Capitulo 7

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Soluços baixos saem da minha boca, enquanto as lágrimas escorrem com força pela minha bochecha. O meu coração dói, não no sentido real mas dói, a tristeza e as lembranças ruins de como tem sido a minha vida e a da minha mãe desde que o telefone tocou na noite do dia sete de abril, há onze anos atrás .Essa noite nunca foi esquecida apenas me distrai durante os anos, mas a dor continua sendo a mesma.

Eu tenho saudades, eu tenho tristeza e eu tenho raiva no meu coração. O comentário do Harry partiu o meu coração remendado, em vários pedaços.

Eu respiro fundo algumas vezes antes de sair da cabine, o meu reflexo no espelho é de uma garota quebrada, a minhas bochechas coradas e marcadas e os meus olhos vermelhos, o meu cabelo está numa confusão maior do que a normal por causa do meu ataque de agora á pouco.

Faço uma concha com as mãos, encho as de água e jogo no meu rosto, eu só quero ir embora e nunca mais ter que olhar para a cara do Harry. Eu não ligo se ele sabia ou não do meu pai, se ele soubesse da metade da porra da minha vida,ele se calaria.

Saio do meu banheiro e antes que eu possa dar um passo, uma mão segura o meu pulso,num aperto forte e eu quero chorar de novo.

"Me solta Harry" digo sem olhar para ele.

"Você estava chorando?"  Ele pergunta e eu quase rio do quão hipócrita ele está sendo agora.

"Me solta" digo mais alto, e com um movimento ele me puxa para ele, meu peito colado no seu e a sua respiração no topo da minha cabeça. Eu não tenho vontade dr olhar para ele.

"Porque você estava chorando?"

"Não interessa!" Grito e tento me soltar mas as suas mãos vão para a minha cintura prendendo meu corpo ao dele "droga Harry! Me solta" Grito, eu estou tão cansada, é como se a enorme quantidade de lágrimas tivessem me desidratado e agora eu fosse só uma casca seca.

"Eu não entendo..." ele começa,seu tom de voz não parece agrádavel,e o seu aperto na minha cintura não afrouxa.

"Não precisa entender, você é um idiota" cuspo e começo a bater no seu peito com os meus punhos.

"Que merda ,Elizabeth?" Ele grunhe e me solta, e eu não perco tempo e sair dali o mais rápido possível.

Meus passos são apressados e eu quase tropeço nos meus próprios pés,eu vejo alguns estudantes me olhar como se eu fosse louca,mas sinceramente eu não ligo.

Quando finalmente saiu da universidade,fico feliz por finalmente poder respirar de verdade, o ar frio de Londres nunca pareceu tão refrescante.

E penso no quanto a morte do meu pai me afeta mesmo depois de onze anos. É sempre doloroso perder alguém que se ama,mas o meu pai morreu na noite do meu aniversário,enquanto eu esperava ele chegar com um bolo como ele fazia em todo aniversário. Por volta das dez da noite a minha mãe recebeu um telefonema,e ela começou a chorar desesperadamente como se ela sido gravemente ferida,como se tivessem tirado o coração dela com as mãos, e eu tinha sete anos,eu não sabia o que estava acontecendo ou o que fazer para a minha mãe parar de chorar.

Ela ficou mal por anos, e nunca voltou a sorrir verdadeiramente como antes,ela nunca mais voltou a comemorar o meu aniversário,e eu não a culpo por isso. Mais as lembranças me afetam mais do que qualquer um que olhar para mim vai entender.

A distância entre a universidade e o meu prédio nunca pareceu mais longa, e fico aliviada quando finalmente passo pela porta de entrada do prédio modesto onde eu moro.

"Você está bem querida?" A senhora que fica na recepção ás vezes,pergunta e eu assinto simplesmente e agarro nas minhas chaves.

Subo os degraus de dois em dois até o segundo andar,e giro a chave na maçaneta e volto a tranca-la.

Pouso a minha mochila na minha comoda e me jogo na minha cama, fico olhando para o teto por um tempo, pensando em como o meu pai pode ou não estar me observando agora, o que acontece depois da morte é um assunto sem nenhum tipo de respostas certas.

"Eu algum dia serei feliz,pai ?" Deixo a pergunta solta no ar enquanto permito que o sono tome conta de mim e me transporte para o lugar mais calmo que eu conheço.

Quando acordo com algum barulho no quarto, a primeira coisa que v ejo é a Melissa me olhando de um jeito estranho,como se estivesse me estudando.

"O que foi?" Pergunto e me sento rapidamente na cama.

"Você estava chorando, enquanto dormia" ela diz e se senta na minha cama. Passo a mão pela minha bochecha e sinto os rastros de lágrimas na minha bochecha.

"Oh" digo simplesmente,não há explicações para isso, e eu não sei se quero explicar.

"Aconteceu alguma coisa?" Ela questiona

"Não " minto e vou até a minha comoda pegar algumas roupas para ir tomar um banho.

"Mesmo? O Harry me disse algumas coisas" ela parece acanhada em me perguntar sobre isso.

"O que ele te disse?" Viro a cabeça na sua direção, não sei mais o que eu aguento de Harry por hoje.

"Disse que você começou a chorar, e ele jurou que não disse nada demais" ela fala e começa a mexer na suas unhas pintadas de azul.

É claro que ele diria isso, ele não sabe de nada na verdade,mas há coisas que não precisam ser ditas numa discussão descente. Ou quase descente. O meu dia está tão vago na minha cabeça que eu nem me lembro como começamos a porcaria da discussão que me levou as lágrimas.

"Vocês voltaram a falar?" Mudo de assunto, o meu pai é um assunto delicado e eu não gosto de partilhar com ninguém.

"Sim,mas a questão não é essa" ela diz e eu suspiro.

"Foi só uma discussão,e não sei direito o que me levou a chorar, eu estava com raiva eu acho" finalizo e pego num shorts e numa camiseta junto com roupas intimas limpas.

"Tudo bem, mas se quiser conversar eu estou aqui" ela diz e eu assinto.

"Eu também" digo e ela sorri,e eu entro no banheiro para tomar o meu banho.





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⏰ Última atualização: Jan 16, 2016 ⏰

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