era dessa forma que eu planejava pedi Ceci em namoro, dentre todas a possibilidades ruins que poderiam ocorrer essa sem dúvida foi a pior, eu imaginei que Papá ia ficar um pouco ressentido mas não tanto quanto aquilo. Tive medo dele e quando fiz o pedido notei a raiva eminente em sua alma e eu não estava exagerando. Quando de repente o vi pegar a garrafa de vinho e mirar no rosto de porcelana de Ceci, instintivamente dei um passo e espreitei-me na sua direção ficando com uma bolha de proteção na frente dela, a garrafa acertou-me em cheio, depois disso, tudo começou a rodopiar... A girar... E ficar tudo escuro...

"Venha para os meus braços Miguel... Venha". A voz chamava-me eu seguia em direção a ela, eu  estava em uma praia não me lembro como parei ali, minha visão era turva e quando tocava os pés na areia o chão caía. Mas nada importava agora, eu precisava encontrá-la.
"Venha Miguel". O som ficava cada vez mais nítido, segui na direção de uma silhueta que estava de costas coberta por um vestido branco. "É ela" Pensei.
A voz agora estava mais nítida e pude perceber o choro na sua voz, aquilo era um clamor. Corri e a puxei para ficar frente à frente mas quando o fiz me arrependi do que vi: na boca dela havia sangue, muito sangue que escorria do pescoço e ia para o vestido, nas suas mãos tinha o pior: a garrafa de vinho.

Era apenas um sonho...

"Não"!!! Gritei acordando em sobressalto. Minha testa estava cheia de suor fazendo meu cabelo colar na mesma, não sei como fui parar naquela cama só consigo lembrar do pesadelo, foi então que comecei a ligar os pontos: pedido de namoro, mudança repentina do humor de meu pai, garrafa voando na minha direção.

Tentei fazer força para me levantar da cama mas minha cabeça ainda latejava, tatiei o criado-mudo a procura do meu relógio.

             10:00 A.M

O relógio indicava que eu havia dormido das nove da noite até as 10 da manhã do outro dia. Só conseguia pensar na Ceci e em quão horrorizada ela deve ter ficado diante de tal situação. Antes que meus pensamentos voltem a tona a porta foi aberta revelando a minha Cecília com uma xícara nas mãos sorrindo levemente.

"Bom dia Miguel, como se sente". Questionou ela sentando-se na cama.

"Estou bem, apenas com um pouco de dor de cabeça". Admiti.

"É normal, o médico disse que hoje mesmo você já estaria melhor". Confessou ela, não lembro de médico nenhum, lembro-me apenas do sonho que tive. Pensei.

"Quer chá"? Perguntou ela.

"Sim, mas primeiro me conte o que aconteceu comigo depois que eu desmaiei". Propus.

Ela me contou tudo: a parte que meu pai jogou a garrafa, meu desmaio, o quanto minha mãe e minha irmã ficaram desesperadas, a fuga de meu pai logo após ele ter feito isso fato que até então eu não sabia que tinha acontecido e por último meu sono brusco. Contei a ela do pesadelo que eu tive, a princípio ela havia ficado bastante assustada mas logo depois estava tirando sarro da situação dizendo que eu estava tendo alucinações com ela.

"Eu fiz tudo isso por você Ceci". Declarei acariciando as maçãs do rosto dela com dificuldade.

"Eu só trago transtornos a essa casa Miguel". Lamentou ela pondo as mãos no rosto. O fato não era ela me trazer problemas e sim o quanto ela me fazia bem, não importa o que aconteça para nos fazer ficar longe um do outro, isso certamente não acontecerá.

"Deita comigo". Pedi. Embora aquilo tem soado como algo impróprio, não me arrependi de pedir.

"Não Miguel!! Sou moça de respeito". Eu amo a forma como as maçãs do rosto dela ficam corados com certas perguntas, quanto mais eu a conheço mais me surpreendo com seus gestos.

"Eu não estou falando desse tipo de "deitar". Quero que me faça companhia, você sabe que eu nunca faria nada que você não aceitasse". Afirmei.

"Só um pouquinho" disse ela cedendo meu pedido e encostando seu rosto em meu peito, a posição não era muito confortável já que eu estava todo dolorido, mas resovi não reclamar. O simples fato de tê-la alí intacta sem nenhum corte ou arranhão trazia tranquilidade diferentemente do sonho que eu tive.

***

               [Cecília]

Miguel havia adormecido novamente, aproveitei o acaso e me levantei devagar a procura do notebook dele que estava em uma das gavetas do seu criado-mudo, antes que me perguntem o que diabos eu estou fazendo, a resposta é simples: falar com a Ju pelo Facebook e depois ligar para a Vera pelo número que minha mãe me passou. Procurei por todas as gavetas e na última achei um papel com um número de telefone que estava escrito "Vera" acha tudo uma coincidência, mas algo em seu coração começa a remoer
Eu não consigo aguentar e procuro meu seu bolso o número que Regina, minha mãe havia repassado por telefone, ao conferir dígito por dígito surge a grande questão: trata-se dos mesmos números. Como Miguel a conhecia? Ele a conhecia? Ou pior, será que ele havia falado com ela a meu respeito e não tinha me contado?

Antes que eu pudesse averiguar surge uma voz atrás de mim:

"O que você está fazendo mexendo nas minhas coisas Cecília"?

Era Miguel, e eu tinha uma leve impressão que isso não ia terminar nada bem..."



Oi!! Como estão?! Antes que me matem por demorar a postar capítulo, eu tenho como me defender kkkkk postei o capítulo e ele não estava aparecendo aos leitores :(

estou viciada em um livro alí e como ele tem continuação fiquei fissurada nele... Se chama "A fuga" super indico a todos vocês <3

Capítulo dedicado a  ThaisRighettiS2.  
Confira o livro dela

Um beijão e até mais!!!

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