And I still taste on my tongue

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   Não fazia a menor ideia de que horas poderiam ser quando ouvi o toque estridente do meu celular quebrar o silêncio da noite. A princípio o ignorei por pura preguiça de levantar para atendê-lo, porém acabei cedendo antes que o mesmo acordasse minha garota. Encontrei dificuldade em abrir os olhos, mas quando o fiz me deparei com a sala tomada pela escuridão havendo apenas a luz fraca da lua que adentrava pela janela. Ainda sonolento apertei os olhos tentando me livrar da moleza, que tomava meu corpo. Repeti a ação mais duas vezes e na segunda vez senti a mão de Elizabeth subir meu ombro, o balançando com delicadeza.

- O telefone. - Foi o que ouvi sua voz embargada de sono dizer. Abri os olhos, dessa vez depressa e a encarei a garota que se distanciou, sentando-se no sofá em perninhas de chinês. Levantei num pulo para buscar o maldito aparelho no rack, em que estava a televisão. A luz da tela incomodou meus olhos, como o de costume demorei para enxergar o nome de Dougie no visor. Mas que porra ele queria aquela hora?

Arrastei o touch scream para atendê-lo.

- Fala. - Resmunguei mal humorado com a voz rouca de sono. Voltei meus olhos para Lizzie, que ainda estava sentada no sofá com uma expressão cansada, a garota coçava os olhos na provável tentativa de despertar. Me perguntei se ela sabia o quanto ficava adorável daquele jeito.

-Cara, você podia atender o celular com mais frequência. - Me esforcei para ouvir a voz do meu amigo, pelo barulho externo.

- E você podia não me ligar de madrugada. - Retruquei grosso, antes de bocejar.

- Não são nem onze horas, seu merda. - Dougie constatou rindo, me fazendo tirar o aparelho do ouvido e checar a hora só para ter certeza de que ainda era cedo.

- Ui, acordamos a bichinha de tpm. Cuidado, gente! - Ainda pude ouvir a voz de Fletcher no fundo. Revirei os olhos arfando. Meus amigos eram um bando de idiotas.

- Me dá o celular, eu quero falar. - Ouvi a voz de Harry em meio a gritaria do outro lado da linha e presumi que o aparelho estava no viva-voz. - Cala boca, cara! - Judd ordenou. - Danny, tá me ouvindo?! - Berrou fazendo-me afastar o celular do ouvido novamente.

- Difícil é não ouvir. - Afirmei, tendo a certeza de que meus amigos eram uma bando de retardados bêbados.

- Beleza. - Declarou antes de prosseguir. - Vamos ver a queima de fogos que vai rolar na praia. - Avisou animado como se eu aquilo de alguma maneira pudesse me contagiar.

- Fogos? - Me certifiquei ainda lesado de sono.

- É o que costuma haver no ano novo, imbecil. - Dougie retrucou me fazendo lembrar daquele detalhe.

- Deixa de ser estraga prazer, vai ser legal. - Continuou parecendo menos animado. - Alias as meninas estão com a gente. - Disse por fim num tom sugestivo.

- Meninas...? - Algo pareceu estalar em minha mente, que me fez lembrar das amigas de Lizzie, que bebiam com Dougie e Harry. O que consequentemente me fez lembrar da conversa com Judd no bar. - Ah. - Deixei que o som vago se propagasse enquanto eu recobrava a memória. - Não sei... - Respondi depois de um longo tempo encarando Elizabeth, que ainda estava no mesmo lugar de antes me fitando com interesse e uma aparente vontade de rir. Me ocorreu que talvez não fosse preciso muito esforço para ouvir os gritos do outro lado da linha.

- Cara, não tem essa de: "Não sei." - Ouvi Poynter me imitar numa entonação ridícula. - Estaremos ai em meio minuto. - Explicou autoritário por mais que risse.

- Meio minuto? - Estranhei a afirmação. - Onde vocês estão? - Indaguei curioso.

- Agora? Subindo. - Respondeu Dougie, que parecia ter pegado seu celular de volta. E no meio da minha caminhada em círculos, eu praticamente tropecei nos meus pés.

Another Love DrunkOnde histórias criam vida. Descubra agora