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-O líder do Coven deve possuir sensibilidade e poder interior para canalizar a energia do grupo, para dar início e interromper cada fase dos , ajustando a duração de acordo com o ânimo do grupo.-ouviam-se estas palavras proferidas por uma mulher velha que não tinha olhos nem sequer o lugar para eles. Quem a ouvia era um homem que se encontrava ajoelhado de cabeça para baixo em frente da mulher. Apesar da sua posição notava-se perfeitamente que era uma criatura alta e forte. Parecia muito arranjado e o seu cabelo estava perfeitamente preso por um pequeno poupo. A floresta em que se encontravam os dois corpos estava escura, a única fonte de luz eram as velas que se encontravam fazendo um circulo a volta dos dois e a lua que se encontrava no seu estado mais cheio. A velha mulher pega com as suas mãos engelhadas com as unhas demasiado grandes e sujas num frasco quadrado com um liquido transparente.

-O Coven tem mais poder em ti que tu nele apesar de não importar o que eles dizem para ti, mas não te esqueças que não fazes nada sem os outros membros, sem eles a segurem-te não há rituais. Não cometas o mesmo erro que o outro. Nós estamos a por muita confiança em ti Harry. Democrático e bom, além de justo e sábio, não podíamos pedir melhor.

Harry eleva sua cabeça e ouve com felicidade aquelas palavras apesar de saber que são um pouco exageradas já que a mulher faz tudo com segundas intenções. A mais velha estende as mãos e ele pega no frasco frio e um pequeno arrepio percorre o seu corpo. Ele abre o frasco e recebe uma chapada em suas mãos da velha.

-Ainda não é altura imbecil. Tens que concordar com tudo isto. Faz o que tens a fazer.- a velha levanta-se mas antes deixa uma faca ferrugenta e com um ar muito sujo na mão de Harry. A mulher anciã vai para trás do jovem que se mantém com os olhos fechados. De repente, vindos do nada aparecem quatro corpos com túnicas pretas, todos eles com máscaras de animais: uma vaca, um touro, um porco e uma ovelha todos eles sem olhos. Colocam-se ao lado da velha mulher que deixa um pequeno sorriso ficar preso em seus lábios ao ouvir a voz rouca de Harry a proferir o juramento:

-Todos os Sabat serão preparados, todos os Esbat serão preparados, todos os rituais serão controlados. Salem será nosso. Eu serei o Alto Sacerdote e nada me impedirá de proteger este coven.- Acaba quase num grito e corta a sua mão com a faca deixando-a cair no chão cheio de caruma e ervas bebendo um gole do líquido a seguir. Os quatro mascarados dirigem-se cada os estremos do rapaz que parece estar tonto e na realidade estava. O liquido que acabara de beber ia-o fazer ficar imóvel e ter alucinações durante toda a noite. Ao verem que o rapaz cair apanham-no antes do seu corpo tocar no chão. Carregam-no até uma espécie de cama de erva que se encontrava entre imensas árvores e ao fim de o pousarem a velha anciã começa a fazer uma espécie de reza em volta do corpo deitado agora com a sua roupa e seu cabelo um pouco desajeitados. Passado algum tempo, Harry começa a sussurrar palavras apesar de ser impossível perceber algo que ele dizia. A velha parou de falar ao notar a sua agitação e inclinou um pouco a cabeça para ver se percebia o que o mais novo dizia mas sem sucesso continuou a proferir as palavras deixadas por acabar.

Harry estava cada vez mais agitado, as suas alucinações estavam cada vez mais fortes e pequenas pingas de suor começam a sair de sua testa apesar de não movimentar seu corpo e mais algum tempo passado, Harry acaba mesmo por começar a gritar deixando a velha soltar uma pequena gargalhada. A sua reza termina e ela pega num saco aveludado que no seu interior continha um pó branco que ela começa a deitar no chão formando uma estrela por baixo do corpo de Harry.

Passadas algumas horas, Harry já se encontrava um pouco mais calmo, o auge das alucinações tinha chegado ao fim e o sol já era quase visível e ao repara nisso, a velha sai do lado corpo e dirige-se para o centro da floresta. Harry vai acordando aos poucos com os raios de luz do sol que lhe pareciam dar um bom dia. Apesar de bruxo, Harry era uma pessoa muito adorada em Salem, era um reverendo como nunca outro tinha havido: cuidava da política daquele lugar sem qualquer corrupção e graças aos portos marítimos alargados, Salem estava cada vez um império mais rico.

Heaven's Dead | Larry StylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora