Nunca tive medo de morrer, pelo menos não até os 17 anos, quando acompanhei o "grande dia" de uma pessoa do momento em que ela acordou até a hora em que foi beijada pela morte diante de meus olhos. Depois do ocorrido percebi o quanto a vida é incerta, que nossos planos para o amanhã podem nunca acontecer e isso me levou a ter medo de morrer, medo esse que me impede de viver. Irônico, não? O medo da morte impedir que a pessoa viva... mas há sentindo quando vemos que a vida nos encaminha diretamente para o fim dela. A ironia só aumenta quando esse medo me fez desenvolver a síndrome do pânico, síndrome que me causa a sensação de estar morrendo. Então, a qualquer momento e sem aviso prévio ou motivo especifico, meu corpo faz com que eu tenha crises onde os sintomas trazem a sensação de uma morte dolorida e agonizante.
Um ano atrás, deixei de ser a garota divertida, popular, destemida para assumir o papel de uma que mantém um único ritmo de vida constituído por casa, universidade, cafeteria e um grupo de apoio com outras pessoas com a mesma síndrome que eu. Por mais que eu tenha uma vida social, ela não chega até as festas ou coisas do tipo, não depois daquela noite. Graças a síndrome, meu médico psiquiatra me deu três opções, procurar um psicólogo, tomar antidepressivos que me ajudariam a controlar os sintomas ou fazer os dois ao mesmo tempo. E aqui estou eu sentada no sofá me recuperando de mais uma crise, enquanto observo minha mãe falar ao telefone. Meu eu do passado me julgaria por continuar na casa dos meus pais ao invés de estar aproveitando a vida sem regras no campus. Mas se tenho medo de morrer, então ficar em casa é melhor do que viver em volta de jovens-adultos com a libido nas alturas, sedentos por aventuras acadêmicas e suas loucuras. De qualquer modo, no momento em que coloquei os pés dentro da primeira sala de aula, percebi o quanto teria que me esforçar para manter minhas notas e o quanto era ridículo deixar de estudar para estar bêbada em uma fraternidade. Talvez minha falta de interesse seja por causa da minha adolescência, vivenciei esse estilo de vida por anos e, bom, as conseqüências que tive me destruíram. Mas não importa quais sejam as verdadeiras razões, o que realmente importa é que aqui, dentro dessa casa, estou segura e, de alguma maneira, perto de Michael.
— Meredith Rose Prior. 18 anos. — Ouço minha mãe passar meus dados para a outra pessoa do outro lado da linha, enquanto coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha. Não me atento ao que ela esteja falando, mas tenho certeza que deve ser a secretaria do velho psicólogo que tentaria me ajudar a superar o trauma que me trouxe a esse estado deplorável. Cruzo as pernas e me afundo ainda mais no sofá, tentando ao máximo prestar atenção na televisão que passava um filme de comédia, no entanto minha atenção se fixa em minha mãe. Ela se senta no sofá a minha frente com uma agenda e caneta em mãos e anota alguma coisa afirmando diversas vezes com um simples "aham" enquanto passa a caneta pelo papel. — Tudo bem. Obrigada — É tudo o que ela diz antes de desligar o telefone residencial e olhar para mim com um sorriso animado. — Consegui uma consulta para a senhorita amanhã. — Levanto as sobrancelhas não demonstrando tanto entusiasmo quanto ela, até porque, eu que terei que falar sobre coisas que não quero com um velho que não dá a mínima e não ela.
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Panic Syndrome
Fanfic❝ A história de uma garota diagnosticada com a síndrome do pânico que recorre a um psicologo para ajudá-la.❞ Copyright © 2016 All Rights Reserved StealStyles_