1 - Acidentalmente

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"Entre por essa porta agora e diga que me adora. Você tem meia hora pra mudar a minha vida"

Ponto de vista de Katherine Moore -

Não aguentava mais andar. Os poucos centavos que encontrei no bolso da calça não eram suficientes pra chamar um taxi. Eu havia atravessado Newark inteira, consequentemente Nova Jersey também ate chegar no centro de Nova Iorque.

Parecia uma moradora de rua com as roupas sujas e o cabelo bagunçado. Andei tanto, mas ainda parecia muito perto do cativeiro onde me mantiveram presa por alguns meses.

Pensei em ligar para a minha família, mas fazia tanto tempo que eu nem sabia se moravam mais na mesma casa. As lembranças das agressões e abusos me tomaram e eu paralisei, prendi minha respiração por uns segundos, talvez uns dez.

Os sentidos sumiram quando uma luz bateu nos meus olhos me impedindo de saber o que significava, e um impacto forte empurrou meu corpo com tanta agressividade que eu senti que cada membro meu tivesse sido deslocado.

Abri meus olhos calmamente tentando fazer com que minha visão não embaçasse, mas logo em cima de onde eu estava deitada havia uma lâmpada que me cegava cada vez que eu tentava reconhecer o local onde eu estava.

- Moça? Está acordando? - Ouvi uma voz ao meu lado me perguntando. Eu não reconhecia ela, e não conseguia me virar para ver quem era. - Doutor, Doutor. A moça acordou. - O homem gritava, parecia surpreso.

Doutor? Eu estava num hospital?

Finalmente consegui que minha visão voltasse ao normal e não me senti mais torturada pela lâmpada em cima de mim. O homem parado do meu lado era alto e loiro. Seus braços cobertos de tatuagens davam destaque na sua camiseta branca.

Não sabia quem ele era, não sabia sequer onde eu estava. O medico se aproximou e me obriguei a calar meu blablabla mental para que pudesse entender o que havia acontecido.

- Nenhum osso quebrado, apenas uma leve torção no músculo do braço direito, e alguns machucados, que para essa moça cheia de hematomas não deve fazer diferença.

Franzi o cenho tentando compreender o que eu tinha ouvido. O medico sibilou um "sinto muito", e disse para o homem ao meu lado que eu só teria alta no outro dia de manha, por que precisava estar em observação.

O moço loiro que eu vi quando abri meus olhos aqui nesse hospital não saíra do meu lado um segundo sequer. Sua feição preocupada não escondia o quanto ele se sentia culpado por me ver ali.
Ele me fez companhia durante o dia todo, mas eu não estava me sentindo confortável com sua presença então não hesitei em dormir e descansar tudo que eu não havia descansado em quatro meses.

O dia amanheceu, e eu já estava muito ansiosa pra sair dali, eram umas cinco da manha e eu já estava pronta, apesar da dificuldade que encontrei em me vestir sozinha. Cada passo que eu dava para fora daquele lugar fazia parecer que um pedaço de mim caía.

Meu corpo todo doía, inclusive quando me colocou sentada no banco do passageiro de uma lamborgini amarela.

- Onde você mora? - O loiro perguntou.

- Texas!

- Texas? Mas está se hospedando na casa de quem?

- De ninguém.

- Garota, fala serio. Eu só quero te levar segura pra casa.

- Meu nome é Katherine. E eu só estarei segura se você me deixar descer desse carro para continuar fugindo.

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