- (Parte 03) -

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– Aqui estão as receitas. – George entregou os papéis a Deims que nem se deu o trabalho de tentar decifrar o que estava escrito, afinal letra de médico mais parece um enigma. Dona Judite ficou observando atentamente a porta em que um dos doutores saíra alguns minutos antes:

– Será que ela está bem? – Ela passou a mão no colo com uma voz angustiada.

– Sim, está e logo logo a senhora vai entrar ali para vê-la, tudo bem? – Jean arrumou os óculos e tentou abraçar ela de forma gentil.

Não demorou muito para que um jaleco branco surgisse no corredor:

– Quem é o parente mais próximo da garota? — Judite se posicionou de frente pro médico e em silêncio seguiram para a sala. Ele foi lhe dando orientações como não deixá-la muito exaltada, não abraçar tão forte por conta das escoriações e tentar não se emocionar pois influenciaria no quadro de saúde dela. Entrou em silêncio e observou ela ali, de olhos fechados e lábios rosados. Um curativo no canto da testa, coberta até a cintura por um lençol fino e um travesseiro de cor clara lhe sustentando as costas. Ela se aproximou e com os lábios trêmulos deu dois beijos calmos nela:

– Falta poucos minutos pra você ser liberada meu amor, fique tranquila que já já estaremos em casa. – Ela sorriu tentando convencer a si mesma que tudo estava bem.
Foram alguns minutos de silêncio e algumas batidas na porta lhe fizeram despertar dos pensamentos:

– Dona Judite, ela já está liberada. Vai permanecer um pouco sonolenta por conta do soro e dos medicamentos, mas não é preocupante. Já passei as receitas para George e seu irmão e caso queira a cópia de alguma delas é só retornar aqui. Fique em paz, ela está ótima e novinha em folha. – O doutor sorriu, com um sorriso amarelo e curto e auxiliou uma enfermeira que  estava ao seu lado.

Nina foi abrindo os olhos lentamente. A vista ainda estava pesada, mas as vozes ecoavam na sua cabeça. Ela sentia uma pressão na nuca e quando franzia a testa o canto dela doía. Os lábios estavam ressecados e a garganta com um gosto amargo de remédio. Quando por fim conseguiu enxergar as coisas mais ou menos bem, disse pausadamente:

– Podemos ir vó? – Judite se virou feliz, sorridente por ouvir aquela voz doce de novo e respondeu:

– Sim meu amor, só vou precisar de ajuda para te levar até o carro.

– Vamos de táxi? – Questionou.

– Não, o rapaz que bateu com o carro em você se ofereceu para levá-la de volta.

– E a senhora deixou? – Ela riu seco, meio irônica.

– Não temos outra alternativa, o irmão dele também está de carro, podemos ir com ele.

– Tanto faz, quero ir pra casa. – Um bico de dor se fez em seus lábios e logo seus amigos estavam ali.

– Querida, você está bem? – Jesse correu até ela, abraçaram-se com cuidado, Jean chegou de lado e beijou a bochecha dela e Penny abraçava os três com um sorriso largo.

– Estou, só quero ir para casa descansar, vamos? – Assim que o montinho se desfez, Nina levou rapidamente seus olhos até a porta. Lá estava ele. George de braços cruzados e expressão séria. Se dirigiu até ela e disse:

– Desculpa pela estupidez, achei que tivesse zombando de mim quando riu lá no chão. – Ela voltou a ficar séria. Ele piscou os olhos também sério e um silêncio se fez. Ela suspirou e então respondeu:

– Olha, já passou. Foi um aprendizado para mim, e para você. Mesmo com pressa vou olhar pros dois lados da rua e você, ande mais devagar e se possível com os faróis altos. Numa cidade escura como essa não dá pra confiar em luz meia-boca. – Ela deixou os lábios se entortarem no que parecia ser um sorriso sem expressão. – Quanto aos meus remédios ouvi os burburinhos com o doutor, eu vou trabalhar e pagar tudo, ok? – ele revirou os olhos:

– Não se trata de uma dívida. Nem de um favor, eu não fiz mais que minha obrigação já que te atingi com o meu carro. Agora vamos, amanhã cedo preciso ir a escola ver em que sala caí.

– Eu não preciso saber dos teus planos. – Ela murmurou num tom pra dentro e ele sem dar ouvidos deu as mãos a ela que desceu da escadinha ao lado da cama com lentidão.  Com a ajuda de seus colegas ela foi colocada no banco do carro de George. Um carro de luxo desses que só se via em tevê. O restante do pessoal se ajeitaram nos bancos de trás do veículo e por fim saíram dali. A noite iria ser longa.


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⏰ Última atualização: Jan 19, 2016 ⏰

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